Prontos para voltar aos palcos, Miguel Falabella e Alessandra Maestrini irão estrear o musical ‘O Som e a Sílaba’ nesta sexta-feira (6) após meses com teatros fechados por conta da pandemia de Covid-19. Apesar da ansiedade para o retorno, os artistas não pouparam críticas ao governo de Jair Bolsonaro (sem partido).
Em junho, Bolsonaro assinou um decreto regulamentando a Lei Rouanet. O objetivo, segundo o presidente, “é uma gestão eficiente com controle de prestação de contas” do programa de apoio à cultura. Para Miguel Falabella, não há política efetiva na cultura.
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“Não existe. É uma catástrofe. Simplesmente não há”, disse. Eles nunca esconderam o que eram. Acho que para eles a cultura não tem a menor importância. É um grande problema do Brasil. A educação também nunca teve importância. E de uns anos para cá a coisa vem descendo a ladeira. Não podemos colher bons frutos. Um país que não é educado, o que pode oferecer aos seus cidadãos e ao mundo? É um desastre”, criticou.
Para Alessandra Maestrini, o governo está “puxando o tapete”. “Está difícil de fazer arte porque todos os dias temos que debelar. Todo dia temos que nos defender. Todo dia estão puxando nosso tapete. O governo trata a gente como inimigo. O artista é pintado como um chupim da sociedade. Somos remetidos ao nazismo, jogados num gueto”, afirma ela.
“Disseram que não somos essenciais, temos que pagar mais impostos e não ter incentivo fiscal. É colocado para o público leigo como se a classe artística fosse a única que não recebesse incentivo fiscal. O nosso incentivo fiscal está na lanterna dos incentivos fiscais do país”, disse Maestrini.
Para ela, o governo Bolsonaro quer ser “a única voz. Tem que acreditar só nele. Uma pessoa que mente diariamente. Não dá para entender como essa pessoa ainda está na presidência da República”.
“Nossa maior preocupação e maior ocupação é se defender de alguém que nos trata como inimigo e que tem conseguido até agora bastante coisa para nos paralisar e nos derrubar. Mas não vai conseguir porque a arte é eterna. A memória existe na cabeça das pessoas. Eles passarão? E nós passarinho”, disse.