OPINIÃO
Por: Elias Tenório
O mundo acompanha há mais de dois anos os acontecimentos da guerra em curso na Ucrânia, onde milhares de vidas foram ceifadas de ambos os lados, notadamente do lado ucraniano, graças à intransigência de líderes que não se preocupam com as vidas dos seus cidadãos.
Os contextos históricos todos já conhecem e não cabe aqui ficar repetindo.
Em que pese o fato de que devemos concordar com os argumentos russos de expansão desmedida da Otan (em um claro tom provocatório), e, após a retórica de Boris Johnson (ex-primeiro-ministro do Reino Unido) que, literalmente tirou o comediante Volodymyr Zelensky (Presidente da Ucrânia) da mesa de negociações afirmando que não haveria necessidade de fazer um acordo no início da invasão russa de seu país, alegando que iriam fornecer armas, equipamentos e recursos financeiros para a Ucrânia se defender da invasão, cerca de 500 mil ucranianos já teriam morrido neste conflito.
Provavelmente Johnson (e de quebra boa parte dos líderes da Otan) podem ter visto neste conflito a oportunidade de enfraquecer, e quem sabe, até mesmo derrotar a Rússia no campo de batalha, posto que, até então, o exército ucraniano era considerado o maior e melhor preparado da Europa, depois da Rússia.
No entanto, após dois anos de conflito, o que todos assistem é uma derrota iminente da Ucrânia frente à Rússia, algo que muitos países da Otan e, principalmente, da União Européia vêem como algo que poderá desmoralizar a todos eles diante do enfrentamento e esforços até agora realizados.
A Otan atua em uma chamada “guerra por procuração”, ou seja, ela fornece armas, equipamentos, recursos financeiros, assessores militares (e, dizem, até mesmo tropas regulares disfarçadas de forças mercenárias) num esforço coordenado de mais de 30 nações, e estão todos perdendo clamorosamente para a Rússia. Vergonha alheia.
Ante a este quadro vexatório, e altamente desgastante, alguns líderes europeus recentemente começaram a elevar o tom da retórica ameaçando enviar tropas regulares para o território da Ucrânia para lutar diretamente no conflito, alegando que, “se a Rússia vencer, ela não irá parar enquanto não invadir mais países”.
Ora, essa afirmação é tão ridícula quanto dizer que a China vai invadir, por exemplo, a Austrália.
Alguns desses “líderes” falam isso para colocar medo em suas populações e aumentar a aprovação de envio de recursos para a Ucrânia; outros, para tentar manter a guerra “até o último ucraniano”, tentando evitar sua desmoralização; e outros, para desviar os problemas econômicos internos e suas convulsões sociais e protestos contra o envio de valorosos recursos para financiar a Ucrânia enquanto seu próprio povo padece com a alta da inflação, desemprego, desabastecimento, alta generalizada dos preços da energia, devido aos seus líderes gastarem bilhões de euros em uma guerra que eles (cidadãos que pagam os impostos) não tem nada a ver.
Ou seja, os erros geoestratégicos de seus líderes colocaram a população de seus países em uma grande crise sem pedirem aos pagadores de impostos se eles deviam fazer isso, e agora a conta chegou (e bem alta) para os contribuintes europeus, que estão em queda livre de popularidade e claramente apavorados.
E, um dos mais evidentes sinais dessa queda livre vem da França, que, além de estar quase arruinada em sua economia, está com seu presidente, Emmanuel Macron, com baixíssimos índices de popularidade, enfrentando greves e revoltas internas, perdendo sua influência na África e desmoralizado como líder perante várias nações do mundo.
Este Macron, ultimamente, começou a “ladrar” alto para tentar desviar a atenção dos problemas internos e, ao mesmo tempo, tentar se colocar no cenário mundial como liderança forte, o que ele claramente já demonstrou que não é.
Mas, a ironia é que Macron ameaça o “urso” (Rússia) de forma muito perigosa, gritando que vai enviar tropas para a Ucrânia, que a Europa não pode se acovardar, que a Rússia vai invadir mais países, que vai invadir países do Báltico, etc…
Ora, porque falo que esta afirmação é ridícula e até mesmo esdrúxula? Porque, muitos dos países que vários líderes europeus (principalmente Emmanuel Macron) falam que a Rússia vai invadir, são membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
Como imaginar que, em sã consciência o Presidente da Rússia, Vladimir Putin, vai iniciar uma guerra contra um país membro da Otan e chamar contra a Rússia em uma guerra direta, mais de 30 países e mais os Estados Unidos? E, pior, iniciar uma guerra que não terá vencedores, pois certamente iria para o campo nuclear da tão propagada “Destruição Mútua Assegurada”, ou seja, a certeza de que, mesmo sendo destruído, você também destruiria o inimigo.
Mas, a retórica de Macron se torna mais ridícula quando se observa que ele pousa de líder forte e corajoso, mas não tem coragem de se apresentar sozinho, ou seja, de colocar a França diretamente contra a Rússia: Ele “ronca grosso”, mas chama os outros países membros da Otan para ir com ele (se isso não é covardia, não sei o que é).
Com essas “gritarias” de Macron, não consigo imaginar uma cena diferente daquelas piadas ditas aqui no Brasil: “Cão que ladra, não morde”; “o pequinês (raça de cachorros pequenos) late para chamar os maiores”, etc…
Diante dessa retórica esdrúxula, eu diria que podemos comparar de outra forma: “Macron é um “chiuahua” que quer ser “pitbull”.
E c’est fini…