Quem não tem pecado, que atire a primeira pedra
Vivemos tempos em que muitos falsos profetas têm pregado um Jesus armado com pistolas, fuzis e bombas – não o Cristo dos Evangelhos, mas um símbolo ideológico, moldado à imagem de um poder terreno, de interesses mesquinhos e de paixões políticas. Em nome de uma paz egocêntrica e de uma família que exclui, pregam a entrega da soberania nacional a projetos de exploração – econômica, espiritual e social – travestidos de moralidade.
Que Jesus é esse que proclamam em nome de “Deus, família e pátria”? Certamente não é o Jesus que disse:
“Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem” (Mateus 5:44),
“Guarda tua espada, Pedro” (João 18:11),
“Quem não tem pecado, atire a primeira pedra” (João 8:7).
O mesmo Jesus que multiplicou os pães e peixes para alimentar cinco mil pessoas é hoje usado por muitos como símbolo de um sistema que retira o pão da mesa dos pobres para enriquecer os que já têm demais.
E quando falam em “pátria”, de que nação falam? Daquela que entrega suas riquezas ao capital externo? Da que desampara os mais vulneráveis e cala diante da desigualdade? Da pátria onde se troca a espada da justiça pela metralhadora da vingança?
O APÓSTOLO PAULO ADVERTIU:
“Ainda que eu tenha toda a fé para mover montanhas, se não tiver amor, nada serei” (1 Coríntios 13:2).
Não é amor o que move esse discurso. É a manipulação. É o medo. É a idolatria do poder.
A SOBERANIA DO POVO: UM FUNDAMENTO TRAÍDO
O artigo 1º da Constituição Federal de 1988 declara que “todo o poder emana do povo”. Se a soberania popular é relativizada por pregações que colocam a vontade de “ungidos” acima da lei, o poder se torna ilegítimo. Uma fé que nega o valor da Constituição e desfigura o espírito de justiça, torna-se cúmplice da opressão.
A Lei Magnitsky – criada nos Estados Unidos para punir abusos de direitos humanos – foi instrumentalizada por interesses partidários ao incluir autoridades brasileiras em suas sanções. Isso representa não só uma ingerência externa, mas uma ameaça à nossa soberania jurídica e democrática.
QUE ESPÍRITO É ESSE?
“Se você é crente, não te esqueças que crente também é o diabo. Busque conhecimento espiritual para discernir o espírito da destruição que sobrevoava a nação, de casa em casa, testando o conhecimento e a ignorância” – José Santana
É hora de falar, como ensina Provérbios 31:8-9:
“Abre a tua boca a favor do mudo, pelo direito de todos os que se acham desamparados… julga retamente e faze justiça aos pobres e aos necessitados.”
CAMINHOS PARA RESISTIR À MANIPULAÇÃO E RESTAURAR A VERDADE
Se a fé deve libertar, ela também deve educar. Por isso, urge cultivar:
- Discernimento espiritual: para não confundir líderes carismáticos com vocacionados por Deus;
- Educação cívico-bíblica: promovendo o estudo da Constituição ao lado das Escrituras;
- Resistência democrática: rejeitando todo projeto autoritário travestido de fé;
- Solidariedade ativa: pois o Reino de Deus começa pelos últimos da fila;
- Participação cidadã: acompanhando, fiscalizando e votando com consciência;
- Verdade na comunicação: combatendo a mentira com jornalismo ético e fé lúcida.
A cruz de Cristo não é palanque de poder; é altar de justiça. Que nosso compromisso seja com o Evangelho da vida – e com uma República onde a soberania realmente emane do povo.
REFERÊNCIA LEGAL:
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal, 1988.
BÍBLIA. Tradução Almeida Revista e Atualizada.
Da Redação | Especial Folha do Estado
Por José Santana – jornalista, especialista em Direito Constitucional
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Da Redação – Especial Folha do Estado
Texto: José Santana – jornalista, especialista em Direito Constitucional









