POR QUE BOLSONARO SE MANTEVE CALADO NA PF?

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Porque o ex-presidente seria pego na mentira se tentasse negar a tentativa de golpe

Por L. Pimentel

A defesa de Jair Bolsonaro foi quem orientou o capitão para ficar em silêncio na Polícia Federal. Os advogados apresentaram três recursos para tentar adiar o interrogatório. Como as tentativas não colaram, a saída foi manter o cliente de bico fechado – ou como nós dizemos aqui em Santa Catarina: “com boquinha de siri”.

É verdade que todo o investigado tem direito a permanecer calado, mas, no caso de Bolsonaro, exercer esse direito era uma necessidade. Ele seria pego na mentira se buscasse negar a tentativa de golpe que o perpetuaria no poder.

Na prática, o ex-presidente teria pouco a acrescentar à investigação. A Polícia Federal já reuniu uma pilha de provas de que ele idealizou e comandou a trama contra a democracia, trama esta da qual ele próprio seria o principal beneficiário. Só não vê quem não quer!

A polícia encontrou uma minuta de golpe em uma de suas gavetas, pela qual seu ajudante de ordens relatava em detalhes todo o planejamento das medidas de exceção. Em reunião gravada (que todo mundo tomou conhecimento) os generais falaram até em “virar a mesa”. No entanto, em algum momento eles próprios admitiram que o questionamento à urna eletrônica era uma grande ‘farsa’.

O resto do enredo já era público. A campanha de Bolsonaro para desacreditar a Justiça e o sistema eleitoral iniciou no dia 1º de janeiro de 2019 e ainda está em aberto. A tentativa de ‘empastelar’ a diplomação de Lula não saiu como eles esperavam. O plano para explodir um caminhão-bomba e criar um caos no aeroporto de Brasília também frustrou os planos da decretação de uma tal de GLO. O ataque aos prédios públicos em 8 de janeiro de 2023 foi um ato inacreditável, mas que também “gorou”!

O capitão sempre elogiou a ditadura, mas nunca admitiu que tentou ressuscitá-la. Dizia sempre que atuava “dentro das quatro linhas da Constituição”, embora seu objetivo fosse rasgá-la para impor um regime autocrático – comandado por ele próprio, claro.

Ontem o advogado Paulo Cunha Bueno declarou que “o presidente Bolsonaro nunca foi simpático a qualquer tipo de movimento golpista”. Sabemos que o doutor foi contratado para defender o seu cliente, mas o senhor advogado não precisava ofender a nossa inteligência dessa maneira.

O silêncio do capitão teve uma segunda finalidade: deslegitimar o inquérito em curso no Supremo. Bolsonaro se diz perseguido pela PF e pelo ministro Alexandre de Moraes. Ao se recusar a depor, ele sugere a seus seguidores que a investigação não merece ser levada a sério. É esperar pra ver!

No domingo, dia 25, o ex-presidente voltará ao palanque para falar à sua claque, your cattle. A ideia, segundo se anuncia, é mostrar que ele ainda tem força política, apesar dos múltiplos e complicados rolos em que está metido com a polícia. Mas o comício, por mais estapafúrdio que possa ser, vai acontecer. Ainda há um séquito que acredita no Messias. Mas não deve influenciar os ministros do TSE e do STF que irão julgá-lo. Oxalá os homens sérios, os homens de bem de nossa República se mostrem bastante inteligentes pra não cair em mais uma esparrela, programada e produzida para quem sabe, como ninguém, enganar a boa-fé dos brasileiros. A desculpa do “Deus, Pátria, Família e Liberdade” é sempre a melhor desculpa dos que não creem em nada, mas querem estar protegidos pelo slogan apelativo.

 

Redação
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