
Corrupção: A vereadora Anna Carolina Martins (PSDB) protocolou denúncia no Ministério Público (MP) referente à queda da ponte Tancredo Neves, que ficava entre os bairros São Vicente e Cordeiros, em Itajaí. Através de fotos, comunicados oficiais e laudos fornecidos pela própria prefeitura, foi possível constatar a negligência dos gestores municipais, que colocaram em risco a vida da população com informações mentirosas.
De acordo com as notícias divulgadas no site da própria prefeitura, a ponte foi interditada no dia 23 de outubro de 2015, quando foi constatado o rebaixamento da pista, “sem risco de queda”. Cinco dias mais tarde a prefeitura voltou a se manifestar oficialmente a respeito, informando que a travessia havia sofrido um rebaixamento de 18 centímetros e que ficaria interditada apenas para carros e caminhões. No entanto, ironicamente, na mesma publicação foi informado que servidores da secretaria de obras fizeram a limpeza do rio com a ajuda de uma máquina que, segundo o site da empresa fabricante, pesa aproximadamente 25 toneladas. “Ou seja, mesmo a prefeitura reconhecendo o considerável rebaixamento, eles forçaram a estrutura e não a interditaram completamente, colocando em risco a vida da população”, acusa Anna Carolina.
Em novembro o site institucional trouxe a notícia de que uma empresa havia sido contratada para avaliar a conservação da ponte e que a mesma emitiu um laudo apontando que não havia risco de queda da estrutura. Foi com base neste suposto laudo que a administração municipal autorizou a passagem de motociclistas, ciclistas e pedestres pela ponte, que acabou caindo dias mais tarde.
No entanto, a notícia era completamente mentirosa, já que não há nenhum registro de contratação de empresa para este fim no jornal do município. Na ocasião, Anna denunciou a fraude na tribuna e o secretário de obras admitiu à imprensa que o contrato com a HBA Projetos e Assessoria havia sido feito “verbalmente”. Ou seja, sem dispensa de licitação e nem mesmo contratação de urgência, conforme prevê a legislação em casos como este.
Três dias depois da queda, Anna protocolou um requerimento em que questionou tal contratação. A resposta oficial da secretaria de obras foi de que não existe laudo emitido pela HBA e nem contrato com a referida empresa. “Eles não só mentiram descaradamente para a população, como colocaram a vida de milhares de pessoas que utilizavam aquela ponte diariamente em risco”, afirma a parlamentar.
A falta de responsabilidade é tanta, que nenhum documento apresentado pela prefeitura até o momento apresenta quem foi o perito que fez a primeira avaliação no local, qual é a empresa – mencionada no site – que foi contratada e quem foram os responsáveis pela vistoria que apontou não apresentar risco de queda. O relatório de irradiações de cálculo topográfico não tem nem mesmo assinatura de um responsável técnico. Todos os documentos, fotos e cópias das notícias inverídicas divulgadas no site da prefeitura foram juntados à denúncia, que pede a apuração do crime de improbidade administrativa, cometido pelos agentes públicos ligados ao trágico acontecimento.