ITAPEMA: AUDIÊNCIA PÚBLICA DEBATE VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER

Nesta quinta-feira (18), cerca de 120 pessoas participaram da audiência pública que abordou dados, serviços e perspectivas do enfrentamento à violência contra as mulheres em Itapema. Estiveram presentes 44 entidades, além de representantes governamentais e da comunidade.

REFLEXÃO SOBRE O PERDÃO DE MACEDO À LULA

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Editorial

Recentemente, o “Chefão” da Igreja Universal do Reino de Deus, o auto intitulado Bispo, Edir Macedo, causou uma certa polêmica ao divulgar um vídeo onde comentava sobre o perdão, onde mencionou que uma fiel de sua igreja teria dito que ela perdoava o Lula (Luiz Inácio Lula da Silva, presidente eleito do Brasil).

No citado vídeo ele menciona que argumentaram com seus fiéis sobre o perdão, no sentido de que eles perdoassem a Lula.

Mas não vamos aqui tratar do perdão em si, mas de atitudes. Sim, atitudes.

Isso porque, o Edir Macedo talvez tenha que justificar algumas coisas que nós ainda não entendemos e, mesmo durante vários anos observando de longe, acreditamos que chegou a hora de olhar mais de perto algumas atitudes do auto intitulado Bispo.

Primeiramente, aquela cena inenarrável da arrecadação de dinheiro em sacos no estádio de futebol, onde, supostamente, seriam para a compra de uma emissora de televisão.

Posteriormente, coincidência ou não, a Rede Record foi comprada de Sílvio Santos (até onde se sabe, com o dinheiro dos fiéis). Ora, se foi com o dinheiro dos fiéis, por óbvio se imagina que a emissora seria pertencente à igreja e, como tal fazendo até mesmo parte de seu acervo financeiro, mobiliário e imobiliário, ativos e passivos. Seria essa a lógica em nossa ótica.

Até porque, uma igreja tem estatutos e diretorias e, tudo que se adquire com os recursos dos fiéis para a igreja tem que, em tese, estar sob administração direta dessa diretoria. O mesmo se deve em relação às emissoras de rádio.

Até porque, em eventual caso de dissolução, os bens adquiridos com os recursos dos fiéis não podem ficar com uma pessoa. Portanto, sob essa égide, se repudia as teses de que as emissoras devem ficam em nome de uma pessoa ou mesmo uma empresa diversa da igreja. Quando muito, se admite que, essa pessoa ou grupo empresarial criado para esse fim, tenha um contrato de compromisso de devolução dos bens à igreja, em caso de falecimento do administrador, ou de dissolução da entidade.

Afinal, se a emissora, seja de rádio, seja de televisão for adquirida com recursos dos fiéis, nada mais justo de que, primeiro, seja utilizada para os objetivos que justificam a própria existência da entidade adquirente, ou seja, a divulgação da Palavra de Deus.

E, segundo, que seja parte integrante do “todo” da entidade, pois afinal, foi adquirida graças aos recursos de seus fiéis, que não teriam nenhum interesse em adquirir uma rádio ou TV comercial que não tivesse como objetivo a divulgação para as pessoas em geral da Palavra do Senhor.

Até porque, se assim fosse, com o intuito de se adquirir uma emissora comercial normal, todos os doadores deveriam constar como “sócios”, cada qual com sua participação societária de acordo com o valor investido.

Citamos como exemplo a Rede Vida de Televisão, pertencente à Igreja Católica, e que transmite diariamente diversos programas relacionados à fé cristã, saúde, notícias, etc.

Essa emissora não atua como uma emissora comercial, e sim, como uma emissora “católica”, com uma grande gama de conteúdos voltados ao seu público.

Voltando para a Rede Record, ela foi adquirida pelo Bispo Edir Macedo em 1989, sendo que Sílvio Santos somente descobriu a identidade do verdadeiro comprador, após a transação estar concretizada.

Com isso, os fiéis da Universal imaginavam que agora teriam uma emissora equivalente à Rede Vida, para poder divulgar a Palavra do Senhor a todos os cantos do Brasil.

Mas, ainda não era uma emissora de cobertura nacional. Então, passou-se a um grande plano de reestruturação, com o objetivo de atingir todo o território nacional, chegando em todos os lares, assim como a sua similar e líder de mercado, Rede Globo.

O que ainda não se explicou, e aí está um questionamento nosso é: De onde vieram os recursos milionários para a expansão nacional da Rede Record de TV para chegar até o patamar atual?

Sem contar que a emissora gradativamente foi diminuindo seus horários voltados ao cristianismo e aumentando e muito sua grade de programação normal, talvez com o intuito de “competir” com a líder de mercado, o que, em tese fere o objetivo inicial para a qual teria sido adquirida.

Essa expansão milionária tem uma fonte segundo uma matéria da Revista Veja de 05/08/09, que aponta “Universal repassou em 3 anos quase R$ 1 bilhão para emissora de TV”, diz a revista.

Ora, se o dinheiro veio da Igreja Universal, é de se acreditar que veio dos recursos dos fiéis.

Mas vamos um pouco além, pois afinal a Record TV passou a ser uma emissora comercial de porte nacional e deixou os “objetivos cristãos” para um pequeno espaço em sua grade de programação.

Então, como se poderia sanar essa lacuna deixada pelo Record aos fiéis? Simples: A aquisição da Rede Mulher de Televisão poderia resolver isso não é mesmo? E lá vai dinheiro para comprar a emissora.

Pronto, agora a Rede Mulher vai falar das Boas Novas, talvez você fiel pensou na época. Agora sim, a Record TV comercial e a Rede Mulher divulgando a Palavra. Agora está tudo certo.

Ledo engano! Em 2007, a Rede Mulher mudou seu nome para Record News e seria o primeiro canal aberto de notícias 24hs por dia.

Em entrevista ao site Portal Imprensa, Alexandre Raposo, então presidente da RecordTV, declarou que o novo canal seria um “meio de tirar maior proveito dos produtos jornalísticos da emissora, fortalecendo a marca “Record”, tornando-a ainda mais conhecida e aumentando as suas possibilidades de crescimento e atingirá um público qualificado, resultando em um bom faturamento, já que a emissora principal tem 35% de sua receita gerada a partir do telejornalismo”.

Notem que, o objetivo, segundo a fala do então presidente da RecordTV, seria o faturamento. Ou seja, o desempenho financeiro.

Com isso, fico a me perguntar: Qual é a lógica de se convencer fiéis a comprar uma emissora de televisão? Em tese, de que se iria utilizar para levar a Palavra. Isso em tese. Aí, se compra uma outra emissora e a transforma em televisão comercial, mas tudo isso feito com recursos oriundos de onde?

Segundo reportagem da Revista Veja, os recursos da Igreja Universal continuaram bancando a emissora RecordTV com seus recursos, tudo isso para se tornar uma emissora de influência nacional, mas que eu não consigo entender aonde os fiéis obtêm algum tipo de retorno, nem na pregação da Palavra eu consigo observar pelo volume investido.

Sem contar que os fiéis da Igreja Universal, até onde se tem conhecimento, não recebem nenhum dividendo pelos investimentos dos recursos deles em uma rede de televisão comercial.

Diante disso é de se questionar ao” perdoador” Bispo Edir Macedo, o porque de se utilizar dos recursos dos fiéis em uma emissora de televisão comercial quem tem uma programação cristã ínfima em sua grade, bem como ainda manter com recursos milionários dos fiéis essa emissora (segundo matéria da Revista Veja, a revista informa também que o bispo Edir Macedo, líder e fundador da Universal, é dono de 90% da Rede Record. A mulher dele, Ester Eunice Rangel Bezerra, é dona dos outros 10%, informa a “Veja” na matéria).

Não vamos falar em pregação aqui, mas a Bíblia a qual o Bispo Macedo diz seguir, fala claramente que devemos “dar a César o que é de César e a Deus o que é de Deus. Se o dinheiro que os fiéis entregam na igreja é para Deus, ou seja, para ser utilizado na Obra e na pregação da Palavra, para custear os gastos em função disso, como aluguel, água, luz, salários, materiais de leitura e divulgação, etc., por que vão parar em uma emissora de televisão (ou que sejam emissoras de rádio) com o cunho comercial?

Neste sentido, caso os recursos dos fiéis eventualmente estejam sendo utilizados em qualquer tempo, de forma não tão voltada aos objetivos das contribuições, cabe dizer que, quem deverá pedir perdão será o próprio Bispo Edir Macedo.

“O tempo passa e parece que as coisas não mudam. Os homens têm as mesmas malícias, defendem os seus interesses, enganam e mentem. Mas tudo isto é assim porque vivemos no mundo de Césares ou não conhecemos ou não sabemos da realidade do reino de Deus”[2].

Elias Costa Tenório

Editor’

Referencias:

[1] https://g1.globo.com/Noticias/Brasil/0,,MUL1268671-5598,00-UNIVERSAL+REPASSOU+EM+ANOS+QUASE+R+BILHAO+PARA+EMISSORA+DE+TV+DIZ+REVISTA.html

[2] http://portal.metodista.br/pastoral/reflexoes-da-pastoral/dai-a-cesar-e-dai-a-deus

Redação
Redaçãohttps://www.instagram.com/folhadoestadosc/
Portal do notícias Folha do Estado especializado em jornalismo investigativo e de denúncias, há 20 anos, ajudando a escrever a história dos catarinenses.
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