A BOA E A MÁ NOTÍCIA QUE AS INVESTIGAÇÕES DA PF RESERVAM PARA MICHELLE BOLSONARO

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Michele é investigada em diferentes inquéritos policiais.

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro durante evento do PL em março de 2023 — Foto: Cristiano Mariz/O Globo.

Não há dúvidas na Polícia Federal do DF de que o relatório final do inquérito das joias, que será apresentado ao Supremo Tribunal Federal até o final de junho, vai recomendar o indiciamento de Jair Bolsonaro. Mesmo assim, a conclusão do caso reserva uma boa notícia ao ex-presidente.

De acordo com fontes da PF, a investigação já coletou evidências suficientes para indiciar Bolsonaro. Como antecipou a colunista Bela Megale, o inquérito vai trazer provas de que o ex-presidente tinha conhecimento e avalizou a venda de parte dos itens no exterior.

Mas policiais federais envolvidos no caso admitem que não há elementos para responsabilizar a ex-primeira-dama Michele.

Embora uma servidora do Gabinete Adjunto de Documentação Histórica da Presidência tenha declarado à PF que Michelle recebeu pessoalmente e em mãos um dos kits de joias enviados pelo governo da Arábia Saudita, os investigadores até agora não reuniram provas de que a ex-primeira-dama sabia, autorizou ou foi conivente com a operação ilegal.

Dois kits de joias e relógios recebidos como presente do governo saudita, foram trazidos para o Brasil no final de 2021 pelo então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, e auxiliares.

Um deles foi retido pela Receita Federal no Aeroporto Internacional de Guarulhos. O outro passou despercebido pelas autoridades, não foi registrado no patrimônio da Presidência da República e foi mantido em um cofre do Ministro das Minas e Energia até novembro de 2022, pouco mais de um ano desde a chegada ao Brasil e um mês após a derrota de Bolsonaro para Lula. 

Foram essas as joias entregues em mãos para Michele. O conjunto dispunha de um relógio da grife suíça Chopard, uma caneta, um par de abotoaduras e um masbaha – um tipo de rosário islâmico.

Um terceiro kit foi entregue em mãos a Bolsonaro em 2019 durante outra viagem à Arábia Saudita. Neste caso, as joias foram guardadas em um galpão pertencente ao ex-piloto de Fórmula 1 Nelson Piquet em Brasília e levadas por Bolsonaro ao deixar o país às vésperas da posse de Lula rumo aos Estados Unidos. 

Entre os itens do conjunto estava o Rolex cravejado em diamantes vendido nos EUA pelo ex-ajudante de ordens Mauro Cid e recomprado pelo advogado Frederick Wassef. 

NA MIRA DA PF

O fato de Michelle não ser indiciada nesse inquérito das joias, porém, não quer dizer que ela não tenha razões para se preocupar. A ex-primeira-dama ainda é alvo de outra investigação, que apura o uso irregular do cartão corporativo da Presidência da República, e no material há extratos e outros documentos que podem complicar a vida dela.

Essa apuração, porém, não deve ser concluída tão cedo. Ela não está na lista de prioridades da PF, que logo depois do caso das joias vai finalizar o da trama golpista. Pelo que dizem os investigadores, este último inquérito, que deve ser concluído em julho, também deve trazer bastante problema para o ex-presidente.

Por Malu Gaspar — Brasília

Redação
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