ARTIGO BRASIL TRABALHADOR: ENTRE A LUTA, A ESPERANÇA E O DIREITO A DIGNIDADE E AO DESCANSO

Primeiro de Maio, dia do trabalhador

Joinville/SC: O Brasil é uma nação forjada pelo suor de homens e mulheres trabalhadores. No entanto, sua história carrega marcas profundas: são mais de 300 anos de escravidão que deixaram cicatrizes estruturais ainda visíveis em nossa sociedade. Mesmo após mais de um século da abolição formal, ainda vemos trabalhadores sendo resgatados de condições análogas à escravidão. Um retrato cruel da persistência da desigualdade e da exploração.

Somente entre 2020 e 2023, o Ministério do Trabalho e Emprego resgatou mais de 5 mil pessoas em condições degradantes. Casos que nos obrigam a refletir: o trabalho deveria ser instrumento de dignidade, mas para muitos ainda representa sofrimento e submissão.

Neste 1º de Maio, Dia do Trabalhador, é impossível ignorar a realidade de milhares de brasileiros que vivem em favelas, ocupações urbanas e rurais. Não por escolha, mas por falta de oportunidades reais. O que pode fazer um trabalhador que recebe um salário mínimo diante dos preços dos aluguéis, da cesta básica, da passagem de ônibus, da educação dos filhos? Com esse rendimento, é possível financiar um apartamento, comprar um terreno, construir sequer um quartinho?

Pior ainda é a jornada que se impõe a muitos: o chamado “seis por um” – seis dias de trabalho seguidos por apenas um de descanso. Na prática, uma rotina exaustiva que adoece o corpo e a mente, destrói laços familiares e elimina o direito ao lazer, à formação pessoal e à convivência. É uma estrutura que beneficia o lucro, mas sacrifica o ser humano.

A celebração do Dia do Trabalhador deve ser, acima de tudo, um momento de denúncia, consciência e proposição. Se queremos um país mais justo, precisamos agir com coragem:

  • Revisar a jornada de trabalho para um modelo mais saudável e produtivo, com foco no bem-estar e na qualidade de vida. É hora de o Brasil discutir a redução da carga horária semanal e o direito ao descanso real.

Países como a Islândia e a França mostram que é possível reequilibrar a relação entre trabalho e vida: reduzir a jornada semanal sem comprometer a produtividade, garantindo mais saúde, tempo e bem-estar ao trabalhador. O Brasil precisa se inspirar nessas experiências e ousar discutir novos caminhos.

  • Retomar a política de valorização do salário mínimo, vinculando seu reajuste ao custo real de vida, para que o trabalhador não precise escolher entre comer e pagar o aluguel.
  • Reforçar a fiscalização contra o trabalho análogo à escravidão, responsabilizando duramente quem lucra com a degradação humana.
  • Investir em moradia digna, transporte acessível e políticas públicas que integrem o trabalhador à cidade, em vez de mantê-lo confinado à periferia do direito.

Enquanto houver desigualdade, precarização e silêncio diante da exploração, o grito do povo trabalhador seguirá ecoando. Porque nenhum país pode ser verdadeiramente livre enquanto seus trabalhadores forem prisioneiros da fome, do medo e da fadiga.

O Brasil do trabalho precisa se tornar o Brasil da dignidade. E isso começa com escuta, ação e justiça social.

JOSÉ SANTANA: Jornalista, graduado em Gestão Pública e pós-graduando em Direito Constitucional e Direito Administrativo pela Universidade Uninter. É editor do portal Folha do Estado SC, com 25 anos de atuação no jornalismo investigativo e técnico, especializado em política, direitos fundamentais e desenvolvimento institucional.

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