ARTIGO: A CORAGEM MORAL DE JESUS: UM CHAMADO À DIGNIDADE HUMANA

Eu sou a voz que clama no deserto, e como disse o profeta Isaías, endireitai o caminho do Senhor

Em tempos de polarização e intolerância, o exemplo humano e espiritual de Jesus Cristo ressoa como uma lição de coragem moral e equilíbrio. Sua vida foi marcada por uma postura firme diante da injustiça e, ao mesmo tempo, por uma sensibilidade incomparável em relação à dignidade de cada pessoa, fosse ela mulher, criança, estrangeiro, adversário ou até mesmo um preso.

Jesus não se acovardou diante dos poderosos de sua época. Enfrentou autoridades políticas e religiosas com a autoridade tranquila de quem sabia que a verdade não precisa de gritos nem de violência. No templo, ao expulsar os mercadores, declarou: “Está escrito: A minha casa será chamada casa de oração; mas vós a transformais em covil de ladrões” (Mateus 21:13). Era a coragem moral em ação, desafiando a manipulação da fé.

Sua força, contudo, nunca se confundiu com dureza insensível. Ao acolher as crianças, disse: “Deixai vir a mim os pequeninos e não os impeçais, porque dos tais é o Reino de Deus” (Marcos 10:14), rompendo com uma cultura que não valorizava os menores.

Com as mulheres, mostrou dignidade e respeito em situações impensáveis para sua época. À samaritana, junto ao poço, revelou-se como Messias (João 4:26); à mulher adúltera, cercada de acusadores, afirmou: “Quem de vós estiver sem pecado, seja o primeiro a atirar-lhe uma pedra” (João 8:7). Sua palavra desmontou a hipocrisia e restaurou a vida de alguém condenado à exclusão.

Jesus também deu voz aos estrangeiros. Sobre o bom samaritano, contou uma parábola que inverteu preconceitos, exaltando aquele considerado inimigo religioso (Lucas 10:33).

Até mesmo na cruz, diante da morte, estendeu dignidade a um preso que reconheceu sua falha: “Em verdade te digo: hoje estarás comigo no paraíso” (Lucas 23:43). Assim, reafirmou que a misericórdia supera a sentença final dos homens.

Esse equilíbrio entre firmeza moral e compaixão prática é o que falta, muitas vezes, em nossas lideranças contemporâneas. É fácil condenar, marginalizar e levantar muros. Difícil é exercer coragem com respeito, autoridade com humildade e justiça com misericórdia.

Os moralistas de plantão nas redes sociais e alguns que ocupam tribunas do povo – em templos ou nas casas da democracia – não hesitam em espalhar a separação, fulminar os frágeis e desprezar os oprimidos. Largados à própria sorte nas ruas da capital americana, nos becos da Europa ou nas vielas da América Latina e Central, esses invisíveis são vítimas da indiferença de homens desalmados, esvaziados do espírito divino e habitados por forças desumanas.

O exemplo de Jesus Cristo permanece atual: não há verdadeira moralidade sem respeito à dignidade humana, e não há justiça autêntica sem amor. Que este legado inspire cidadãos e governantes a praticar não o autoritarismo travestido de fé, mas a verdadeira coragem moral – aquela que se ergue em defesa do próximo, especialmente dos mais vulneráveis.

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José Santana – Jornalista, especialista em Direito Constitucional

Redação
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