A Sexta-Feira da Paixão e o Domingo de Páscoa ocorrem neste final de semana
Por L. Pimentel
“Aos olhos da fé, nenhum mal é mais grave que o pecado, e nada tem consequências piores para os próprios pecadores, nem para a Igreja nem para o mundo inteiro”. A Quaresma é um tempo em que Deus nos convida à conversão profunda. Mas como viver a Quaresma que já está em sua última semana? Sobretudo é preciso meditar sobre isso: o pecado nos afasta de Deus e levou Jesus a vir a Terra para nos salvar, morrendo numa Cruz. Devemos arrancar o pecado da nossa alma, pois um dia nos encontraremos com Deus.
O mais importante é tomar consciência do pecado e o desejo de tirá-lo da nossa alma. É nesse sentido que a Quaresma é um período para fazer penitência. Mas que tipo de penitência ou qual o sacrifício que poderíamos fazer? Há muitas coisas que o povo faz como: não tomar refrigerante, não comer chocolate ou doces, acessar menos o Facebook, o WhatsApp, o Instagram. Não comer fora de hora, cortar os churrascos, as festas, os bailes etc. Você fez isso durante esta quaresma?
A escolha da mortificação vai de cada um. Além do jejum, que pode ser de muitas maneiras, a Igreja ensina o grande valor da oração e da esmola, como “remédios contra o pecado.” Intensificar a oração: pensar mais em Deus, participar mais da Missa, da Eucaristia, confessar-se, fazer o exercício da Via Sacra, da adoração ao Santíssimo, rezar o santo Terço, fazer meditação da Palavra de Deus. Rezar ao menos três vezes por dia: de manhã, ao acordar, ao meio dia, e à noite, antes de deitar.
A nossa esmola não deveria ser apenas a ajuda ao pobre, mas também a todos os carentes de muitas formas: a esmola do sorriso, da ajuda, do serviço desinteressado ao outro, a esmola da paciência, do afeto, do carinho, da boa orientação, da atenção aos que precisam de nós.
São João Paulo II disse certa vez que “o fruto da Quaresma é Jesus Cristo”. É o se aproximar d’Ele. Santo Agostinho indica que “Um homem sem Deus é um peregrino sem meta, um questionado sem resposta, um lutador sem vitória, um moribundo sem nova vida”. “Quem ama a Deus nunca envelhece. Leva em si Aquele que é mais jovem que todos os outros”.
“Eu não seria nada, meu Deus, absolutamente nada, se não estivesses em mim. O maior castigo do homem é não amar Deus. Tu declaraste guerra a Deus? Tens cuidado. Quantas mais e quão maiores pedras lançares ao Céu, mais e maiores serão as feridas que elas te causarão ao cair. São Tomás de Aquino disse que quanto mais o homem se afasta de Deus, mais se aproxima do nada.”
Nesta Páscoa, pratique o exercício da solidariedade. Se não puder, para os outros, faça-o para você mesmo. Dê-se essa chance. “Give peace a chance”.
MALHAÇÃO DO JUDAS, UMA TRADIÇÃO QUASE EXTINTA
O costume de destruir um boneco que representa o traidor de Jesus Cristo, no Sábado de Aleluia, ainda resiste em várias cidades brasileiras.
Você se lembra da malhação do Judas no seu bairro como era antigamente? E atualmente, ainda existe essa tradição? A malhação do Judas é uma tradição herdada da Península Ibérica e disseminada em boa parte dos países da América do Sul desde a época colonial. Esquecida, porém, em boa parte do Brasil de hoje, ela ainda sobrevive em diversos bairros suburbanos.
Realizada sempre nas manhãs do Sábado de Aleluia, a prática consiste, basicamente, no linchamento coletivo e simbólico de um boneco representando Judas Iscariotes, o apóstolo de Cristo que o traiu e o entregou aos romanos.
Segundo a tradição o boneco é pendurado em um poste, passando a ser atacado violentamente, sobretudo por crianças e adolescentes. Em muitos casos, o boneco é arrancado do poste e a malhação chega a níveis extremos. O boneco, que, em geral é do tamanho de uma pessoa real, costuma ser incendiado ao meio-dia, o que muitos pais passaram a considerar inadequado para as crianças.
É interessantíssimo o relato do artista francês Jean-Baptiste Debret sobre a Malhação do Judas, em seu livro “Viagem Pitoresca ao Brasil”. Nele, Debret conta detalhes sobre o ritual, que havia ganhado proporções de festa popular e continha com bastante teatralidade e engenhosidade, conferida por costureiros e fogueteiros: “Compassiva justiça que serve de pretexto a um fogo de artifício queimado às dez horas da manhã, no momento da Aleluia, e que põe em polvorosa toda a população entusiasmada por ver os pedaços inflamados desse apóstolo perverso espalhados pelo ar com a explosão das bombas e logo consumidos entre os vivas da multidão! Cena que se repete no mesmo instante em quase todas as casas.
“Mas o dia deve ser mesmo de reflexão, de muita paz, de se pensar na mensagem do Cristo que está cada vez mais viva entre nós”!