Se para administrar uma empresa é preciso experiência, formação profissional e prova de competência, por que para governar uma cidade ou gerir bilhões em recursos públicos aceitamos candidatos sem preparo algum?
Empresas selecionam, a política improvisa
Nas organizações privadas, especialmente em multinacionais, a escolha de um líder é um processo rigoroso. Avaliam-se, formação acadêmica, histórico profissional, experiência em gestão, visão estratégica e resultados comprovados. Há entrevistas, análises de conduta, testes e filtros severos de integridade.
Na política, o caminho é outro: prevalecem os jogos de interesse partidário, a popularidade momentânea, a capacidade de oratória e o poder econômico. Em muitos casos, a qualificação técnica e a experiência são fatores secundários. O marketing substitui o mérito.
O contraste alarmante
A contradição é evidente: para gerir empresas privadas – que administram patrimônios restritos – exige-se preparo rigoroso. Já para governar cidades, estados e a própria União – onde estão em jogo recursos bilionários e a vida de milhões de pessoas – aceita-se como suficiente a habilidade de conquistar votos.
Não surpreende, portanto, que a consequência dessa lógica seja previsível: gestões ineficientes, descrédito das instituições e frustração popular.
Repensando a elegibilidade
A Constituição Federal assegura que todos podem votar e ser votados, um princípio fundamental da democracia. Mas é hora de discutir ajustes. Não se trata de restringir direitos, mas de qualificar a representação política.
Portanto, sugiro ao parlamento a PEC, que precisa de um ajuste para introduzir critérios técnicos de qualificação e ética seria feita como adição de um parágrafo (por exemplo, §3º) ao Art. 14 da CF, mantendo o princípio de que todos podem votar e ser votados, mas estabelecendo pré-requisitos mínimos de capacidade e experiência para registro de candidatura.
É inaceitável que alguém sem qualquer experiência em gestão, que nunca administrou sequer uma pequena empresa, possa assumir a responsabilidade de comandar orçamentos bilionários.
A proposta é clara: a seleção de candidatos precisa ser técnica e independente, antes mesmo do registro eleitoral. Os partidos, como filtros democráticos, deveriam adotar critérios semelhantes aos da iniciativa privada. Isso incluiria:
- Avaliação de experiência em administração ou gestão pública;
- Verificação de conduta ética e integridade;
- Testes básicos sobre orçamento, legislação e políticas públicas;
- Entrevistas e análises de competências de liderança.
AVANÇO CIVILIZATÓRIO
Esse modelo não eliminaria o direito de concorrer, mas criaria pré-requisitos mínimos para quem deseja disputar o voto popular. A democracia não pode ser confundida com permissividade total. Para gerir a coisa pública, é justo exigir o mesmo rigor que se cobra de um executivo privado.
Implementar tal filtro, não seria um retrocesso democrático, mas um avanço civilizatório. Afinal, se confiamos bilhões de reais e o destino de milhões de cidadãos aos gestores públicos, por que aceitamos critérios tão frouxos para escolhê-los?