ENFIM, É CHEGADO MAIS UM NATAL
Por L. Pimentel
Mais um Natal bate às nossas portas e com ele as preocupações de como torná-lo cada vez mais aconchegante, mais humano. De modo geral, nossa maior preocupação é com os preparativos, sejam eles na compra dos presentes, dos enfeites das vitrines de nossas lojas, dos supermercados, nas ruas e praças, nas nossas residências e nas Igrejas. São luzes por toda parte. No quintal a grama é aparada, a residência recebe pintura nova, alguns móveis são trocados, o quarto de hóspedes é impecavelmente preparado e mil e um detalhes são verificados. Tudo tem que estar na mais perfeita ordem. Afinal, é o preparativo da maior celebração cristã da humanidade, o nascimento de Jesus Cristo.
Também é tradicional a ceia de Natal. O peru é ponto de honra à mesa, como também o pernil assado, o lombo defumado, as frutas e as castanhas diversas que farão parte da noite, bem como os vinhos finos, a champanha, os refrigerantes e até a tradicional cerveja. Pena que muitíssimas famílias não possam ter esse privilégio, pois as dificuldades financeiras são enormes, mas um franguinho assado ou um pernilzinho com certeza estará à mesa, pois o dia é especial, muito especial mesmo.
No entanto, em centenas de milhares de lares, mundo a fora, o Natal não é comemorado, muitas vezes nem lembrado, e quando lembrado soa tão distante… pois a fome, a miséria e a mortandade andam lado a lado. A preocupação é com a sobrevivência do dia a dia. O contraste é enorme, algo inimaginável, totalmente desumano, ante um mundo de fartura e esplendor, por um lado, e do outro sinistro, onde a morte ronda a toda hora pela falta de comida, de medicamentos, de oportunidades, etc.
Gostaríamos que não fosse assim, que a humanidade caminhasse na horizontal, com dignidade, respeito, fartura, trabalho, educação, saúde… Vimos dia desses, via Internet, que apenas duas centenas de pessoas no mundo detêm a imensa fortuna de 25 trilhões de dólares, numa concentração de riqueza jamais vista na face da Terra, e pior, riqueza que ainda está em expansão. Apenas uma pequena parte disso mataria a fome de milhões de pessoas. Mas, a insensibilidade, o repartir e o doar são algo que também soam muito distante.
Afinal, o que pensam essas pessoas? Elas são felizes? Dispõem de tudo que o mundo material pode oferecer… mas existe Deus em seus corações, ou o vazio é imenso? Não que sejamos contra a riqueza, pelo contrário, mas que ela seja utilizada em benefício de muitos de modo digno e honrado, de acordo com o plano de Deus. Lembremos que Jesus Cristo nasceu numa manjedoura, numa clara demonstração de que o mais importante não é a riqueza material, mas a riqueza espiritual e que a fraternidade é um ato louvável aos olhos do Pai Altíssimo. Para muitas pessoas, Deus concede o privilégio da riqueza material, mas elas esquecem de sua finalidade maior. Porém, um dia a cobrança vem, pois o Senhor Deus é perfeito e justo em todos os sentidos.
O homem nunca teve tanto acesso a Deus, no entanto nunca ficou tão distante dele como nos dias atuais. Os templos e Igrejas proliferam. O “ter” sempre fala mais alto. Acumular riquezas cada vez mais, a ponto de se tornar insensível tornou-se a praxe. O seu mundo são os bens materiais, a sua fortaleza, mas, no devido tempo, não passarão de estéreis castelos de areia. A carência afetiva, as doenças das mais diversas, principalmente as nervosas, as brutais diferenças sociais, a violência que se espalha, as drogas e a prostituição que se agigantam, numa demonstração clara da fuga da palavra de Deus. O ser humano está ficando cada vez mais vazio por dentro, sem nada de bom a oferecer, sequer um sorriso, um cumprimento ou um abraço afetivo. Ficam enclausurados em si mesmos.
Mas, ainda há tempo, o Natal está chegando, vamos nos conceder essa oportunidade? Não custa nada, apenas respirar fundo, boa vontade e abraçar a imensa campanha de fraternidade entre os povos, pois muitos são os necessitados. Aí sim estaremos realmente celebrando o Natal em seu verdadeiro sentido. O amor a Deus e a partilha do pão, como Jesus Cristo ensinou e fez.
Alguma vez convidamos Deus para vir à nossa casa, a nos abençoar e cear conosco? E no trabalho, alguma vez o convidamos? Dispomos de tempo para orar e agradecer, ou a nossa correria diária não permite sequer um tempinho para Ele? Na verdade, Deus está sempre ao nosso lado, esperando pacientemente que nos manifestemos. Nós nos esquecemos dele, muitas vezes pela vida inteira. O tempo é inflexível, passa depressa e sem que percebamos já será tarde demais. E lamentar não resolve nada.
Os festejos de Natal são um convite à reflexão e aproximação com Deus Pai e Jesus Cristo Salvador. Vamos renovar nossos votos de fraternidade, paz e amor, pois esse tesouro está latente em nosso coração. É só abrir e deixa-lo desabrochar…