Julia Guerra, que já integrou o elenco de “Os Dias Eram Assim” e “Deus Salve o Rei”, na Globo, e “Gênesis”, na RecordTV, é uma das dez concorrentes do “Futuro Ex-Porta”, que selecionará um humorista para participar do coletivo Porta dos Fundos, que tem o ator e roteirista Fábio Porchat como um de seus fundadores.
Ela está na disputa ao lado de Rodrigo Naice, Catharina Conte, Macla Tenório, Dan Biurrum, Rafael Pimenta, Bruna Trindade, Luiz Titoin, Pedro Truszko e Priscila Castello Branco. Só para se ter ideia do poder: foram sete mil inscritos ao posto do novo membro da trupe. “É uma sensação única”, disse durante bate-papo com o site.
Mas engana-se quem pensa que as novidades param por aí! A artista carioca, que começou a estudar teatro em 2013, também ostenta orgulhosa em seu currículo a participação na série “Perdido”, do Canal Brasil, e na peça “Estúpido Cupido”, com direção de Gilberto Gawronski. Confira os melhores momentos na íntegra!
1. Você começou a estudar teatro em 2013. Como aconteceu essa escolha e quando decidiu levá-lo como profissão?
A arte faz parte de mim desde criança. Sempre gostei de imitar os outros, de criar personagens, histórias, de cantar, mas exercê-la foi algo que nunca cogitei fazer, porque minha mãe dizia que morreria de fome (risos). Só que também nunca consegui me encaixar nesse modelo “cartesiano de viver”. Não gosto de rotina, e a ideia de trabalhar de segunda a sexta, de 8h as 17h, me deprimia. Até tentei me adaptar: cheguei a cursar arquitetura e depois engenharia, porém não me formei em nenhuma delas e, em 2013, resolvi entrar em um curso na CAL. Aí percebi que seria muito feliz vivendo disso, fui me profissionalizando, estudando, e cá estou.
2. Como é fazer parte do reality “Futuro Ex-Porta”, tendo sido selecionada em meio a centenas de candidatos?
Ser um dos dez selecionados é uma sensação única. Acompanho o Fábio Porchat e o canal do Porta dos Fundos desde os primórdios, e sempre sonhei em integrar o elenco. Então, poder ter a chance de disputar essa vaga é muito louco! Mas assistir a si própria em uma competição é complexo. Existem momentos em que tenho orgulho, mas também tem algumas coisas que fico remoendo, porque queria voltar no tempo e agir diferente.
3. O que espera alcançar depois desse projeto?
Pretendo começar a ter estabilidades profissional e financeira, além de maior reconhecimento no mercado. O sonho de todo ator autônomo é parar de contar moeda (risos).
4. Você tem no currículo alguns títulos de novelas e séries, mas nem sempre esses personagens foram de comédia. Podemos dizer que seu foco profissional atual é nesse gênero?
Na verdade, a maioria dos meus trabalhos foi de humor, mas não gosto de definir um único objetivo. Claro que me concentro muito em comédia, porque amo e consumo bastante, e quase tudo que escrevo é nessa pegada. Mas, antes de comediante, sou atriz. Adoraria fazer uma vilã dramática, por exemplo.
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5. Como você analisa hoje a oportunidade para mulheres no humor? Acha que (ainda) existe preconceito?
Certamente! Esse é um estilo que ainda é muito ocupado por homens, então a dificuldade de habitar o espaço vai existir. Algumas discriminações são abertamente faladas, como “mulher não sabe fazer comédia”, que já vi por aí, mas, às vezes, isso é um pouco velado. Sinto que o sexo feminino precisa ser extremamente engraçado para ocupar o mesmo lugar e ter o mesmo respeito que um comediante medíocre já tem de primeira. O homem que faz um show stand up comedy ruim é apenas definido como ruim. Já a mulher que faz um show de stand up comedy ruim não apenas vai ser chamada de ruim, como também será definida como ruim por ser quem é. Tem muito humorista sem graça por aí, mas ninguém diz que é por ele ser homem. Mas acredito que, aos poucos, isso está sendo quebrado. Temos ótimas comediantes para provar que fazer piada não tem gênero predefinido.
6. Hoje, muita gente que trabalha com comicidade é também roteirista, responsável pelos próprios textos. Você faz o mesmo? Como costuma criar?
Gosto de escrever para mim mesma, porque eu, melhor que ninguém, entendo o meu próprio humor e o que quero fazer. Adoraria redigir e estrelar um seriado estilo “Fleabag” ou um longa de comédia. Mas acho que poderia produzir e me divulgar ainda mais nas minhas redes sociais. Não tenho um processo criativo específico; apenas passo para o papel quando a ideia vem. O problema é que muitas vêm quando estou deitada para dormir (risos).
7. Para você, qual o limite do humor?
Acho que ele cabe em tudo, depende de onde se faz, com quem e como. O contexto é a chave. É muito difícil definir um limite, até porque quem sou eu para isso? Posso considerar ruim e não consumir, mas limitar acredito ser prepotência da minha parte.
8. E que tira você do sério?
Injustiça e coentro na comida. Gente, sério, pra quê?
9. O mercado está dando visibilidade para muita gente “criada” nas redes sociais. Como você analisa essa ferramenta e se relaciona com ela?
Considero isso megapositivo. Acredito que é um espaço democrático, que permite que pessoas possam mostrar o seu trabalho ou as suas ideias sem depender de grandes veículos. Vários talentos, que talvez nunca tivessem uma oportunidade na velha mídia, estão conseguindo trabalhar com o que amam graças a essas mídias. Eu, inclusive, creio que o caminho seja cada vez mais esse. Estou investindo no meu Instagram e quero produzir conteúdos próprios pra lá. Com o TikTok tenho menos intimidade, mas também acho que é bobagem não aproveitar tudo que a internet tem a oferecer.
10. Quais seus próximos projetos?
De uns ainda não posso falar, mas me encontro aberta a propostas! Também estou investindo no meu canal pessoal do YouTube e no meu Instagram. Quero estabelecer uma comunicação por lá.