ARTIGO: AINDA O CONTESTADO… O SANGUE TINGIU O SERTÃO

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Sangue derramado pelos caboclos mancha o sertão

 Por L. Pimentel

Seguindo com nossas narrativas de fim de semana sobre o Contestado, vamos falar hoje de um detalhe muito interessante, o Sangue derramado pelos caboclos.

Foram necessárias 13 expedições militares para derrotar os fanáticos. O primeiro combate entre pelados e peludos ocorreu no Irani, em outubro de 1912, quando as forças do Regimento de Segurança do Paraná, comandadas pelo coronel João Gualberto tentaram prender ou expulsar das terras paranaenses os fanáticos liderados pelo monge José Maria. Os pelados, em número bem maior, venceram. Morreram, o coronel e o profeta, fato que acendeu o estopim da Guerra do Contestado.

Até outubro de 1913, os caboclos ficaram quietos, mas uma grande concentração no reduto de Taquaruçú, cidade santa e local da ressurreição do monge, levou o governo federal a enviar uma tropa para lá. Mais uma vitória dos pelados, que se julgaram ajudados pelo “exército encantado”.

No começo de 1914 ocorreu novo ataque em Taquaruçu. Os caboclos já haviam mudado a cidade santa para Caraguatá, sob o comando da virgem Maria Rosa. Desse reduto, em pequenos grupamentos, os fanáticos passaram a atacar fazendas, estações de trem e cidades ao longo da ferrovia. Curitibanos, localizada mais para a serra, foi ocupada e parcialmente incendiada. Como guerrilheiros, eles atacaram os militares dentro das matas e montaram uma rede de espionagem (o espião era chamado: Bombeiro) para entrar nos acampamentos das tropas e nas fazendas.

Mais adiante, Caraguatá foi praticamente destruída por uma epidemia de tifo. Os sobreviventes se espalharam por vários redutos menores: Pedra Branca, São Pedro, Santo Antônio, Santa Maria, Caçador Grande, Tamanduá e Perdizes. Caraguatá e Santo Antônio foram alvos das tropas federais sem grande sucesso.

O terror então tomou conta da região com saques cada vez mais intensos. Os rebeldes incendiaram a Serraria Lumber, em Calmon, destruíram a localidade de São João e a estação ferroviária de Nova Galícia, e atacaram um trem que levava um efetivo militar, matando o comandante, Matos Costa. Eles também ocuparam Canoinhas, Papanduva e Itaiópolis.

Mas, a situação começou a mudar quando, em setembro de 1914, chegou ao Contestado o general Setembrino de Carvalho, nomeado comandante da 11ª Região Militar, em Curitiba.

Ele resolveu estabelecer um cerco em torno de todos os redutos e organizou quatro colunas que foram avançando. Houve lutas diariamente. Santa Maria, poderoso e populoso reduto chefiado por Adeodato Ramos (o último e cruel comandante dos pelados) passou a ser um inferno, pois a fome e as epidemias matavam diariamente os fanáticos e os jagunços, esses últimos que já haviam assumido o controle do movimento. Santa Maria foi incendiada e o general Setembrino deu a missão por encerrada. Adeodato, que matou e mandou matar alguns dos próprios companheiros, fundou novos redutos, mas eles foram sendo destruídos um a um. O último, a cidade de São Pedro, caiu no final de 1915.

No início de 1916 uma operação “limpeza” foi realizada, quando jagunços e fanáticos foram presos ou mortos (os corpos eram queimados) principalmente pelos vaqueanos. Os pelados perderam a guerra depois de terem enfrentado 13 expedições militares. Adeodato foi preso em agosto de 1916 e condenado á 30 anos. Acabou sendo morto em 1923 durante uma tentativa de fuga do presídio de Florianópolis.

CURIOSIDADE

O cineasta Sílvio Back escreveu e dirigiu, em 1971, o filme “A Guerra dos Pelados”, que fixa a ação em torno do reduto messiânico de Taquaruçu. O roteiro de sua autoria e do jornalista Oscar Milton Volpini foi vivido pelos atores Stênio Garcia, Átila Iório, Jofre Soares, Maurício Távaro e a francesa Dorothée-Marie Bouvier. O filme foi rodado entre as cidades de Porto União e Caçador – no centro-norte e meio oeste catarinense.

L. Pimentel – Jornalista

 

 

 

 

 

 

Redação
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Portal do notícias Folha do Estado especializado em jornalismo investigativo e de denúncias, há 20 anos, ajudando a escrever a história dos catarinenses.
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