“Enquanto o corpo adoece, a alma é esquecida. Este é um alerta sobre como o desânimo, a covardia e os vícios estão corroendo silenciosamente o valor humano”
A sociedade moderna vive uma epidemia silenciosa que não se limita à saúde física, mas corrói a alma, os valores e o propósito de milhares de pessoas. Falo do desânimo, da covardia e dos vícios – três fenômenos que atuam como agentes paralisantes da dignidade humana. São como vírus comportamentais que cegam, isolam e, tragicamente, antecipam a morte de muitos em vida.
Enquanto buscamos respostas científicas e psicológicas para esses males, é necessário observar também a sabedoria espiritual e moral que, ao longo dos séculos, já alertava sobre os riscos da autossabotagem. A Bíblia, por exemplo, afirma: “Deus não nos deu o espírito de covardia, mas de poder, de amor e de moderação” (2 Timóteo 1:7). Essa afirmação rompe com qualquer ideia de resignação ou apatia como destino inevitável. A falta de ânimo, muitas vezes naturalizada, precisa ser confrontada com coragem e responsabilidade.
O vício é, talvez, a face mais cruel dessa degeneração existencial. O álcool e o cigarro, legalizados e amplamente consumidos, continuam sendo portas de entrada para outros comportamentos destrutivos. Já a maconha, frequentemente relativizada como inofensiva, serve de trampolim para drogas mais potentes como a cocaína e o crack – que, por sua vez, destroem famílias, empregos e o próprio senso de realidade. A advertência bíblica não poderia ser mais clara: “O vinho é escarnecedor, e a bebida forte alvoroçadora; todo aquele que por eles é vencido não é sábio” (Provérbios 20:1).
Mais do que um problema de saúde pública, o vício é uma violação do próprio valor humano. O apóstolo Paulo escreveu: “Não sabeis que sois o templo de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós? Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá; porque o templo de Deus, que sois vós, é santo” (1 Coríntios 3:16-17). Destruir-se com vícios é, portanto, um ato de desrespeito à própria essência da vida.
Outro componente dessa espiral descendente é a preguiça, muitas vezes camuflada sob o nome de procrastinação ou cansaço crônico. Quando somada à ansiedade, torna-se um terreno fértil para o surgimento da depressão — uma das principais causas de morte precoce em todo o mundo. O livro de Provérbios, em tom direto, alerta: “Ó preguiçoso, até quando ficarás deitado? […] Assim sobrevirá a tua pobreza como um ladrão, e a tua necessidade como um homem armado” (Provérbios 6:9-11).
O resultado é o surgimento de uma geração desorganizada emocionalmente, socialmente apática e culturalmente desconectada de qualquer senso de propósito. São pessoas que vagam em vida, como “mortos-vivos sociais”, esperando por algo que não sabem nomear — e que, muitas vezes, jamais chegará se não houver reação. Para isso, a fé e a esperança também são armas. “Sê forte e corajoso; não temas, nem te espantes, porque o Senhor teu Deus é contigo por onde quer que andares” (Josué 1:9), diz um dos trechos mais inspiradores das Escrituras.
“Se o corpo é templo de Deus, o vício é um ataque direto à dignidade humana.”
É evidente que combater esses fenômenos exige muito mais do que campanhas ou discursos prontos. Requer uma mudança profunda de cultura, hábitos e valores. O cuidado emocional, psicológico e espiritual precisa caminhar junto com ações públicas eficazes. E, acima de tudo, é preciso resgatar o senso de propósito — aquilo que reacende a luz da dignidade onde hoje reina a escuridão do abandono interior.

JOSÉ SANTANA é jornalista e gestor público, com especialização em Direito Constitucional e Direito Administrativo pela Universidade Uninter. Com uma carreira marcada pelo compromisso com a análise crítica e o aprofundamento de temas sociais, políticos e espirituais, atua como editor no portal Folha do Estado, veículo com 25 anos de tradição no jornalismo investigativo e técnico em Santa Catarina. Autor de artigos reflexivos e propostas de reforma constitucional. José também desenvolve conteúdos para podcasts, vídeos e publicações acadêmicas, sempre com foco em ética, cidadania e transformação social.











