Política, Muvuca e a Arte de Governar

Itapema: A política não é palco para fanfarrices — é compromisso com a lei, o respeito e a cidade. Quem tenta calar a imprensa cava a própria ruína política.

Nos corredores da política municipal, sempre há personagens que se alimentam do barulho. O vereador Ramos é um exemplo claro disso: vai ser apoiado e usado por quem gosta de muvuca. Alguns acreditam que, tirando o Xepa e colocando outro no lugar, algo mudará no comportamento de um edil. Ledo engano. A história mostra que, na primeira oportunidade, esses mesmos não votarão nele numa possível reeleição.

Falo com propriedade. Fui policial militar e hoje da reserva, fui candidato e assessor de candidatos, fui correspondente de jornal e, por anos, dirigi o Infobairros de Itapema, cobrindo de perto o funcionamento das câmaras de vereadores, prefeituras e governos. Vi alianças serem forjadas e desfeitas, vi promessas serem feitas ao vento, vi políticos que se diziam oposição se transformarem em defensores ferrenhos do sistema assim que sentiram o sabor do poder.

O papel do vereador é claro: legislar, fiscalizar e aprovar o orçamento. Fora dessa prática legal e da liturgia da função, o que resta é mero exercício de especulação, fanfarrismo ou fanatismo. Dentro desse conceito, Ramos se encaixa perfeitamente como um desarticulado, sem noção política e sem compromisso real com o mandato que lhe foi confiado.

Oposição é necessária. Aliás, é vital para a saúde da democracia. Mas oposição não é gritaria vazia, não é teatro para redes sociais, nem bravata para meia dúzia de curtidas. É preciso ser oposição com inteligência, respeito e, acima de tudo, propósito.

O problema é que muitos confundem política com palanque permanente. Esquecem que, por definição, política é algo muito mais elevado. Como ensina a própria nomenclatura:

Política — a arte ou ciência de governar; a arte ou ciência da organização, direção e administração de nações ou Estados.

Simples. Mas… na prática, o que vemos é uma distorção dessa arte. O que deveria ser ciência da gestão se transforma em espetáculo de autopromoção. O que deveria ser direção estratégica se converte em disputa de egos.

E há algo que a história já provou: atacar veículos de comunicação, levantar campanhas contra redatores, tentar calar jornalistas — já vi esse filme antes. Todos os políticos que trilharam essa caminhada tiveram o mesmo destino: acabaram relegados aos arquivos empoeirados da história, colocados na geladeira política ou simplesmente varridos do cenário público.

A democracia não sobrevive sem imprensa livre. E todo aquele que tenta sufocá-la assina, sem perceber, o próprio atestado de esquecimento.

Até lá, seguiremos vendo a mesma peça, apenas com atores diferentes.

Por Maurício Barth
Policial da reserva, repórter, empresário e cidadão itapemense

Redação
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Portal do notícias Folha do Estado especializado em jornalismo investigativo e de denúncias, há 20 anos, ajudando a escrever a história dos catarinenses.
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