Um brasileiro fazendo continência com o boné alheio
Com base na cobertura recente, o que ganha a atenção neste momento é o envolvimento inexplicável do governador paulista Tarcísio de Freitas no debate em torno da anistia aos condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023.
Participação em atos pró-anistia
No dia 6 de abril de 2025, Tarcísio participou de um ato em São Paulo, convocado por Jair Bolsonaro, em defesa da anistia aos condenados pelos ataques ao Congresso, STF e Palácio do Planalto em 8 de janeiro. No evento, declarou que a anistia é uma pauta urgente e que é preciso “pacificar o País”. E fez uma provocação política: “Se está tudo caro, volta Bolsonaro”!
Coletiva com Bolsonaro no Palácio dos Bandeirantes
Também no dia 6 de abril, Tarcísio recebeu Bolsonaro e outros governadores no Palácio dos Bandeirantes antes do ato na Paulista, compartilhando foto nas redes sociais com a frase: “Daqui a pouco, juntos na Paulista!” .
Relação de lealdade política
Em fevereiro de 2025, diante de uma denúncia da PGR contra Bolsonaro por suposta tentativa de golpe, Tarcísio usou sua conta no X para defender o ex-presidente, chamando-o de “a principal liderança política do Brasil” e dizendo: “Estamos juntos, presidente” .
Repercussão e críticas
Em julho de 2025, a ministra Gleisi Hoffmann reagiu ao discurso de Tarcísio que mencionava pacificação, dizendo que o governador “não tem autoridade para falar em pacificação”, especialmente após suas manifestações de apoio ao ex-presidente, que enfrenta processos judiciais – e acusou Bolsonaro de golpe.
Percepção de vaivém político
Analistas observaram que Tarcísio adota uma estratégia oscilante: ora elogia Lula, ora critica, ora se alinha ao bolsonarismo. No Rio, defendeu a anistia e disse que era preciso “libertar o Brasil da esquerda”; antes, porém, havia feito acenos ao governo Lula em outras ocasiões.
PRAGMATISMO POLÍTICO
Tarcísio parece buscar equilíbrio entre manter vínculos com a base bolsonarista e adotar uma postura mais moderada em relação ao governo federal. Isso se encaixa em sua possível estratégia de se consolidar como uma liderança tecnocrática da direita para 2026 – ainda que sem compromisso ideológico rígido.
Risco à imagem de “pacificador”
Ao pender publicamente para pautas como a anistia, associadas aos apoiadores dos atos golpistas, ele (Tarcísio) compromete parte da narrativa de pacificação que tenta transmitir. Críticos apontam que, sem uma postura clara contra os movimentos antidemocráticos, sua credibilidade como pacificador pode ficar fragilizada.
Alianças e possíveis ambições eleitorais
Com forte apoio de Bolsonaro e de defensores da anistia, Tarcísio pode estar pavimentando seu caminho rumo a 2026. Contudo, seus apoios ambíguos – especialmente ao mesmo tempo em que se aproxima de Lula em certos momentos, noutros o critica – mostram uma tentativa de ampliação do espectro político que ainda gera desconfiança entre os leais a Bolsonaro.
Concluindo…
O apoio de Tarcísio de Freitas à anistia em atos públicos ao lado de Bolsonaro é um gesto político relevante e polêmico. Ele busca apaziguar tensões e atrair apoio bolsonarista, mas corre o risco de sacrificar sua própria imagem moderada e de conciliador. O equilíbrio que tenta manter – entre pragmatismo e lealdade política – será testado à medida que a discussão sobre essa pauta avançar no Congresso e na sociedade brasileira. E, finalmente fica a pergunta, por que ele estaria agindo dessa forma? Pois se a anistia viesse, ele (Tarcísio) ficaria de fora das eleições presidenciais de 2026. É difícil saber, pois mesmo depois de ter posto na cabeça o boné do Trump com os dizeres “Make America Great Again” logo após as eleições dos Estados Unidos, o poderoso chefão norte-americano ainda não deu nenhuma mostra, nem mesmo de que conhece o governador de São Paulo. Me parece que tudo isso não passa de um jogo de cena muito mais “pra inglês ver” que tenha qualquer outro efeito prático.
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Por L. Pimentel











