EDITORIAL: O BRASIL E A MOEDA DOS BRICS

- Advertisement -

Desafios e oportunidades para a gestão pública e o mercado interno

Da esq. para dir. Presidentes Luiz Lula da Silva, Xi Jinping (China) e Cyril Ramaphosa (África do Sul); premiê indiano, Narendra Modi; e chanceler russo, Serguei Lavrov, na cúpula do BRICS, em Johanesburgo, em 22 ago. 2023 (Crédito: Gabinete do premiê indiano, GODL-India.

Esta foi uma semana tensa no mercado financeiro global com o anúncio de 100% de taxação pelo EUA aos países que aderirem a uma nova moeda global sugerido pelo bloco geopolítico do Brics.

Houve muitas reações às declarações do presidente eleito dos EUA, Donald Trump, que ameaçou taxar em 100% os países que aderirem à nova moeda sugerida pelo bloco do Brics.

A proposta de criação de uma moeda comum para os BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) ganha cada vez mais destaque no cenário global. Mais do que um esforço para reduzir a dependência do dólar, esse projeto ambiciona criar um novo equilíbrio no sistema financeiro internacional, dando voz mais forte às economias emergentes. Para o Brasil, a iniciativa traz tanto desafios quanto oportunidades, que vão desde mudanças na gestão pública até impactos diretos no mercado interno e nas relações econômicas e sociais.

Ao olhar para dentro, é possível identificar vantagens importantes para o mercado interno brasileiro. Uma moeda comum entre os BRICS poderia gerar maior previsibilidade cambial, beneficiando empresas que dependem de insumos importados ou que atuam no comércio exterior. O Brasil, como grande exportador de commodities agrícolas e minerais, poderia encontrar condições mais favoráveis para competir nos mercados internacionais, com menos volatilidade nos preços e maior estabilidade nas transações comerciais.

Essa previsibilidade também se refletiria nas relações de consumo. A redução de custos associado às flutuações cambiais teria impacto positivo sobre os preços de bens e serviços, especialmente aqueles com componentes importados, como eletrônicos, veículos e medicamentos. No médio prazo, isso poderia aumentar o poder de compra das famílias brasileiras, favorecendo o crescimento do mercado interno e a geração de empregos.

No campo trabalhista, uma moeda comum poderia fomentar a criação de novas oportunidades, sobretudo em setores como logística, exportação e tecnologia. À medida que o Brasil se torna mais integrado ao bloco dos BRICS, o mercado de trabalho poderia se expandir com a atração de investimentos estrangeiros diretos e o fortalecimento de cadeias produtivas regionais. No entanto, isso também demandaria maior qualificação da mão de obra para atender a padrões e demandas internacionais.

As relações de consumo e trabalhistas, por sua vez, poderiam ser impactadas positivamente por novas oportunidades econômicas. E, com uma maior integração econômica, empresas brasileiras teriam acesso facilitado a novos mercados, o que, além de ampliar as possibilidades de exportação, incentivaria o crescimento de pequenos e médios negócios focados em atender tanto ao mercado doméstico quanto às demandas do bloco.

Em termos de segurança jurídica, seria essencial implementar leis que protejam trabalhadores, consumidores e investidores no novo cenário econômico. A gestão pública precisaria garantir que a moeda comum venha acompanhada de medidas que promovam transparência nas relações comerciais e assegurem direitos trabalhistas. Além disso, seria necessário criar mecanismos de regulação para evitar práticas desleais ou abusivas no consumo e nas contratações, preservando o equilíbrio das relações econômicas internas.

Do ponto de vista das oportunidades, a moeda dos BRICS tem o potencial de tornar o Brasil mais competitivo no comércio global e mais atrativo para investimentos, especialmente em setores estratégicos como energia, agronegócio e tecnologia. Essa maior integração econômica poderia acelerar o desenvolvimento regional, reduzir desigualdades e estimular a inovação, criando um ciclo virtuoso de crescimento.

No entanto, é essencial que esse entusiasmo venha acompanhado de responsabilidade. Alterações constitucionais e jurídicas serão inevitáveis para assegurar que a adesão à moeda comum respeite a soberania nacional e proteja os interesses do país. O Brasil precisará equilibrar os compromissos com o bloco e a manutenção de sua autonomia para lidar com crises econômicas internas.

A moeda dos BRICS pode ser uma oportunidade histórica para o Brasil fortalecer sua economia, melhorar o mercado interno e expandir suas relações econômicas e sociais. Contudo, o sucesso dessa iniciativa dependerá de um planejamento estratégico robusto, de uma gestão pública eficiente e de um compromisso com a proteção dos direitos dos trabalhadores, consumidores e empresários.

Esse projeto não deve ser visto apenas como uma mudança monetária, mas como um passo decisivo na construção de um futuro mais integrado, justo e próspero para o Brasil e para os países do BRICS. Se bem conduzido, pode significar não apenas um avanço econômico, mas uma oportunidade única de posicionar o Brasil como protagonista no cenário global.

Autorizo o uso do editorial desde que seja citada a fonte, reconhecendo a autoria do texto. A não observância dessa exigência poderá acarretar penalidades legais, conforme previsto na Lei nº 9.610/1998 (Lei de Direitos Autorais).

Redação
Redaçãohttps://www.instagram.com/folhadoestadosc/
Portal do notícias Folha do Estado especializado em jornalismo investigativo e de denúncias, há 20 anos, ajudando a escrever a história dos catarinenses.
- Advertisement -
Must Read
- Advertisement -
Related News