HISTÓRIAS FANTÁSTICAS

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O QUE MUDOU APÓS WOODSTOCK

     Remembering historical facts

Por L. Pimentel

Eram exatamente cinco horas e dezenove minutos. O Papamóvel branco circulava pela Praça São Pedro, em Roma, entre uma grande multidão que acenava e aplaudia sem cessar. Ninguém notou uma bolsa de viagem sendo aberta, nem a pistola Browning sendo tirada, e então, acontece.

O disparo repentino ocorre e o sorridente homem de branco geme de dor. Seus ombros largos se curvam e ele cai lentamente. Os aplausos transformam-se em gritos. Em uma dúzia de idiomas a terrível notícia corre pela multidão: “o papa havia sido baleado”.

O sangue vermelho jorra de um ferimento aberto. A corrida pela vida em direção ao Hospital Gemelli é uma cena de profundo horror. Muito pálido e quase inconsciente, João Paulo murmura: “Por que fizeram isso?”

Milhões multiplicados repetiam a angustiante pergunta. Por que?

Orações pela vida do papa começavam a ser feitas em todas as partes do mundo. Padres, pastores e rabinos lideram suas congregações em fervorosas intercessões pelo pontífice.

João Paulo se recupera e volta para os braços abertos de 750 milhões de católicos (à época). Sua cruzada mundial pela amizade e pela paz segue avante.

Mas, o que havia em João Paulo que conquistava corações em todo o mundo? Talvez porque todos nós apreciávamos seu estilo amigável e caloroso.

Não muito tempo atrás, o mundo ocidental vinha flertando com a liberdade irrestrita. A sociedade dos anos 1960 havia começado a seguir uma tendência diferente a partir do movimento criado em Woodstock, que determinava: “Faça o que você quiser”. Era tudo em nome da paz e do amor.

Mas, essa erosão da moralidade levou muitos de nós para o esgoto da dor e da vergonha. Sofremos com os problemas da gravidez, da embriaguez e do consumo de drogas pelos adolescentes – que infelizmente prossegue nos dias atuais – sem falar no vandalismo da violência e das doenças sexualmente transmissíveis, como a AIDS. Tudo isso devido à rejeição dos padrões morais absolutos de Deus e seus 10 Mandamentos.

Mas a América finalmente recobrou os sentidos. O final dos anos 1970 trouxe um reavivamento de moralidade, quando muitos jovens que tinham rejeitado a Lei de Deus mudaram de ideia e passaram a entender que aquela ação social jamais poderia tomar o lugar dos valores espirituais.

Nessa atmosfera de renovação religiosa, João Paulo torna-se Papa e preenche rapidamente o vazio de liderança moral. Muitos jamais esqueceram a visita que ele fez aos Estados Unidos no outono de 1979. “Tenho vindo a todos com uma mensagem de esperança e paz de Jesus Cristo”, dizia João Paulo, que ainda tinha um conselho para os jovens americanos: “Muitos de vocês esquivam-se de suas responsabilidades, fogem para o egoísmo, para o prazer sexual, para as drogas ou para a violência. Mas eu lhes prometo a opção do amor que é o oposto da fuga. Pois foi Jesus, Nosso Senhor em pessoa, que disse: Serão meus amigos se fizeram o que eu mandar”.

Muitos pensavam que os jovens americanos tinham rejeitado o chamado do papa para a lei espiritual e a ordem. Mas não, os quase 20 mil adolescentes no Madison Square Garden bateram palmas quando ele os convidou a disciplinarem suas vidas, e todos pareciam estar prontos para o desafio da moralidade do papa João Paulo II. Do mesmo modo estavam os restantes 50 milhões de católicos norte-americanos.

O apelo do papa pela moralidade e compaixão tocava os corações por onde quer que ele fosse. E os americanos de todas as religiões apreciaram seu chamado à responsabilidade espiritual e social.

Após a viagem aos EUA, João Paulo II foi a tantos outros lugares, sempre levando uma mensagem de alegria e de fé que até hoje ainda perdura entre todos nós, mesmo após a sua morte. Até o turco Mehmet Ali Agca, autor do disparo que quase o matou, João Paulo perdoou, tão grande era seu coração.

Sua viagem ao Brasil no início dos anos 1980 também foi muito emocionante – mas, esta é outra história que contarei em uma próxima edição de: “Histórias Fantásticas”.

                   LAURO FERNANDES PIMENTEL

Redação
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Portal do notícias Folha do Estado especializado em jornalismo investigativo e de denúncias, há 20 anos, ajudando a escrever a história dos catarinenses.
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