Agricultura brasileira aproveita para incrementar negócios com a China
O avanço das exportações brasileiras de grãos para a China, especialmente de soja, acirra a competição nos mercados globais e obriga os Estados Unidos a reorganizar sua estratégia comercial. Com menos contratos firmados com Pequim para a próxima safra, Washington intensifica sua busca por novos destinos, enquanto o Brasil se consolida como o principal fornecedor para a potência asiática, conforme noticia a Bloomberg. Segundo dados do Departamento de Agricultura dos EUA, a China respondeu por cerca de metade das exportações americanas de soja em 2024. No ano passado, as exportações agrícolas americanas somaram US$ 176 bilhões.
Para a nova temporada, no entanto, não há registros de contratos chineses para soja, milho ou trigo americanos, ainda segundo a Bloomberg. No vácuo, Brasil e Argentina expandiram sua presença, beneficiados por custos competitivos, acordos diplomáticos estáveis e oferta consistente. Normalmente, a soja sul-americana abastecia o mercado global no primeiro semestre e a norte-americana no segundo semestre. Este ano, contudo, a China tem antecipado suas compras de soja produzida por aqui.
Em abril, o governo chinês reconheceu publicamente, pela primeira vez, que a soja brasileira vem substituindo os grãos dos Estados Unidos no abastecimento do país asiático. E conforme os chineses, o Brasil tem fornecido volumes suficientes de soja com “qualidade satisfatória”, consolidando-se como alternativa viável aos grãos norte-americanos.
Para tentar recuperar o terreno perdido, segundo reportou a Bloomberg, a ofensiva americana é conduzida pela secretária de Agricultura Brooke Rollins, que já passou por Reino Unido e Itália nas últimas semanas e tem reuniões agendadas em países da Ásia como Japão, Vietnã e Índia, segundo a agência. O corte de programas internacionais de ajuda alimentar promovido pela administração Trump, somado aos impactos de tarifas impostas a parceiros comerciais, comprometeu rotas tradicionais de escoamento da produção, conforme a agência americana.
Agora, enquanto os EUA correm atrás de novas frentes, o Brasil mantém ritmo firme de embarques. Segundo o Cepea – centro de estudos vinculado à Esalq – Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz -, da USP – Universidade de São Paulo -, e referência em indicadores de preços de produtos agropecuários brasileiros -, as exportações nacionais de soja atingiram 11,15 milhões de toneladas em maio (até o dia 26), com uma média diária 8,96% superior à do mesmo período de 2024. A colheita da safra 2024/25 está praticamente encerrada: com 99,5% da área já tendo sido colhida até 24 de maio, segundo a Conab. Os preços internos, porém, mostraram um leve recuo. O Índice Cepea/Esalq para o porto de Paranaguá caiu 1,17% em maio, com média de R$ 133,10 por saca de 60 kg. No Paraná, a queda foi de 1,3%, com média de R$ 128,14. As oscilações refletem tanto o avanço da colheita na América do Sul quanto o ritmo do plantio nos Estados Unidos e a incerteza em torno das tarifas comerciais ainda em vigor. De qualquer forma, o Brasil, que tem colhido safras recordes de soja e milho, tem conseguido abastecer o país internamento, assim como aumentado suas exportações para outras nações.
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Graciliano Rocha – Uol











