Na ocasião, foi apresentado um relatório preliminar realizado pela Secretaria da Agricultura, em conjunto com a Epagri, detalhando o número de municípios atingidos, unidades rurais avariadas e estimativa de perdas econômicas decorrentes do fenômeno climático que atingiu o estado entre os dias 30 de junho e 1º de julho.
De acordo com Edilene Steinwandter, foram registradas perdas em 238 dos 295 catarinenses, com 46.026 propriedades atingidas e impacto negativo de R$ 588,359 milhões para a agricultura. Cerca de 14 mil residências na área rural também foram danificadas.
Em termos de perdas financeiras, os efeitos foram mais fortes na região de Joinville, seguindo-se Criciúma, Itajaí, Rio do Sul e Florianópolis. Já com relação ao número total de atingidos, Rio do Sul foi a mais castigada, com Criciúma, Canoinhas e Joinville na sequência.“Esse relatório nos mostra que houve, sim, algumas regiões que tiveram maiores impactos, mas que o ciclone teve atuação no estado como um todo.”
No que se refere aos segmentos econômicos atingidos, o levantamento cita principalmente a bananicultura. Dos 29 mil hectares da cultura em Santa Catarina, houve perdas em aproximadamente 20 mil, especialmente nas regiões de Joinville, Criciúma e Itajaí.
Ela citou como exemplo o município de Garuva, em que 90% da área de cultivo as plantas foram dobradas ou totalmente arrancadas pela força dos ventos, o que deve ocasionar queda na rentabilidade dos agricultores entre um ano e um ano e meio. “Somente nessa região entre Joinville e Itajaí foram 10 mil hectares atingidos, ou seja, R$ 226 milhões de reais que vão deixar de circular entre os agricultores, o comércio regional e catarinense.”
Além da bananicultura, outras culturas fortemente atingidas pelo ciclone foram as de reflorestamento, hortaliças e plantas ornamentais.
Financiamento aos agricultores
Em resposta aos prejuízos, o secretário-adjunto da Agricultura, Ricardo Miotto, afirmou que todas as linhas de financiamento mantidas pela pasta, como a Recupera SC menos juros, estão ativas para atender os produtores necessitados, com outras fontes também sendo viabilizadas. Ele citou especialmente os R$ 5 milhões disponibilizados pela Assembleia Legislativa, via Fundo de Desenvolvimento Rural (FDR). Os recursos, disse, serão direcionados aos 50 municípios atingidos pelo ciclone que conciliem menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e perfil econômico majoritariamente agrícola.
“Pensamos esses recursos para atender, de forma emergencial, àquelas famílias que tiveram as residências e galpões descobertas, limitados a R$ 10 mil por família, com dois anos de carência. E, se o agricultor estiver pagando prestação em dia, ele terá 50% de desconto.”
Outro foco da secretaria, disse, será buscar a recuperação mais rápida dos bananais atingidos, com a disponibilização de meios para os agricultores realizem a adubação das áreas de cultivo. “Estamos aportando mais 10 mil toneladas de calcário para atender, emergencialmente e de forma especial, a cultura da banana. Em função desses danos do ciclone, nós precisamos ter uma resposta rápida de fertilização para acelerar esse tempo, que pode ser de 12 a 18 meses, no qual os agricultores vão ficar sem colher banana e sem renda.”
Ao final do debate, que contou com a participação dos deputados Neodi Sarett (PT), Moacir Sopelsa (MDB), Coronel Mocellin (PSL) e Marlene Fengler (PSD), o presidente do colegiado, deputado José Milton Scheffer (PP), destacou a união de esforços entre a Assembleia Legislativa e a Secretaria da Agricultura em apoio aos produtores rurais atingidos pelo ciclone. Ele disse ainda que este trabalho deve ter sequência.
“Temos muito trabalho pela frente. Temos algumas medidas anunciadas mas acho que ainda é longo o caminho para restabelecemos as plenas condições de trabalho das famílias catarinenses.”
Cadeia produtiva do tabaco
Ainda durante a reunião da Comissão de Agricultura, foi aprovada a realização de uma audiência pública virtual para debater a situação atual da cadeia produtiva de tabaco e os critérios utilizados para o estabelecimento dos preços relacionados ao produto. O requerimento para o debate, que ainda terá a data e horário de realização definidos, partiu do deputado Altair Silva (PP).