Por: Bruna Montoro:
Em recente entrevista, o General Hamilton Mourão (PRTB) (atual vice-presidente do governo Bolsonaro) deu uma declaração um tanto quanto intrigante. Ao ser entrevistado pelo jornal O Globo, o General transpareceu ter opiniões um tanto quanto divergentes aos seus aliados.
Confira trechos da entrevista publicada sexta-feira (1):
“Como o senhor acha que tem que ser tratado dentro do governo os temas de gênero?”
O governo tem que tratar de forma objetiva. É uma questão de saúde pública. Doenças sexualmente transmissíveis são uma questão de saúde pública.
A questão do aborto também é algo que tem que ser bem discutido, porque você tem aquele aborto onde a pessoa foi estuprada, ou a pessoa não tem condições de manter aquele filho. Então talvez aí a mulher teria que ter a liberdade de chegar e dizer “preciso fazer um aborto”.
“Até mesmo nos casos em que a mulher não tenha condições de manter o filho?”
Minha opinião como cidadão, não como membro do governo, é de que se trata de uma decisão da pessoa.
A entrevista publicada na primeira semana do mês, onde o atual presidente estava se recuperando da recém feita cirurgia da retirada da bolsa de colostomia. A declaração do nosso vice presidente parece não ter agradado gregos nem troianos, ao nos depararmos com reações de Bolsonaristas nas redes sociais, muitos alegam que o vice está “perdendo a sua essência” ou “querendo agradar demais a esquerda”. Também nessa mesma entrevista, o vice evidencia que não há conversas diretas com Jair Bolsonaro (PSL) desde antes das eleições, e faz a seguinte constatação: “O vice-presidente é uma pessoa permanente no governo. Ele só sai se ele pedir para sair. Os ministros poderão ser trocados eventualmente”.
Então nos questionamos, como o nosso atual governo é declarado abertamente conservador fundamentalista, qual seria a intenção do General na sua declaração? Indo de encontro aos princípios conservadores e cristãos, o vice parece ter aberto discussões e desentendimentos dentro dos seus próprios aliados. Eduardo Bolsonaro afirmou dias após a entrevista com Mourão “Desse daí não tenho nada a declarar. ”
Será que estamos vivenciando o pontapé inicial para uma crise entre os próprios governantes? Extraímos um fato disso: o Governo Bolsonaro não sobreviveu 30 dias sem uma polêmica interna.
Bruna Montoro, 19 anos, estudante de Jornalismo na Universidade Salvador.