CASO ABIN: RASTREAMENTO ILEGAL DE CELULARES INCLUIU USO ELEITORAL E CERCO AO STF

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PF FEZ BUSCAS E PRENDEU DOIS SUSPEITOS NESTA SEXTA

Caso Abin: rastreamento ilegal de celulares incluiu uso eleitoral e ‘cerco ao STF’, dizem investigadores. PF fez buscas e prendeu dois suspeitos nesta sexta; STF mandou afastar diretores. Em março, O Globo revelou uso de sistema para monitorar até 10 mil celulares sem aval da Justiça. Dólares apreendidos em casa de um dos alvos da Operação Última Milha para investigar o uso indevido de sistema de geolocalização de dispositivos móveis sem a devida autorização judicial por servidores da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) — Foto: Divulgação/Polícia Federal
O esquema de rastreamento ilegal de celulares pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin), alvo da operação deflagrada pela Polícia Federal nesta sexta-feira (20), inclui um uso “sistemático” da ferramenta durante o período eleitoral e um “cerco ao STF”. As informações foram passadas à TV Globo por investigadores ligados ao caso.

Segundo um desses interlocutores, durante meses, a espionagem eletrônica rastreou “centenas de celulares” de quem frequentava o STF. Além dos servidores do tribunal, foram monitorados advogados, policiais, jornalistas e os próprios ministros. A investigação identificou 33 mil acessos da localização telefônica dos mais diversos alvos. Em nota após a operação, a Abin informou que instaurou um procedimento para apurar a questão, que todas as solicitações da PF e do STF foram atendidas integralmente, e que colaborou com as investigações desde o início.

ACESSOS APAGADOS DE COMPUTADORES

Para não deixar vestígios, a “gangue Abin de rastreamento” – como vem sendo chamado o grupo pelos investigadores – apagou dos computadores a grande maioria dos acessos. Até o momento, a Polícia Federal conseguiu levantar apenas cerca de 1,8 mil dos 33 mil acessos ilegais. A lista inclui um homônimo do ministro do STF Alexandre de Moraes – o que, segundo os investigadores, reforça a desconfiança de que o ministro tenha sido alvo do esquema ilegal.

SEM INDÍCIOS DE MENSAGENS

O sistema First Mile usado pela Abin permite saber apenas a localização dos celulares, e não o conteúdo no aparelho ou as mensagens enviadas. Os investigadores tentam descobrir, no entanto, se outros sistemas sofisticados podem ter sido usados em conjunto para acessar esses conteúdos. Até o momento, não há indícios de que o grupo tenha, de fato, acessado trocas de mensagens ou qualquer material nos celulares monitorados. A desconfiança é grande, no entanto, em razão da articulação do esquema criminoso identificado até aqui.

Por César Tralli, TV Globo — Brasília

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