quarta-feira, março 26, 2025

EDITORIAL: OS AVANÇOS, ENTRAVES E REJEIÇÕES NAS ELEIÇÕES MUNICIPAIS REGIONAIS

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As pesquisas eleitorais para o pleito municipal majoritário de 2024 aqui na região da Costa Verde & Mar, no chamado Vale do Itajaí, que já aparecem em alguns cenários, ainda não têm o rigor técnico e nem mesmo seguem os parâmetros nem as variáveis do processo eleitoral como estabelece a lei. Mais que isso, algumas delas têm como base apenas o tracking (monitoramento), como as verificações telefônicas e até algumas delas que acabam sendo manipuláveis e divulgadas sem nenhum critério técnico legal. De qualquer forma elas conseguem dizer alguma coisa sobre os prováveis candidatos e seus grupamentos políticos.

Todavia, uma vez tomadas em conjunto, algumas dessas pesquisas minimizam as leituras tendenciosas e podem até oferecer uma boa fotografia sobre os quadros eleitorais que já se vislumbram aqui e ali. No entanto, importa registrar que o papel das pesquisas precisa ser revisto, porque, se de um lado elas não definem a eleição, de outro elas contribuem para que se interfira na expectativa dos eleitores que vão fluindo e se posicionando ao sabor dessas informações, muitas vezes não tão legitimadas.

Estamos a poucos passos do início de uma caminhada que neste ano deverá ser das mais difíceis, haja vista a cruzada que os pré-candidatos vêm realizando para conseguir seu intento, isto é, para serem escolhidos para as disputas. Estamos a exatos 5 meses das eleições de outubro, para as trocas de comando nas Prefeituras e nas Câmaras Municipais. Nada mais natural então que as pesquisas atuem para refletir muito mais o fato real – se levado em conta o resultado da eleição de 2022 para a presidência do Brasil – que o fato-futuro, ou seja, a intenção de voto do eleitorado brasileiro para este ano. Logo, é fácil concluir que os números desses levantamentos – e não mais que isso – acabem mostrando com muito mais força, o recall, ou o índice de lembrança dos nomes consultados. E isso está diretamente relacionado ao nível de exposição dos candidatos no pleito anterior e sua visibilidade atual, muito mais ainda se o pré-candidato for detentor de algum mandato – seja de vereador, prefeito ou até mesmo de deputado estadual ou federal. Sim, pois tem muito deputado que deseja governar suas cidades de origem.

Desse modo, não há muita surpresa nos números de intenção de votos, se os mais lembrados são os mais conhecidos; ou quem tem mais preferência; ou ainda, estão com o recall mais positivo. Verificando os resultados disponíveis até aqui, todos aqueles bem colocados já estiveram em cargos públicos, além de já terem disponibilizado suas fotos nas urnas pelo menos por uma vez, além dos conhecidos e amados santinhos ou cartazes em várias eleições anteriores.

A surpresa maior fica por conta dos elevados índices de rejeição, das brigas pela conquista das vagas para elencar suas candidaturas, sem falar daquelas “impostas” em muitas cidades meio que na marra. Tal fato sempre foi comum a quase todos os players previstos para as eleições – que agora sofrem um inchaço – e, de maneira surpreendente, as rejeições são mais expressivas que a intenção de voto para praticamente todos os postulantes. É preciso refletir sobre isso porque esse fato remete às eleições nacionais, sem juízo de valor, onde Lula e Bolsonaro em vários momentos sofreram, e muito, com suas próprias rejeições. E a rejeição nas cidades é muito pior.

A primeira indicação é que o eleitor, cansado de tantas decepções com suas escolhas anteriores, segue cada vez mais desconfiado e exigente. Todos sabem que as qualidades, ainda que menos alardeadas, fluem com menor velocidade que eventuais deslizes de qualquer pessoa. Também sinaliza um descrédito na classe política. Cada vez menos eleitor acredita que esse é o caminho para resolver suas demandas, e isto é preocupante porque ainda não inventaram nada decente e razoável que sirva de alternativa à uma “Democracia Representativa”.

Indica também que o novo eleitor brasileiro, este sim uma entidade definitiva, face à nova política ainda circunstancial, de posse de novos e poderosos instrumentos (como as redes sociais que são utilizadas quase sempre da pior maneira possível), ganha voz e, por conta do volume de informações circulantes no dia a dia, faça leituras próprias, apresente e discuta suas opiniões e, a cada dia fique menos refém das narrativas tão ao gosto da política tradicional. Ninguém mais vende remédio vencido na farmácia eleitoral, mas parece que parte da classe política ainda não se deu conta desse fenômeno e, quando consciente, tenta combater com exércitos de disseminação de informações contaminadas sob as deslumbrantes e invariáveis vestimentas das fake news (notícias falsas e mentirosas) que se tornaram tão populares no Brasil. E, fiquem atentos, se textos primários já convenciam parte do eleitorado – muitos deles munidos de formação adequada – a nova geração das fakes, turbinadas pela Inteligência Artificial (IA), acabarão enganando até as mães dos candidatos.

Com um certo romantismo, tento acreditar que apenas o vínculo de nomes razoáveis e com ideias interessantes, transformadas em bandeiras eleitorais, sérias e honestas, podem alterar o rumo dos fatos.

Por fim, as regras eleitorais, somando-se às conveniências partidárias letradas, traduzem respostas eleitorais em ação, cravamos que lançar candidato é sempre a melhor alternativa para qualquer legenda, logo, quem quer ser candidato, basta que se movimente e mostre a carteira (recheada) que terá legenda disponível. Pode até ocorrer divergências, mas a tendência de muitos nomes na disputa parece ser a regra em quase todos os municípios.

Portanto, nos bastidores será intensa a busca por composições que demandem resultados na contramão dos interesses partidários, resultados mais convenientes para gerar expectativa eleitoral e garantir, além do preenchimento das vagas, a fidelidade das chapas proporcionais. Composições servem exatamente para aumentar as odds eleitorais – quando é preciso apostar para ganhar -, visto que, você sabe muito bem, identidade ideológica só se exige nos extremos. Melhor ainda se acompanhada de La Plata, como dizem os espanhóis, argentinos ou mexicanos! Per supuesto!

Lógico, o dia e o mês ainda estão longe, mas, quem é versado em política, quem já vivenciou muitas dessas etapas, sabe que eleições se ganha no último mês de campanha, ou até na véspera, com um conjunto de ações que atinjam, via marketing, as componentes emocionais e racionais do eleitor, traduzindo-se em intenção de votos e finalmente no voto propriamente dito. Ressalvo, todavia, que tal análise não se sustenta em eleitorados de até dez mil eleitores, onde eleições ainda são um clássico entre o atual e o anterior e as variáveis pessoais e financeiras sempre são fatores decisivos. Fora desse corte, todo o modelo brasileiro aponta para o confronto entre personalidades e, sem desconhecer a necessidade de nomes competentes para pilotar projetos, se tornam a matéria prima ideal para que o eleitor se defina.

A desconfiança nos políticos deveria motivar um segundo passo e exigir ideias e projetos associados aos nomes, até como forma de reduzir as desilusões eleitorais. Sempre votamos em personalidades e, ‘via de regra’, nos decepcionamos por dar um cheque em branco para que eles hajam a seu bel prazer. Não seria a hora, então, de exigirmos além de ideias, também os planos de governo dos nossos candidatos? E planos que tragam suas assinaturas? Planos por escrito. Como se fazia antigamente. Para que possam ser cobrados depois? Pense nisso, caro eleitor!

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Redação
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Portal do notícias Folha do Estado especializado em jornalismo investigativo e de denúncias, há 20 anos, ajudando a escrever a história dos catarinenses.
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