Uma mensagem para refletir neste domingo
Poucos temas despertam tanto temor e reflexão nos leitores da Bíblia quanto a advertência de Jesus sobre o chamado “pecado contra o Espírito Santo”. Os evangelhos sinópticos registram suas palavras com clareza:
- “Portanto, eu vos digo: todo pecado e blasfêmia se perdoará aos homens; mas a blasfêmia contra o Espírito não será perdoada. E, se qualquer um disser alguma palavra contra o Filho do homem, ser-lhe-á isso perdoado; mas, se alguém falar contra o Espírito Santo, não lhe será isso perdoado, nem neste século nem no futuro”. (Mateus 12:31-32)
- “Em verdade vos digo: todos os pecados serão perdoados aos filhos dos homens, bem como todas as blasfêmias que proferirem; mas aquele que blasfemar contra o Espírito Santo nunca obterá perdão, mas será réu de pecado eterno”. (Marcos 3:28-29)
- “E a todo aquele que disser uma palavra contra o Filho do homem, ser-lhe-á perdoada; mas ao que blasfemar contra o Espírito Santo, não lhe será perdoado”. (Lucas 12:10)
A tradição cristã sempre entendeu esses versículos como referência ao ato de rejeitar deliberadamente a obra de Deus, atribuindo ao mal o que é obra do Espírito. É um alerta grave, pois não se trata de uma falha momentânea ou de uma dúvida espiritual, mas de um estado de endurecimento consciente diante da verdade.
A VISÃO DO LIVRO DE URÂNTIA
Quando se analisa o tema à luz do Livro de Urântia, o conceito ganha contornos ainda mais amplos. Segundo a obra, o pecado não é meramente um erro ou desvio moral, mas a rebelião consciente e persistente contra a vontade de Deus.
Nesse contexto, o chamado “pecado contra o Espírito” corresponde à rejeição definitiva da orientação espiritual interior – o Ajustador do Pensamento, a centelha divina residente em cada ser humano – e também das influências coordenadas do Espírito da Verdade e do Espírito Santo.
O Livro de Urântia explica que, enquanto as quedas humanas e as fraquezas podem ser corrigidas pelo arrependimento sincero e pelo recomeço espiritual, o pecado contra o Espírito é a decisão irreversível de fechar-se à luz, negando a própria possibilidade de sobrevivência da alma. Não é um deslize emocional ou uma dúvida de fé, mas um ato consciente e repetido de rejeitar o caminho da filiação divina.
UM CHAMADO À REFLEXÃO
Essa abordagem nos convida a refletir sobre a natureza da misericórdia e da liberdade. A graça divina, tanto no evangelho quanto em Urântia, é apresentada como ilimitada. Mas ela não pode violar a escolha humana. A vida eterna é um dom oferecido a todos, porém depende da resposta de cada indivíduo.
O verdadeiro risco espiritual não está em nossos erros cotidianos, mas em endurecer o coração a ponto de rejeitar, mesmo com plena consciência, a voz interior que nos chama para Deus. Nesse sentido, o “pecado contra o Espírito Santo” não é uma condenação arbitrária, mas a consequência natural de uma alma que decide permanecer fechada à verdade e ao amor divino.
CONCLUSÃO DESTA ANALISE
Mais do que um dogma teológico, trata-se de um alerta existencial. O pecado contra o Espírito não é um tropeço ocasional, mas a cristalização da recusa espiritual. Se a Bíblia nos lembra do perigo, o Livro de Urântia amplia a compreensão ao mostrar que esse pecado é, em última análise, a perda voluntária da própria eternidade.
A pergunta que fica, portanto, é: estamos cultivando sensibilidade ao Espírito ou permitindo que nossa alma se torne insensível à luz? O futuro da eternidade repousa nessa escolha.
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Por José Santana