“O povo quer honestidade na política, mas as pessoas não sabem ser honestas consigo mesmas. E a política é um reflexo do povo”
Por L. Pimentel*
Certa vez, durante um daqueles “Encontros com os Amigos”, que anualmente ocorrem na Praça das Figueiras, em Camboriú, eu, meu amigo Molina, e o atual prefeito de BC, Fabrício Oliveira, nos encontramos e falamos sobre muita coisa, inclusive de política.
Fabrício, que era vereador, dizia que seu sonho era ser “prefeito” de Balneário Camboriú. À época ele era filiado ao PSDB, partido comandado na cidade por Leonel Pavan. Então eu lhe dei as “tintas” sobre o que tinha que fazer para que conseguisse ser candidato ao cargo máximo da cidade. “Mudar de partido”! Foi a dica que lhe dei. Enquanto estivesse no PSDB o “chefe” da sigla não deixaria que ele nem pensasse numa candidatura pelo tucanato. Não que Leonel Pavan não gostasse dele, pelo contrário, foi Pavan quem o fez candidato ao Legislativo Municipal ainda na época que Fabrício gerenciava a casa de shows Baturité.
Fabrício não engoliu muito bem a sugestão que lhe dei. No entanto, outra vez nos encontramos em um evento no Pavilhão de Festas do Rio do Meio (bairro de Camboriú). Voltei a insistir que se ele desejava mesmo ser candidato a prefeito da cidade balnear, teria que escolher outro partido para isso. Pra minha surpresa, mais adiante fiquei sabendo que ele teria optado pelo PSB (um partido de esquerda), que não era bem o que ele desejava, mas era o que se apresentava no momento como a melhor opção.
Dito e feito: Fabrício Oliveira se candidata ao cargo de prefeito de Balneário Camboriú pelo PSB, concorre contra o próprio Leonel Pavan e acaba vencendo a eleição. Nunca mais me encontrei com Fabrício pra confirmar se ele de fato tinha entendido a opinião que em duas oportunidades havia lhe dado.
Nesse meio de tempo da política Brasileira, àquela altura dos acontecimentos, Fabrício já havia sido candidato a Deputado Federal, ficando na suplência pelo estado de Santa Catarina. Com a indicação de outro deputado catarinense para ocupar um cargo no estado, Fabrício é guindado à Câmara Federal. Estão lembrados?
Foi na época que gravitava sobre a cabeça da então presidente brasileira, Dilma Rousseff um pedido de impeachment que a fez perder o mandato depois que a maioria dos deputados votou por excluí-la da presidência. Naquele dia, Fabrício ficou ali, em pé ao lado do microfone, local onde os deputados passariam para dizer sim ou não ao impedimento de Dilma. Chegou a ser chamado de “Papagaio de Pirata” pela posição que adotou. Mas ele nem se deu conta no momento de que aquilo mais tarde viria ser motivo de chacota.
E foi ali que ele se encontrou pela primeira vez com o deputado Jair Bolsonaro, que em seu voto cita o Comandante Ustra como “herói”, e vota enxotando a presidente. E, pelo menos eu acho, foi naquele momento que Fabrício alinha sua cabeça com a cabeça do “mito”, que mais tarde viria ser o presidente do Brasil.
Depois disso, Fabrício disputa a prefeitura de BC contra o próprio Leonel Pavan e logra êxito. Mas esse “racha” só foi aumentando. Quatro anos depois, Fabrício é reeleito prefeito, e agora, quando tinha a oportunidade de escolher seu vice Carlos Humberto, para substituí-lo, CH que hoje está deputado estadual e é o líder do governo Mello, sacrifica, por conta de coisas não muito bem explicáveis, a candidatura de Carlos Humberto, e opta por indicar outra pessoa de sua confiança para concorrer à própria sucessão: o jornalista Peeter Lee Grando. Teria sido esta uma decisão “teratológica” de Fabrício?
Fabrício – que havia dado o troco nos PAVAN – agora com a eleição de Juliana recebe como retorno o mesmo troco, ficando numa posição de derrotado, uma vez que está engajado num projeto político que não é dos mais confiáveis ao país por “N” motivos. Resta a Fabrício, se deseja continuar na vida pública, dentro de dois anos tentar uma vaga na Câmara Federal ou até mesmo ao Senado da República.
O tempo, ‘senhor dos senhores’ (Frase bíblica em Timóteo 6:15) é quem vai mostrar o que o futuro reserva ao prefeito Fabrício Oliveira nos anos que se seguem. Mesmo porque, no Brasil, o nosso sistema político é muito variável e instável, modificando-se de tempos em tempos. Enquanto isso, pai e filha darão as cartas para mais uma “jogada de mestre” nas hostes políticas de Balneário e Camboriú.
And Game Over!
L. Pimentel é jornalista