Eu não queria que o Bolsonaro fosse preso
A PGR pediu sua prisão por diversos crimes, e é justo que ele responda por eles. Mas se eu pudesse escolher, preferiria que não tivesse chegado a esse ponto.
O que eu queria? Eu queria é que os pastores que subiram nos palanques ao lado dele, tivessem visto com clareza o que estava diante dos seus olhos: “que ele nunca foi o escolhido de Deus”. Que tivessem visto com mais clareza, ao invés de agirem como sua assessoria de campanha ‘com os olhos voltados para a burra cheia do governo’. Que tivessem cumprido o seu papel, mostrando a farsa e não escondendo-a. Revelando não apenas suas limitações como homem público, mas também o quando sua atuação no Legislativo, por décadas, foi insignificante para o país, socialmente ameaçadora, sustentada por alianças perigosas e discursos repletos de linguagem violenta.
Isso, talvez, tivesse evitado que hoje tivéssemos um Congresso transformado em abrigo de mais de 100 investigados por crimes de toda a natureza. Só em seu partido (PL) quase metade dos deputados defensores da família, têm denúncias na justiça. Não teríamos o Orçamento Secreto, que deixa um rastro de corrupção e desperdício com o dinheiro público.
Queria que quando ele exaltou um torturador no plenário, a sua carreira política tivesse acabado ali. Mas não. A omissão dos que diziam defender a democracia, mas estavam sedentos por poder, permitiu que a tragédia seguisse o seu curso – fato lamentável que ainda segue até os dias de hoje.
E foi desta maneira que perdemos mais de 700 mil vidas. Gente que poderia estar viva, não fosse a idolatria política, a recusa a vacina, a escolha absurda de proteger a economia em vez de salvar pessoas. E agora, de forma cruelmente irônica muitos ainda dizem, que se destrua a economia, desde que ele seja salvo da prisão.
Eu não queria que ele fosse preso. Queria que ele nunca tivesse tido poder. Assim nosso país teria sido poupado de um luto tão cruel e tempos tão sombrios como os que estamos vivenciando. Mas, uma vez que o tempo não volta, que tudo isso tenha servido de lição. A vida é feita de escolhas. E mesmo sabendo disso eu ainda continuo querendo coisas. Quero, que quem ainda o defende, seja no Brasil ou no exterior, tenha a coragem de olhar pra dentro, que investigue o próprio coração e se pergunte: “por que ainda sustento mentiras? Por que prefiro crer que ele é apenas um cidadão incompreendido?”
Quero que essas pessoas escolham a verdade, mesmo que doa. Porque é só com humildade que nossos olhos se abrem. Quero que nós, como povo brasileiro, aprendamos a escolher melhor. Que não sejamos mais manipulados por quem usa a fé como moeda. Que não sejamos mais enganados por falsos salvadores. Quero que a gente volte a ouvir o que importa – o coração do Brasil, que pede pão com dignidade, paz entre os irmãos, e que a justiça alcance a todos.
Por L. Pimentel











