Educação: que caminho devemos seguir?

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– Senhor, para onde vai essa estrada?
– Para onde você quer ir?
– Eu não sei. Estou perdida!
– Para quem não sabe para onde vai, qualquer caminho serve.
(Alice no País das Maravilhas)

O famoso diálogo entre o gato e Alice faz parte do clássico escrito pelo romancista, poeta e matemático britânico, Charles Lutwidge Dodgson (1865). Mas o que ele não sabia, e nem sequer imaginava, é quão atual sua frase ainda se encaixaria no governo de Jair Bolsonaro. É que Bolsonaro, naquele momento crucial, acabava de nomear seu quarto ministro da Educação em pouco mais de um ano e meio de governo. O presidente tentava dar um caráter técnico para a escolha e ao mesmo tempo acenar a grupos de apoio, como os evangélicos e a chamada ala ideológica. Deu no que deu!
Quando se trata de guiar o futuro da Educação, já faz alguns anos que o governo brasileiro tem demonstrado que não sabe qual caminho seguir e, de tempos em tempos, a situação sempre acaba chegando a pontos mais críticos. Mais uma vez, e por conta especialmente do coronavírus e da falta de representatividade ministerial, chegou-se a uma situação em que o governo se viu encurralado, com diversas decisões importantes a serem tomadas e nem uma pista de qual direção tomar. Mas podemos pensar com nossa visão otimista, que logo, logo outro governo iria chegar para acertar e nos ajustar.
Infelizmente, ao olhar para a situação que se instaurou e as consequências da mesma, as perspectivas não eram nada convincentes com o governo que saiu. O tempo na escola, principalmente para quem tem menos acesso, é bem difícil de recuperar. Para isso, teríamos que fazer um novo planejamento de retomada que duraria pelo menos de 2 a 3 anos, como está acontecendo na Inglaterra, por exemplo. Mas a verdade é que, enquanto isso, ficamos perdendo tempo precioso e aumentando o prejuízo de milhares de estudantes. É só olhar para outros modelos, como o de Singapura, país que só depois de vários anos de disciplina e cuidado com os alunos, professores e pais conseguiu obter a liderança no Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA) – teste que o Brasil ocupou no governo Bolsonaro a 57ª posição.

EDUCAÇÃO PODE DAR UM SALTO

O que mais preocupa até aqui é a necessidade de termos um plano que siga com disciplina por muitos anos, se mantenha e perdure por vários governos. E qual é a chance que temos de que isso aconteça hoje? A verdade é que estivemos à deriva, sem um plano de longo prazo em mente. O novo ministro que acaba de assumir o cargo com toda a certeza vai mudar muita coisa, pois o que realmente nos falta é o hábito – ou mesmo a capacidade – de enxergamos em longo prazo. E isso vai além da escolha de um governante. Lula escolheu para cuidar da nossa Educação o ex-governador do Ceará, Camilo Santana. Com a experiência que aquele estado nordestino teve nos últimos anos, e com a disposição de Camilo, que dceve aplicar no setor seu largo conhecimento na área, só não iremos em frente nessa caso haja indisposição do governo, o que não acredito vá acontecer.
A Constituição Federal foi escrita com muitos objetivos para a Educação. De 1988 para os dias atuais, muita coisa mudou, mas seguimos lutando para reparar um déficit histórico. Diferentemente de países como a China, que hoje colhe excelentes resultados. É necessário, enquanto política pública, dar continuidade a trabalhos iniciados, não tendo apenas uma visão sistêmica, mas também de projetos para o Brasil.
Então, se perguntássemos ao gato da Alice: – Senhor gato, quem você acha que poderia resolver os problemas da nossa Educação? Ele responderia: Para onde você quer realmente ir?  Precisamos de um choque urgente e rápido na Educação. Para isso, é necessária a capacidade de diálogo para envolver todos os atores educacionais, a fim de garantir que nosso ensino possa caminhar célere após a pandemia. O que precisamos neste momento é enfrentar a crise e seus impactos na Educação deixados pelo governo que sai, com base na realidade, e isso só será possível com monitoramento, usando a ciência e o melhor conhecimento possível de gestão pública e de trocas de boas experiências.
Para que tenhamos mudanças, de fato, é necessário compreender que é preciso esforço mútuo para, por exemplo, ofertar trajetórias educacionais alternativas contemplando projeto de vida dos estudantes, focar no acompanhamento e reforço escolar, investir em tecnologia como propulsora à aprendizagem e promover qualidade com eqüidade, desenvolvendo competências socioemocionais e fomentando a inovação.
Realmente espero que eu esteja certo, pois o que precisamos é ver o Brasil prosperar verdadeiramente na Educação para gerar pessoas autônomas, capazes e produtivas. Só desta maneira conseguiremos avançar em todas as outras áreas no país. Esqueçamos o passado recente, volvendo nossos olhos para o futuro, a fim de que possamos nos tornar uma nação capaz de se orgulhar do ensino para seus filhos, desde a mais tenra idade até os curso de graduação e pós-graduação. Camilo Santana, o Brasil espera muito de você. Não nos decepcione!

Por L. Pimentel

Redação
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Portal do notícias Folha do Estado especializado em jornalismo investigativo e de denúncias, há 20 anos, ajudando a escrever a história dos catarinenses.
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