ARTIGO: A NEGATIVA DO EX-PRESIDENTE SOBRE AS VACINAS

Declaração antivacina de Bolsonaro reacende debate sobre desinformação e responsabilidade pública

Durante entrevista ao UOL nesta quarta-feira (14), o ex-presidente Jair Bolsonaro voltou a criticar as vacinas contra a COVID-19, afirmando que “as vacinas não resolvem nada”, e ainda declarou não ter sido imunizado. A fala reacende discussões sobre o papel da liderança política na disseminação de informações e levanta preocupações quanto aos impactos na saúde pública.

DECLARAÇÃO SOB A ÓTICA CIENTÍFICA

A afirmação de que vacinas “não resolvem nada” contraria o consenso científico internacional. Desde o início da pandemia, as vacinas contra a COVID-19 passaram por rigorosos testes de segurança e eficácia. Estudos publicados em revistas como The Lancet e New England Journal of Medicine demonstraram que as vacinas reduziram significativamente as hospitalizações e mortes, inclusive no Brasil.

DISCURSO ANTIVACINA E NEGACIONISMO

A fala de Bolsonaro se insere em uma lógica de negacionismo científico. O discurso antivacina, quando parte de figuras públicas com grande alcance, contribui para a hesitação vacinal, enfraquecendo campanhas de imunização e colocando em risco a cobertura coletiva, que depende de altas taxas de adesão.

A I-RESPONSABILIDADE DO EX-PRESIDENTE

Líderes eleitos – mesmo após deixarem o cargo – carregam a responsabilidade ética de promover o bem-estar coletivo. Ao deslegitimar uma das principais estratégias de combate à pandemia, Bolsonaro não apenas reforça sua postura durante a gestão da crise sanitária, como também ameaça a confiança nas instituições de saúde. A declaração dita ontem por Jair Bolsonaro contraria orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde, que reforçam que a vacinação salvou milhões de vidas.

CONSEQUÊNCIAS POLÍTICAS E JURÍDICAS

A postura antivacina de Bolsonaro já foi objeto de investigação na CPI da Pandemia e pode voltar a ser analisada no contexto das ações que correm contra ele no STF. Especialistas em direito público e penal argumentam que discursos dessa natureza, quando provocam impacto direto em políticas públicas de saúde, podem configurar omissão dolosa ou até crime contra a saúde pública, a depender do contexto e das consequências práticas.

IMPACTO SOCIAL E DESINFORMAÇÃO

A influência do ex-presidente sobre parte significativa da população ainda é evidente. Pesquisas de opinião apontam que uma parcela relevante de brasileiros ainda rejeita vacinas ou as considera desnecessárias. O discurso de ontem durante a entrevista contribui para esse cenário, alimentando a desinformação em tempos em que a confiança na ciência e nas instituições é vital.

A declaração de Bolsonaro, além de infundada, representa um risco simbólico e prático à saúde coletiva. O episódio reforça a necessidade de responsabilização pública por falas que distorcem dados científicos e atentam contra o direito fundamental à saúde – especialmente em um país com histórico exemplar de programas de vacinação. Na entrevista concedida ontem ao UOL, o ex-presidente Jair Bolsonaro voltou a afirmar que “as vacinas não resolvem nada”. A frase, além de incorreta do ponto de vista científico, revela um padrão preocupante: o uso da influência política para reforçar desinformação em um tema que exige responsabilidade – a saúde pública.

As vacinas contra a COVID-19, como se sabe, foram responsáveis por salvar milhões de vidas no mundo inteiro, inclusive no Brasil. Sua eficácia foi atestada por instituições sérias, como a OMS e a Anvisa. Quando um ex-chefe de Estado renega isso, contribui diretamente para o enfraquecimento da confiança pública na ciência e nas políticas de imunização.

Mais do que uma opinião polêmica, trata-se de um discurso perigoso, que mina os esforços coletivos de enfrentamento a pandemias. Há uma fronteira entre liberdade de expressão e incentivo à desinformação – e ela precisa ser respeitada, principalmente por quem já ocupou o cargo mais alto da República. Repetindo: o ex-presidente Jair Bolsonaro reiterou sua postura antivacina ao declarar que “as vacinas não resolvem nada”. Tal afirmação, além de cientificamente infundada, reflete uma tendência de desinformação institucionalizada que marcou a gestão federal da pandemia entre 2020 e 2022. Segundo estudo da Fiocruz (2023), as vacinas evitaram cerca de 550 mil mortes no Brasil. A OMS e o CDC (EUA) estimam que globalmente mais de 20 milhões de vidas foram salvas graças à vacinação.

Por fim, a promoção de discursos negacionistas por lideranças políticas pode ser compreendida como obstáculo à implementação de políticas públicas eficazes. À luz do direito à saúde (art. 6º e art. 196 da Constituição Federal), declarações dessa natureza merecem análise crítica e possível responsabilização jurídica.

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Por L. Pimentel – Jornalista FESC

 

Redação
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