Novos ares: A mudança da política externa brasileira:

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A política externa brasileira do novo governo talvez seja uma das áreas mais sentidas em termos de mudança. O presidente Jair Bolsonaro na escolha do novo chanceler Ernesto Araújo demonstrou isso. Apesar do novo presidente criticar as amarras ideológicas dos governos petistas com governos bolivarianos na América Latina e dizer que a política externa brasileira será pautada sem ideologias, a própria escolha do chanceler quanto seu alinhamento com os EUA demonstram o contrário. Por mais que a aproximação brasileira com os EUA e Israel, ou de países com governos mais à direita como Hungria, Itália, Chile e Colômbia não demonstre uma aproximação tão forte quanto foi o Brasil nos governos petistas com Cuba, Venezuela, Bolívia, Equador e Angola, ainda sim, demonstra um certo alinhamento ideológico, só que á direita.

A diferença por enquanto, desse alinhamento ideológico é a questão do aparelhamento das relações exteriores brasileiras causada nos governos petistas, que investiram milhões de reais em países como Angola, Perú, Venezuela, e o caso mais emblemático, a construção de um porto em Cuba. Além dos diversos casos de corrupção. No governo Bolsonaro a aproximação mais enfática é com o Estado de Israel, onde o presidente Bolsonaro disse que irá transferir a embaixada brasileira de Tel Aviv para Jerusalém, seguindo os passos de Donald Trump, presidente dos EUA, no qual o presidente brasileiro é grande admirador. Em troca dessa mudança, Israel iria fornecer tecnologia para dessanilização da água no Nordeste brasileiro, além de tecnologia para plantio na região do agreste nordestino, e fornecimento de drones para proteger as fronteiras brasileiras. Israel não deixa claro se esse fornecimento de tecnologias seja uma troca devido a mudança da embaixada, mas sim, uma “parceria” entre Brasil-Israel. Porém, essa mudança de embaixada é vista com cautela principalmente para o setor agropecuário brasileiro que teme uma represália de países árabes, onde grande parte das exportações brasileiras neste setor são direcionadas.

Outra questão que deve-se analisar no novo governo brasileiro é referente a postura que será adotada com seu principal parceiro comercial, a China. A China hoje vive uma guerra comercial com os EUA. Os EUA querem aproveitar a simpatia de Bolsonaro com seu país para tentar “afastar” a influência chinesa do Brasil. Porém, a parceria entre Brasil e China deve ser de extrema cautela, mesmo a China tendo um governo socialista, governada por um único partido, o Partido Comunista, e Bolsonaro ser um grande crítico do comunismo, o governo brasileiro deve-se lembrar que além da China ser nosso principal parceiro comercial, o momento atual de instabilidade internacional e de disputa de liderança global entre EUA e China deve ser um momento do Brasil não tomar lado, permanecendo neutro perante seus principais parceiros e como o próprio presidente Bolsonaro diz: manter uma política externa sem alinhamentos ideológicos.

Na América do Sul, o atrito brasileiro com a Venezuela aumentou, Maduro em declarações a mídia estatal venezuelana chamou Bolsonaro de “Hitler” e “fascista”. Ainda no governo Temer, o Brasil já cortou relações diplomáticas. Maduro foi reeleito de forma contestada, devido a denúncias de organizações internacionais de fraudes nas urnas, perseguição a opositores e ameaças de grupos paramilitares. União Europeia, países da América do Sul, EUA, Canadá e a oposição venezuelana não reconheceram seu novo governo. A Venezuela vive uma crise migratória, de saúde, falta de alimentos e produtos de higiene, além de uma inflação histórica. Seu principal produto o petróleo está com o preço do barril em baixa, e as políticas econômicas de Maduro tem levado a Venezuela ao colapso. Porém, para Maduro o principal culpado pela crise na Venezuela são os EUA.  A eleição de Bolsonaro acendeu um alerta para Maduro, de uma possível intervenção militar no país coordenada pelos EUA, Brasil, Colômbia e outros países para a sua retirada do poder, visto que, Maduro aparelhou as forças armadas e dificilmente sairá do poder em troca de uma possível pacificação. Porém, Rússia e China mandaram equipamentos militares e criaram bases militares para impedir essa intervenção, como forma de defender seu parceiro na América do Sul de uma possível intervenção. Entretanto o próprio ministro da defesa brasileira já reiterou que uma possível intervenção militar na Venezuela é impossível. Resta saber, como o governo Bolsonaro lidera com essa crise venezuelana no “quintal brasileiro”.

André Filipe do Prado Tenório

Acadêmico do curso de Relações Internacionais – UNIVALI

Redação
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