50 anos de burnout: o impacto do esgotamento mental entre empreendedores

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Há cinquenta anos, o mundo passou a conhecer a ideia da palavra burnout, quando o médico psiquiatra Herbert J. Freudenberger o descreveu pela primeira vez em seu artigo Staff Burn-Out, no Journal of Social Issues, em 1974. Em 2024, o mundo já não é mais o mesmo dos anos 70, especialmente quando se trata da relação das pessoas com o trabalho. Insatisfeitos com suas atividades laborais, muitos profissionais decidem mudar de carreira e optam pelo empreendedorismo. Neste novo campo, precisam jogar com tantas responsabilidades que acabam tendo o temido esgotamento mental, descrito há meio século, mas ainda tão atual.

O termo, que significa literalmente “queimar-se por completo”, foi empregado pelo médico para ilustrar as consequências do estresse extremo gerado por atividades profissionais realizadas sob alta pressão e por períodos prolongados. A Síndrome de Burnout é uma condição de exaustão extrema, tanto física quanto emocional, causada por estresse crônico no trabalho e ocorre no médio e longo prazo.

Segundo a psicóloga de carreira, Fabiana Abath, o burnout pode ocorrer para os empreendedores quando a pressão constante para gerenciar múltiplas responsabilidades e a sensação de que o sucesso do negócio depende exclusivamente de suas ações se tornam esmagadoras. “Frequentemente, o empreendedor se vê preso em um ciclo de trabalho incessante, no qual o autocuidado é negligenciado e a linha entre vida pessoal e profissional se dissolve”, comenta.

De acordo com ela, os sinais de alerta incluem exaustão persistente que não melhora com descanso, perda de motivação para tarefas que antes eram gratificantes, dificuldade em tomar decisões e distanciamento emocional do trabalho. Além disso, sintomas físicos como dores de cabeça, problemas gastrointestinais e insônia podem surgir. “É fundamental que empreendedores fiquem atentos a esses sinais, já que o burnout pode se instalar de forma silenciosa. Buscar ajuda profissional e criar uma rede de apoio são passos essenciais para restaurar o equilíbrio e evitar consequências mais graves”, orienta ela.

É sabido que empreendedores fazem de tudo um pouco em seus negócios, desde a parte técnica até a vendas. Muitos deles possuem uma mentalidade de “super-herói, que é basicamente quando o profissional acredita que deve trabalhar incessantemente para conquistar seu lugar ao sol. Porém, é exatamente essa crença que pode desencadear problemas psicológicos ao levar o indivíduo a ignorar os próprios limites quando tenta manter o sucesso nos negócios baseados na sua própria exaustão.

“A constante sobrecarga pode desencadear ansiedade, depressão e até mesmo afetar relacionamentos pessoais, uma vez que o trabalho acaba ocupando todo o espaço da vida do empreendedor. A longo prazo, isso pode prejudicar a paixão pelo próprio negócio, criando uma sensação de frustração e de fracasso pessoal, independentemente dos resultados alcançados. Reconhecer que o sucesso sustentável vem do equilíbrio — e não do quanto a agenda está ocupada — é essencial para preservar a saúde mental e garantir uma jornada profissional mais saudável e satisfatória”, comenta a psicóloga.

Para empreendedores, reconhecer os próprios limites e prevenir o burnout exige a adoção de práticas que promovem o equilíbrio entre o trabalho e o autocuidado, tais como, fazer exercício físico regularmente, se dedicar a projetos que não estejam relacionados a trabalho, ter um hobby e dedicar tempo de qualidade com família e amigos, de acordo com a psicóloga da carreira.

Uma outra orientação de Fabiana Abath é investir em autoconhecimento através da psicoterapia. “Este é o caminho seguro para identificar os sinais de desequilíbrio na relação com o trabalho e criar estratégias para retomar a qualidade de vida perdida. Neste cenário, a organização do tempo também é fundamental, assim como delegar tarefas (sempre que possível) entendendo que não é necessário estar no controle de todas as áreas do negócio. Assim, o empreendedor poderá reduzir a sobrecarga e manter o foco no que realmente importa”, destaca.

Psicóloga de carreira, Fabiana Abath
Crédito: Divulgação

 

Por Tayão Comunicação
Coluna Kug em Foco

Redação
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