PF APURA IRREGULARIDADES NA COMPRA DOS KITS
Exoneração de Alexsander Moreira do cargo de diretor de Apoio à Gestão Educacional foi publicada no ‘Diário Oficial da União’ nesta segunda (5). PF apura irregularidades na compra de equipamentos de robótica para municípios de Alagoas.
Reportagem da GloboNews apurou que o governo decidiu demitir Moreira na última quinta-feira (1º). A exoneração, no entanto, só foi publicada no “Diário Oficial da União” desta segunda-feira. A demissão de Moreira do MEC ocorreu dias depois de uma operação da Polícia Federal contra um grupo suspeito de fraude em licitação e lavagem de dinheiro em Alagoas por meio da compra de equipamentos de robótica.
Conforme apurou a GloboNews, a chefia do MEC decidiu demitir Alexsander Moreira por entender que o agora ex-diretor pode ter se omitido e não atuado para impedir os supostos desvios. Na Operação Hefesto, a PF investiga possíveis crimes ocorridos entre 2019 e 2022 na compra de kits de robótica para 46 municípios no estado de Alagoas com verba do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).
A investigação apontou que a licitação para compra dos kits incluía, de forma ilegal, restrições para direcionar os contratos a uma única empresa, a Megalic. Segundo a PF, foram desviados com o esquema R$ 8,1 milhões. Além do suposto direcionamento, os kits de robótica foram comprados por valores muito acima dos praticados no mercado.
O esquema já era alvo do Tribunal de Contas da União (TCU) desde 2022 quando a Corte determinou ao governo federal a suspensão dos contratos e os repasses para a compra. Os kits superfaturados foram adquiridos com recursos de emendas de relator do Orçamento, que ficaram conhecidas como “orçamento secreto” e foram declaradas inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no fim do ano passado.
R$ 14 MIL POR KIT
A investigação teve início depois que o jornal “Folha de S.Paulo”, em 2022, noticiou que a empresa Megalic, de Maceió (AL), cobrou R$ 14 mil por cada kit vendido. A Megalic, empresa que mais venceu licitações desse tipo, pertence ao casal Edmundo Catunda e Roberta Melo.
A Megalic não produz os kits de robótica. A empresa comprava os conjuntos de itens eletrônicos por R$ 2,7 mil de uma outra empresa, situada no interior de São Paulo.
Chamou a atenção da PF o fato de que a Megalic fazia transferências de dinheiro para pessoas físicas e empresas de Brasília, que movimentaram grandes quantias de dinheiro.
Os donos dessas empresas são, Pedro Salomão e a esposa, Juliana Salomão. Eles aparecem em gravações obtidas pela PF fazendo vários saques em dinheiro em bancos e em uma lotérica da Polícia Federal. Os saques foram feitos de forma fracionada, possivelmente para evitar suspeitas de autoridades. Os recursos eram entregues a um homem apontado pela PF como motorista de um assessor da liderança do PP na Câmara.
Pedro e Juliana Salomão chegaram a ser presos na operação da semana passada, mas vão responder em liberdade. A defesa dos dois nega envolvimento do casal nas irregularidades.
Por Camila Bomfim, GloboNews — Brasília