BALNEÁRIO CAMBORIÚ: COM INCENTIVO DO MPSC, UNIAVAN LEVA PROJETO DE EXTENSÃO A COMUNIDADE TERAPÊUTICA

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Instituição atende convite da Promotoria

 A instituição atendeu a um convite da 6ª Promotoria de Justiça da Comarca de Balneário Camboriú e os acadêmicos de sete cursos da universidade colocaram a teoria na prática com os acolhidos da Comunidade Terapêutica Viver Livre. Durante o segundo semestre de 2023, foram aplicadas práticas integrativas de saúde, orientações jurídicas, nutricionais, psicológicas e de enfermagem, além do cuidado estético aos 65 homens e 22 mulheres que vivem na comunidade.

“Isso é sempre um conhecimento a mais, que contribui para que as pessoas possam melhorar. Eu aproveitei muito a parte de nutrição, psicologia e educação física. Voltei a realizar muitas coisas que fazia antes e tinha deixado devido à dependência química. Tudo aquilo que contribui para a melhoria da nossa saúde é sempre bem-vindo”.

Esse é o depoimento de um dos acolhidos na Comunidade Terapêutica Viver Livre, em Balneário Camboriú. Ele e os colegas participaram do projeto de extensão “Viver Livre e Viver Uniavan”, em que acadêmicos e professores de sete cursos desenvolveram atividades na entidade de acolhimento. A iniciativa partiu da 6ª Promotoria de Justiça da Comarca de Balneário Camboriú, que fez o pedido, por meio de um procedimento administrativo, à universidade e a outras instituições de ensino superior para aplicarem projetos de extensão, levando conhecimento para quem está em tratamento contra dependência química e alcoolismo. A Uniavan abraçou a ideia e, no segundo semestre de 2023, acadêmicos e professores puderam colocar a teoria na prática, em benefício dos internos da comunidade terapêutica.

Depois da visita técnica à comunidade e do relato das pessoas, a 6ª Promotoria de Justiça de Balneário Camboriú viu a necessidade de integrar os acolhidos à sociedade, gerar oportunidades para o retorno deles ao mercado de trabalho, estimulá-los a continuar as terapias e o convívio após o tratamento, além de ajudá-los com cursos profissionalizantes.

Em busca de uma mudança de vida no tratamento para se livrar do vício do álcool e das drogas, os acolhidos da instituição sanaram dúvidas sobre assuntos que impactam o dia a dia como internos e na convivência em sociedade. O projeto multidisciplinar foi realizado uma vez por semana, sempre aos sábados, e seguiu um cronograma de atividades especiais. Envolveu acadêmicos dos cursos de Biomedicina, Direito, Psicologia, Enfermagem, Nutrição, Fisioterapia e Educação Física.

“Essa demanda foi trazida pelo Ministério Público, por meio da 6ª Promotoria de Justiça de Balneário Camboriú, para a comunidade acadêmica. Nossos alunos tiveram a chance de perceber a realidade em volta e como é possível contribuir. Implementamos o projeto no currículo da extensão universitária e conseguimos fazer com que nossos acadêmicos aplicassem os conhecimentos na Comunidade Terapêutica Viver Livre. O conhecimento não pode ficar dentro da universidade. Precisamos passar para a sociedade, e o Ministério Público nos trouxe uma oportunidade muito boa de fazer isso com essa comunidade”, afirmou Michelle Benedetti Teixeira, gerente de Extensão e Responsabilidade Social da Uniavan.

Estudante do segundo semestre do curso de Educação Física, Jonatan Alexandre foi um dos alunos que participaram das oficinas oferecidas na Comunidade Viver Livre. “Eu acho interessante essa forma de inclusão, essa troca de experiência que vivenciamos, e saber que estamos fazendo parte de tudo isso como comunidade acadêmica”, disse.

A dinâmica foi desenvolvida em rodas de conversa ou em atendimento individual durante visitas à comunidade terapêutica. Acadêmicos de Direito, auxiliados por professores, esclareceram assuntos como prisão por falta de pagamento de pensão alimentícia e até benefícios previdenciários. Na promoção à saúde, alunos e professores dos cursos de Biomedicina e Enfermagem abordaram com os internos na instituição o tema de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). Já a turma de Fisioterapia desenvolveu exercícios de alongamento muscular, mobilização articular e respiração.

O refeitório da comunidade terapêutica se tornou um grande laboratório. Alunos de Nutrição levaram a temática dos dez passos da alimentação saudável, além de uma oficina culinária. Exercícios físicos com o curso de Educação Física e atividades sobre saúde mental com o curso de Psicologia também fizeram parte do cronograma.

Fabíola Ruschel é monitora e interna da ala feminina da comunidade. Para ela, o projeto significou uma inovação para os acolhidos. “Todas as atividades me chamaram a atenção e destaco o grupo da Fisioterapia, que ensina para que podemos ser felizes novamente, praticando exercícios. Foram conteúdos interessantes. Aprendemos bastante a lidar com as fases da recuperação e sentimos que levamos também bastante conteúdo aos acadêmicos. Além disso, houve um carinho especial com as internas, e no Natal as alunas preparam uma bolsinha para cada uma de nós com um sabonete, uma lixa de unha e um par de brincos. Nós nos sentimos muito felizes com a atitude”, destacou.

As atividades do projeto de extensão na comunidade terapêutica agregaram aprendizados para os internos e os acadêmicos, como relata Fabíola, e expectativas entre os acolhidos. “Eu aproveitei esse tempo durante as atividades para refletir, para ter mais conhecimento sobre as condições físicas, alimentares, sobre o que vou fazer quando estiver com a minha família. Esse projeto significou para mim que nós ainda temos lugar para ir, para recomeçar”, reforçou outro acolhido.

Ex-acolhido da instituição, Marcos Domainski coordena a comunidade terapêutica há 21 anos e compartilha experiências com os internos. Ele avalia o trabalho da equipe da Uniavan como mais uma contribuição para o programa terapêutico da entidade. “Somos gratos à 6ª Promotoria de Justiça pela iniciativa de fazer com que o projeto da Uniavan chegasse até a comunidade. Isso contribuiu muito para o dia a dia dos acolhidos. A participação não foi obrigatória, mas todos aderiram e até hoje praticam o que aprenderam com os alunos e professores. Eles adquirindo conhecimento aqui dentro contribui para que lá fora possam se manter livres do álcool e das drogas e reconstruir a vida em família e na comunidade. Nós estamos fechando uma parceria para que este ano o projeto possa continuar a beneficiar nossos acolhidos”, disse.

Conheça a comunidade

A Comunidade Terapêutica Viver Livre é uma instituição sem fins lucrativos implantada em 2021 numa área rodeada pela Mata Atlântica, próximo a BR-101, em Balneário Camboriú. Os acolhidos são encaminhados por meio do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) do município para tratamento de dependência química e alcoolismo. A maioria dos acolhidos são pessoas em situação de rua. A população é flutuante e no momento há 87 internos em tratamento.   

A comunidade é dividida entre as alas feminina e masculina. São 14 quartos para atender o público masculino e oito quartos para o feminino. Cada alojamento tem banheiro e capacidade para seis pessoas. As atividades laborais são o principal foco do tratamento, que dura em média nove meses. Entre o quinto e o sexto mês de terapia, os internos começam a fazer a ressocialização, saindo da instituição por uma semana e, na sequência, aos fins de semana.

Com o término do tratamento e não tendo para onde ir, há alojamento disponível na instituição até que o ex-interno possa reconstruir a convivência em sociedade, conseguir um trabalho, alugar uma casa e, muitas vezes, voltar ao convívio familiar.

A instituição é mantida com repasse de recursos do Município de Balneário Camboriú, estipulado por um convênio. Também recebe apoio do comércio local, como de uma rede de supermercados, que oferece produtos de limpeza, frutas e verduras.

O MPSC, por meio da 6ª Promotoria de Justiça de Balneário Camboriú, acompanha o trabalho da comunidade terapêutica e direciona benefícios de penas alternativas, como cestas básicas, e de acordos judiciais, que proporcionaram, por exemplo, a reforma da lavanderia e a aquisição de uma geladeira para a cozinha do refeitório.

 

Redação
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Portal do notícias Folha do Estado especializado em jornalismo investigativo e de denúncias, há 20 anos, ajudando a escrever a história dos catarinenses.
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