Encontro começa nesta segunda-feira no Rio
AGÊNCIA BRASIL: – O Rio de Janeiro recebe nos próximos dias a Cúpula de Líderes do Mercosul, em que altas autoridades e chefes de Estado vão discutir iniciativas para a integração e desenvolvimento da região. Mas antes de os líderes dos países membros e associados assumirem o protagonismo na quarta (6) e na quinta-feira (7), os holofotes estarão voltados para representantes da sociedade civil, que participarão da Cúpula Social logo no começo da semana, nesta segunda (4) e nesta terça-feira (5).
A Cúpula Social, em formato presencial, estava suspensa desde 2016. A retomada é um compromisso do Brasil, que assumiu a presidência pro tempore (rotatividade a cada seis meses) do Mercosul em julho de 2023. Os encontros serão no Museu do Amanhã e no Museu de Arte do Rio (MAR). Participarão cerca de 300 representantes de organizações e movimentos da sociedade civil, além de autoridades dos países membros e associados do bloco econômico.
A realização de um evento com destaque para a participação social na agenda internacional dias antes de um encontro de autoridades é similar ao que ocorreu em agosto, em Belém, quando os Diálogos Amazônicos antecederam a Cúpula da Amazônia.
ABORDAGENS
Mesas temáticas discutirão o papel da participação social para a democracia, desafios comuns e integração entre os povos. Cinco grupos de trabalho tratarão de assuntos como enfrentamento à fome e à pobreza, cidadania e direitos humanos, desenvolvimento e meio ambiente e fortalecimento da participação social.
Um dos representantes da sociedade civil convidados para o evento é o secretário adjunto de Relações Internacionais da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Quintino Severo. Ele representará a Coordenadoria de Centrais Sindicais do Cone Sul (CCSCS).
Segundo o sindicalista, o encontro internacional é uma oportunidade para defesa dos direitos trabalhistas. “É fundamental ter relações de trabalho que sejam dignas para todos os trabalhadores, de todos os países”, disse.
A programação cultural na Cúpula Social inclui uma exposição sobre o ritmo funk, como forma de expressão e liberdade, e uma roda de samba. O Museu do Amanhã e o MAR ficam a poucas quadras da região conhecida como Pequena África, que guarda a herança da chegada e da presença de negros africanos trazidos à força para a América do Sul.
IGUALDADE RACIAL
A secretária executiva do Ministério da Igualdade Racial, Roberta Eugênio, participará de um encontro com representantes de minorias afrodescendentes nos países vizinhos. “O debate sobre as desigualdades raciais não é restrito a um país que tenha a maioria da sua população negra”, afirma.
– O Brasil tem contribuído com um debate sobre quais são as políticas que precisam ser desenvolvidas para enfrentamento desse problema. Temos população afrodescendente também na Argentina, no Uruguai, no Paraguai, e os países têm se demonstrado muito interessados em promover políticas que caminham na direção do enfrentamento do racismo e da promoção da igualdade racial nos seus territórios – acrescenta.
ENCAMINHAMENTO
Os encontros da Cúpula Social serão transmitidos ao vivo pela Empresa Brasil de Comunicação (EBC), da qual faz parte a Agência Brasil. Os resultados das discussões serão encaminhados aos líderes dos países do bloco econômico no dia 7 deste mês.
Para Roberta Eugênio, a Cúpula Social do Mercosul traz uma mensagem de fortalecimento da integração entre os povos por meio da participação social. “Fica nítida, quando realizamos eventos preparatórios envolvendo a sociedade civil, a importância da participação popular nos processos decisórios, mesmo nas macrodecisões que o Brasil vai tomar”, salienta.
Sobre a retomada da Cúpula Social depois de tantos anos, Quintino Severo diz que é uma iniciativa muito importante. “Queremos ir aperfeiçoando a participação social. Não queremos que apenas as mercadorias, os mercados, tenham capacidade de se articular, mas que a sociedade, os trabalhadores, outras organizações da sociedade possam também contribuir na perspectiva de ter justiça social e aperfeiçoar as ferramentas de participação nas decisões futuras do Mercosul”, ressalta.
O BLOCO
O Mercado Comum do Sul (Mercosul) é um processo de integração regional iniciado em 1991, formado inicialmente pela Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. Nas décadas seguintes foi aprovada a entrada da Venezuela e da Bolívia. Desde 2017, a Venezuela está suspensa pelo não cumprimento de cláusulas democráticas do bloco. A Bolívia ainda não concluiu o processo de ingresso, mas já teve a chancela dos parlamentos dos demais países. São países associados Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname. O bloco abrange uma área de 14.869.775 quilômetros quadrados (o Brasil detém 57%) e uma população de 295 milhões, sendo mais de 200 milhões de brasileiros.
Por Bruno de Freitas Moura – Repórter da Agência Brasil* – Rio de Janeiro
*Colaboraram Dayana Vitor e Priscila Thereso, da Rádio Nacional
Edição: Nádia Franco