Visão Mundial distribui 204 ton de alimentos e 2,7 mi em créditos de cartão alimentação
Preocupação com o que comer, falta de alimentos ou recursos financeiros, deixar de fazer alguma refeição ou passar um ou mais dias sem comida são sinais de insegurança alimentar moderada ou grave. Um problema triste que afeta mais da metade dos lares brasileiros e se tornou mais comum depois da pandemia do coronavírus.
Esse cenário foi apresentado no “Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no contexto da pandemia da Covid-19 no Brasil”, divulgado pela Rede Penssan. A pesquisa indica que do total de 211,7 milhões de brasileiros(as), 116,8 milhões conviviam com algum grau de Insegurança Alimentar e, destes, 43,4 milhões não tinham alimentos suficientes e 19 milhões de brasileiros(as) enfrentavam a fome.
Para apoiar amazonenses que passam por essa dura realidade, a Visão Mundial desenvolve o projeto Resposta à COVID-19 no Brasil – Amazonas unido pela prevenção, que tem como uma das frentes de trabalho a segurança alimentar, com distribuição de cestas de alimentos e créditos de cartão alimentação e que beneficia 3.890 famílias em dez municípios.
De acordo com a gerente do projeto, Angela Karinne Mota, a inclusão de medidas para mitigar a insegurança alimentar foi uma necessidade marcante identificada no primeiro ano do projeto. “As famílias que vivem em áreas urbanas e rurais estavam em situação de vulnerabilidade, com renda reduzida e uma grande parte sem recursos para manter sequer a alimentação. E foi diante desse cenário, que a Visão Mundial decidiu complementar as ações de prevenção, incluindo também o apoio à assistência alimentar, tão necessária nesse momento em que o país volta ao mapa da fome”, declara.
Mais do que uma cesta básica, Visão Mundial visa a segurança alimentar
A cesta pesa 35 kg e é composta por 59 itens, devidamente pensados e levando em conta a quantidade nutricional e o consumo de calorias diária para nutrir uma família de quatro pessoas por cerca de um mês, podendo chegar até a 40 dias.
“O projeto, financiado pelo Escritório de Assistência Humanitária (BHA) da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), visa trazer segurança alimentar, não apenas entregar uma cesta”, relata a gerente do projeto. Até o fim de março deste ano, o total entregue será de 136,1 toneladas de alimentos e 1,8 milhão de reais em créditos. Outras 68 toneladas e 901 mil reais estão previstas até julho, completando três rodadas de cestas de alimentos e também de créditos no valor de R$ 463,50.
Juntamente com a distribuição de recursos, a iniciativa da ONG inclui ações educativas, com palestras e distribuição de informativos sobre nutrição, economia doméstica e orientações sobre as melhores práticas, com base na realidade alimentar regional.
Situação de vulnerabilidades generalizada
Segundo dados do Dieese, que calcula o custo de cesta básica e sua variação, para manter uma família de quatro pessoas o salário mínimo deveria ser de R$ 5.997,14, valor distante da realidade da grande maioria da população no Brasil.
A pesquisa de base, realizada no início do projeto, identificou que mais de 70% ganha menos de 1 mil reais por mês. Sendo que 45% deles vivem com menos de R$ 500 mensais. Desse público, mais de 40% já havia enfrentado situações de fome, usando como estratégias: deixar de comer para priorizar as crianças, fazer apenas uma refeição por dia ou depender de doações.
Entre os beneficiários, a composição familiar varia entre 4 e 5 pessoas em média, sendo que algumas têm mais de 10 indivíduos.
Projeto viabiliza economia e melhoria de condições de vida
Pesquisa recente de monitoramento realizada pela Visão Mundial no âmbito do projeto indica que a economia gerada pela entrega das cestas de alimento e cartões de alimentação está permitindo a melhoria das condições de vida das famílias.
Em entrevista realizada durante as ações, as pessoas indicam que estão utilizando a renda mensal que deixaram de gastar por conta do apoio da ONG para conseguir comprar mais alimentos, especialmente proteínas como: carne, frango e peixes, verduras e legumes, pagar as contas, comprar gás, materiais escolares para as crianças, roupas e até mesmo investir em itens de infraestrutura para melhoria da residência.
Maria, 66 anos, mora na cidade de Anamã, que no período da cheia fica totalmente alagada, conseguiu economizar um pouco do recurso que ganha mensalmente e com isso está podendo comprar madeira para construir a casa própria.

“Veio na hora certa, e graças a Deus ajudou muito. Da minha aposentadoria a gente paga luz, água. Na cidade, tudo a gente paga. Eu ganho R$600 por mês e às vezes falta até o gás. Esse mês consegui comprar o gás e estou mandando tirar madeira para a minha casa própria”, conta.