FENÔMENO FOI DESCOBERTO DE FORMA ACIDENTAL
Foto: Mark A. Garlick – da Sheffield University
Divulgação: France Press/G1
Astrônomos anunciaram nesta sexta-feira (12) que identificaram a “maior explosão” cósmica já observada, uma bola de energia equivalente a 100 vezes o tamanho do nosso Sistema Solar.
Os cientistas acreditam que têm a explicação mais provável para o fenômeno, mas destacaram que mais pesquisas são necessárias para compreendê-lo de fato.
Apesar disso, a explosão, catalogada como AT2021lwx, não foi a mais luminosa já observada. Este recorde pertence a uma explosão de raios gama (a explosão eletromagnética de uma supernova) batizado como GRB221009A, detectado em outubro de 2022 e que foi definido como “o mais luminoso de todos os tempos”.
A nova explosão AT2021lwx aconteceu, de fato, há três anos. A revista Monthly Notices da Royal Astronomical Society britânica a descreve como a maior porque neste período de tempo liberou muito mais energia que uma explosão de raios gama. “Foi uma descoberta acidental”, disse à AFP o principal autor do estudo, Philip Wiseman, astrofísico da universidade britânica de Southampton.
A explosão havia sido detectada em 2020, de forma automática, pelo observatório americano Zwicky Transient Facility da Califórnia. Mas o fenômeno “ficou armazenado no banco de dados” do observatório, segundo Wiseman, antes que os cientistas o estudassem a fundo, um ano depois. “Foi a observação direta do fenômeno que revelou sua real dimensão. A análise da luz recebida nos permitiu calcular que demorou 8 bilhões de anos para chegar ao telescópio”.
UM VERDADEIRO ENÍGMA
Os astrônomos ainda debatem a causa do fenômeno. Poderia tratar-se de uma supernova, a explosão de uma estrela massiva no final de seu ciclo. Mas, neste novo fenômeno, a luminosidade é dez vezes maior. Outra possibilidade é que tenha acontecido uma ruptura provocada pelo que é conhecido como efeito de maré, em que uma estrela é dilacerada pela força de atração de um buraco negro do qual ela se aproximou demais.
TELESCÓPIOS
A explosão, na realidade, só pode ser comparada com os a quasares, galáxias que possuem em seu interior um buraco negro supermassivo que emite uma quantidade fenomenal de luz e energia. Mas a luz dos quasares é intermitente, enquanto no AT2021lwx o feixe se aumentou bruscamente há três anos. “Nunca havíamos visto algo parecido (…). Surgiu não sabemos de onde”, afirma Wiseman.
A equipe do astrofísico apresentou uma primeira teoria: uma nuvem gigantesca de gás com tamanho equivalente ao de 5.000 sóis está sendo devorada por um buraco negro supermassivo. Mas a equipe ainda está trabalhando para demonstrar se a teoria é “totalmente plausível”.
O problema é que os cientistas supõem que os buracos negros supermassivos são localizados no centro de uma galáxia. E, além disso, o fenômeno AT2021lwx tem um tamanho equivalente ao da Via Láctea. Mas ao redor não há nenhuma galáxia. “É um verdadeiro enigma”, constata Philip Wiseman. Ele diz que no momento resta seguir observando o céu e analisando as bases de dados, para tentar detectar algum fenômeno parecido.