Na coluna da semana passada, eu disse que era muito improvável que Trump não fosse reeleito nas eleições do ano que vem nos EUA. O que resta para a oposição democrata é impedir que Donald Trump cumpra suas promessas de campanha, para causar um possível desgaste no atual governo, entre as promessas, a principal e mais polêmica, a construção do muro na fronteira com o México. Porém, o presidente americano já começou a “preparar o terreno”para realizar a sua promessa de campanha.
Primeiro é necessário entender que já há um muro na fronteira com o México, não que cubra toda a extensão da fronteira, mas em algumas partes, há um muro que divide os dois países, grande parte erguida pelo ex-presidente Bill Clinton do Partido Democrata.
O assunto do muro voltou a ser debatido durante as eleições de 2016, Trump prometeu construir um enorme muro na fronteira dos EUA com o México, e que o próprio México pagaria pelo muro, segundo ele, para impedir a imigração ilegal e a entrada de drogas, o que atraiu grande parte do eleitorado dos estados fronteiriços, principalmente do principal reduto eleitoral republicano, o Texas.
Trump no seu primeiro ano de mandato, fez licitações para a construção do muro, qual empresas iriam construir, projetos e valores, e que seria concretizado em seu segundo ano de mandato, porém, o que se vê até agora é um tremendo impasse com a oposição. Primeiro porque o presidente do México Peña Nieto se recusou a pagar pelo muro, e com isso, os custos cairão sobre o contribuinte americano, para que isso ocorra, é necessário que o congresso americano aprove a verba estimada em US$5,7 bilhões de dólares. Se já era difícil aprovar com a câmara em sua maioria republicana, após as eleições midterms (meio de mandato) em 2018, mesmo Trump obtendo um resultado melhor do que as projeções pela grande mídia, os democratas assumiram o controle da câmara dos deputados, e com isso, praticamente impossível que seja aprovado o orçamento pedido por Trump.
Na votação do orçamento para 2019, Trump fez uma queda de braços com os democratas, o que levaram a maior paralisação da história do governo americano, com isso, Trump foi obrigado a aprovar o orçamento que não incluía os seus US$5,7 bilhões para a construção do muro.
Porém, Trump tem uma carta na manga, que é o caso El Chapo, o narcotraficante mais narcotraficante mais procurado nos EUA, preso em 2016 por tráfico de drogas, valores avaliados em torno de US$14 bilhões de dólares. Ted Cruz senador republicano pelo Texas, ligado a ala mais conservadora do Partido Republicano quer criar uma lei onde o dinheiro confiscado de El Chapo seja utilizado para financiar o muro. Além disso, Trump está literalmente em campanha pelo muro, realizando comícios em cidades fronteiriças como El Paso no Texas, atraindo multidões de pessoas simpatizantes pela construção do muro.
Por mais que os democratas no momento estão conseguindo obstruir uma das principais promessas de campanha do atual Comandante em Chefe da Casa Branca, é muito improvável que eles consigam adiar em definitivo. Primeiro, que caso a lei proposta por Ted Cruz não avance na câmara, Trump pode conseguir a verba através do “canetaço”, o presidente republicano pode através de um decreto declarar que a construção do muro é caso de “segurança nacional” e conseguir a verba, e provavelmente a fará, para tanto, Trump já está visitando cidades fronteiriças para atrair o apoio da população.
Os democratas estão conseguindo obstruir o muro, por enquanto. Trump quando quer uma coisa consegue, o que significa que o muro sairá, provavelmente dentre alguns meses, agora de que maneira? Não se sabe.
André Filipe do Prado Tenório
Acadêmico do curso de Relações Internacionais – UNIVALI
