A arte de equilibrar muitos pratinhos, faz parte da realidade da mulher contemporânea. As cobranças são muitas e a pressão por ser excelente no cumprimento de várias tarefas, é uma dor feminina.
Na verdade, esse é mesmo o grande desafio da mulher: conseguir ser multitarefas e mostrar que é capaz de fazer cada vez melhor, sem deixar qualquer erro ou sinal de fraqueza, sem deixar de lado o aspecto feminino, a maternidade e sua essência.
Desse modo, surgiu, uma cobrança velada de que essa mulher precisa continuar desempenhando funções e ser sempre “perfeita” para não perder espaços, ora conquistados a duras penas. Com o tempo, ela foi levada a adquirir essa capacidade de se transformar, a cada dia, em “Mulher Maravilha”.
Segundo explica a psicanalista Andrea Ladislau, o sexo frágil é uma característica dada a essa mulher por uma sociedade que sempre defendeu a educação antiga que impunha que o homem como provedor, deveria ser o único a adentrar no mercado de trabalho e desempenhar atividades rotuladas como “somente para homens”, tudo porque a mulher é frágil e precisava desempenhar apenas papéis voltados para o gênero feminino de gerar a vida e ser responsável por atividades domésticas.
Andrea afirma que esse cenário sofreu constantes mutações. Apesar de ter sido preparada, ainda na infância, para ser mãe, para tocar uma casa, para ser esposa, para abafar suas emoções, além de mastigar as frustrações e não se sufocar com decepções e dores (ela foi preparada para ser perfeita e não para ser corajosa), felizmente, a cada dia a psicanalista lembra que as mulheres estão ganhando mais espaço no universo antes ocupado apenas pelos homens.
“Mostrando que podem sim, desempenhar, com muita maestria, atividades domésticas e serem bem sucedidas no mercado de trabalho. O que não tira delas o brilho de serem sensuais e fortes ao mesmo tempo”, afirma.
E como anda a saúde mental das mulheres?
Andrea constata que algumas patologias ocorrem com maior predominância entre as mulheres, como: depressão pós-parto, angústias e decepções relativas à relacionamentos íntimos mal-sucedidos, a menopausa que altera todo o fluxo hormonal do organismo, entre outras questões.
Por este motivo, é de suma importância cuidar-se e preservar mente e corpo, além de aliar organização, planejamento e autocuidado. Não esquecendo também de equilibrar o sistema imunológico, através de uma alimentação saudável, associada a noites de sono tranquilas, para regular os hormônios, garantindo assim vitalidade e disposição. Afinal, o bom gerenciamento da mente e das emoções poderá driblar a ansiedade e o estresse, de forma muito mais fácil e prazerosa”, diz.
Nessa semana em que se comemora o dia internacional das mulheres, mais do que ganhar flores, bombons ou um jantar especial, Andrea lembra que devemos potencializar a força da mulher e sua capacidade ímpar em conseguir ser multitarefas (mãe, filha, esposa, executiva, trabalhadora…) e ainda assim, possuir uma fragilidade e delicadeza que exalam sensualidade e, ao mesmo tempo, desnudam emoção e vivacidade.
“A comemoração se refere muito aos papeis e espaços, hoje conquistados pelas mulheres dentro de nossa sociedade, mundo afora e com a busca pelo equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
Portanto, neste mês das mulheres, cabe ressalvar, que a fórmula para uma vida adulta saudável e equilibrada é saber combinar poder e coragem, para se tornar digna”, afirma.
Para a especialista, todo esse aprendizado precisa ser transmitido, desde cedo, para as meninas, para que possam vir a se tornar mulheres, cada vez mais, empoderadas e conscientes de sua força e de seu papel.
“Todos os papéis atribuídos ao sexo feminino – mãe, esposa, cuidadora do lar, profissional, filha, amiga, entre outros – precisam ser exercidos com equilíbrio. O grande pulo do gato é evitar a sobrecarga e trabalhar o autoconhecimento, estimulando e favorecendo uma mente mais leve. Como consequência, a auto cobrança dará lugar à gratidão por suas conquistas reais, sem a neurose do controle do mundo, valorizando mais a si mesma através do amor próprio”, finaliza.
Dra. Andréa Ladislau / Psicanalista