Desejamos a vocês muita saúde e paz, e que o Sol brilhe para todos em 2024
A passagem do ano – um artifício cronológico da invenção humana – não deveria nos levar só aos presentes e cartões que chegaram no Natal e que acabaram se transformando em obrigações estereotipadas. Este é um bom momento para os balanços, ainda que precários, do tempo passado, e para as interrogações, ainda que precárias, acerca do futuro. É um bom momento também para pensarmos em questões relevantes.Como não temos afinidades com a transcendência, a questão que nos vem à mente é bem terrena e, como tudo que é terreno, não tem uma resposta milagrosa. Descartadas as utopias revolucionárias, que produziram tantos males nesses últimos anos, estamos diante de um desafio no Brasil e em todo o mundo: o de encontrar caminhos para eliminar a pobreza absoluta, eliminar o desespero das guerras, ampliar o acesso de todos aos bens materiais e culturais, reduzir as desigualdades sociais, incorporar à cidadania os desempregados, ou os jovens que nunca tiveram a perspectiva de um emprego. Diante desse desafio, é forçoso constatar que a retórica superou em muito, até aqui, na nossa linda Costa Esmeralda, a eficácia de nossas ações.
Se o problema é global, ele ganha contornos específicos em cada país. Por exemplo, embora a taxa de desemprego seja maior na Espanha do que no Brasil, o caso brasileiro ainda é muito mais grave, levando-se em conta a rede de proteção existente em um caso e a quase desproteção no outro – mercê os descontroles dos últimos governos brasileiros que não se preocuparam como deviam para mitigar esses detalhes tão importantes. Não custa recordar também que o Brasil viveu, em anos ainda recentes, um longo período de inflação, uma pandemia etc. As consequências sociais desses fatos tornaram-se transparentes quando o descontrole inflacionário revelou seus efeitos perversos na distribuição de uma renda já em si própria, tradicionalmente iníqua.
Daí a necessidade de termos cuidados com soluções simplistas que, buscando reduzir os impactos da crise, poderiam trazer de volta velhos problemas. Por outras palavras, em um país nas condições do nosso, há boas razões para se ter prudência na engenharia do equilíbrio entre a estabilidade e o crescimento econômico. Isso não significa ignorar que sem crescimento – e crescimento expressivo – estaremos condenados ao agravamento do quadro social. Em que pese todo o esforço do governo atual para recuperar não apenas a credibilidade internacional, mas, principalmente, a credibilidade do próprio povo brasileiro.
Crescer é não só um imperativo de justiça como também um requisito básico para a ampliação da cidadania. A propósito, uma frase insólita de John Kenneth Galbraith: “Nada estabelece limites tão rígidos à liberdade de um cidadão quanto a absoluta falta de dinheiro”.
Comparada com os sonhos de uma ordem igualitária, imposta a ferro e fogo, essa afirmação parece modesta e de um pragmatismo excessivo. Na verdade, ela envolve todo um programa de reforma social, cujos caminhos nem sempre são claros, pressupondo, em qualquer situação, a ação consequente dos homens – especialmente dos homens que compõem o Congresso Nacional – que por motivos óbvios se comportam de forma não tão clara.
Voltando ao momento da passagem do ano, ocorre-nos lembrar também um verso de Carlos Drummond de Andrade, belo e verdadeiro, embora os versos não necessitem ser verdadeiros para ser belos: “O último dia do ano não é o último dia dos tempos. Tentemos, pois, fugir o quanto possível dos atropelos, buscando tomar maior consciência do mundo, a partir de nós mesmos”. Grande verdade!
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E em 2024, continuaremos com muita disposição para produzir material informativo que irá fortalecer não apenas o conhecimento, mas a pré-disposição das pessoas pela verdade… sempre!
Uma feliz passagem de ano e um 2024 transformador para todos vocês!
Folha do Estado de Santa Catarina!