Doutora Pandemira transmite ensinamentos e alegria às crianças

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No auge da pandemia de Covid-19, devido ao terror das notícias de falecimentos, muitos se isolaram enquanto outros procuraram buscar soluções para levar esperança às pessoas, principalmente às crianças. Esse foi o caso da professora Andressa Ceni Lopes, 32, do Núcleo de Educação Infantil Municipal (Neim) Maria Elena da Silva, localizado no Bairro Ingleses, em Florianópolis. Ela desenvolveu uma personagem chamada “Doutora Pandemira”, que ensina a crianças pequenas (de 2 a 6 anos), de forma lúdica e prazerosa, como evitar a contaminação por coronavírus e outras doenças contagiosas.

A proposta deu tão certo que Andressa já prepara um livro que será lançado no próximo ano, no qual ensina as pessoas a lavarem os materiais de educação nas escolas – sejam de borracha, madeira e outros –, além de dicas sobre como repassar os ensinamentos às crianças. Ela pretende também continuar com a personagem, ampliando sua atuação contra outros vírus. “Há outros vírus tão sérios como o coronavírus: sarampo, catapora, rubéola, entre outros, que precisam de cuidados como lavar as mãos e álcool em gel, que estamos ensinando agora devido à pandemia.”

A professora conta que o objetivo era criar um personagem que pudesse trazer para as crianças conhecimento sobre saúde, tema relevante e muito em discussão na pandemia. Formada em fisioterapia e em educação física, ela estava preocupada, no início do retorno das aulas, sobre como lidar com os equipamentos de ensino e como evitar a transmissão do vírus, por isso pesquisou e trocou informações com o especialista em epidemiologia, saneamento e profilaxia, Nestor Hugo González. “Daí surgiu a ideia de levar essas informações de forma lúdica às crianças e que elas repassassem aos seus familiares.”

“Por vezes, elas têm contato com profissionais usando jaleco somente em postos e hospitais. Então, a intenção da personagem ser uma doutora também veio neste intuito, de familiarizá-las com o jaleco branco e associá-lo a algo divertido, envolvente e que não remetesse somente à doença”, afirma a professora. O ensinamento é repassado nas salas de aula e por vídeos via Youtube: https://www.youtube.com/channel/UCoTQFHXN-vcMdW7rz-5Be8Q. O material também é disponibilizado no Portal Educacional na página do Neim Maria Elena e nas listas de transmissão de WhatsApp da unidade, que são enviadas diretamente para as famílias dos estudantes.

A doutora Pandemira é “montada” antes das aulas e poucas crianças sabem quem é ela. “É um recurso pedagógico incrível e que deve continuar”, reforça. Para transmitir suas mensagens, a professora, que é tímida, se solta ao interpretar a personagem com música e muita alegria. As canções contam com a colaboração do professor de música e compositor Otávio Santos. Pandemira tem também a parceria de outro personagem e amigo virtual: o Todo Mundo, cheio de criatividade e interpretado por Daniel Netto.

As poesias compostas pela professora Andressa se transformam em música por intermédio do personagem Todo Mundo, tornando de fácil compreensão as orientações de Pandemira. Os vídeos lúdicos, usando as músicas e encenando situações, ensinam como fazer a higienização pessoal e dos objetos usados pelas crianças.

“Sinto-me segura com a personagem”, descreve avó-mãe de aluna
Mãe-avó da aluna Valentina Nascimento, Ivanir Maria Neves, 51, mais conhecida como Nina, não esconde a satisfação com a personagem da professora Andressa Ceni Lopes. “Com a doutora Pandemira me senti mais segura em mandar a Valentina para a escola e estamos aprendendo todos os dias a lidar com a pandemia”, conta a avó, que assumiu a menina quando a mãe dela faleceu, logo após o nascimento.

“A Valentina queria ir à escola. Era o primeiro aninho dela aqui, e 15 dias depois iniciou a pandemia.” Nina lembra que tinha dúvidas sobre como ensinar a menina a usar máscaras, álcool em gel, lavar as mãos e todos os cuidados necessários que foram repassados pela doutora Pandemira. “Ela veio para nos ajudar.” Na escola e com os ensinamentos da doutora Pandemira as crianças estão bem protegidas, na opinião da avó.

Surpresa com a espontaneidade 
A diretora do Neim Maria Elena da Silva, Daiane Cordova, diz que metade das 90 crianças inscritas na unidade estão em regime presencial, mas todas estão recebendo os ensinamentos da doutora Pandemira. “Quando a professora Andressa sugeriu criar a personagem, achei legal a forma lúdica prevista e fiquei esperando o resultado, já que ela é uma professora tímida e comedida, mas tinha certeza que seria tranquilo, só que me surpreendi com a alegria e a espontaneidade.”

Conforme Daiane, foi maravilhosa a forma que as crianças receberam os primeiros ensinamentos e logo passaram a aguardar as aulas com ansiedade. “Ela é uma cientista e com os ensinamentos abre espaço para as profissões.” A diretora da unidade avalia que os ensinamentos da doutora Pandemira são importantes para todos, já que “ainda estamos aprendendo a combater um vírus que a gente não conhecia. A nossa intenção é fazer o máximo para proteger as crianças, professores e funcionários da unidade.”

Para a diretora, o ensinamento vai além da pandemia de Covid-19. “Além da Covid-19, há outros vírus que podem ser combatidos com os ensinamentos. Com a doutora Pandemira há estímulos para outras profissões, além do incentivo à educação, já que ela pesquisa e repassa esses aprendizados”, ressalta.

Curiosidades das crianças
Ao saber que a doutora Pandemira estará na escola, as crianças já ficam ansiosas à espera dela. Quando ela chega é uma correria, todas querem contar as novidades e apresentar seus questionamentos sobre doenças. A professora assistente, Lucineide Augustin, diz que ficou admirada como a personagem foi criada e como ensina as crianças. “Achei diferente a maneira de chegar às crianças, trazendo uma linguagem acessível a elas, fugindo do foco das mortes dos meios de comunicação. Ela transmite esperança e ensina sobre higiene e conscientiza sobre os cuidados que devemos ter além da pandemia.”

Para a aluna Kimberly de Souza, 6, a doutora Pandemira “é uma cientista e médica que mata o vírus maldito. Ela é do bem e pesquisa muito. Tem o microscópio que dá para ver o vírus maldito.”

Já Valentina Nascimento, 6, conta que a doutora ensina a importância do uso das máscaras e que tem que tomar remédios e vacinas para combater o vírus malvado. “O vírus é malvado e não gosta do Natal e nem do Dia das Crianças, não gosta de presentes, por isso ele tem de ir embora o quanto antes.”

Redação
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Portal do notícias Folha do Estado especializado em jornalismo investigativo e de denúncias, há 20 anos, ajudando a escrever a história dos catarinenses.
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