Dados do Instituto Sou da Paz revelam aumento alarmante no feminicídio.
No ano de 1921, homens brancos massacraram a população afro americana da cidade de Tulsa, nos Estados Unidos. Foi um massacre racial, motivada pelo ódio ou aversão à humanidade de cor negra, crime que foi e continua sendo encoberto pelos homens brancos dominantes.
A misoginia (aversão ou ódio contra as mulheres), vem sendo observada no Brasil e no mundo, sendo que aqui, o feminicídio tem se mostrado numa espiral crescente, ano após ano. Segundo o Jornal O GLOBO, uma mulher é vítima de feminicídio a cada 17 horas no Brasil.
O que está acontecendo com nossa sociedade? Porque tanta violência contra diferentes? Porque essa violência ao invés de diminuir, está aumentando a cada dia que passa?
Tanto os crimes raciais quanto os crimes contra os gêneros, são decorrentes da “objetificação” que as comunidades dominantes, aplicam em face dos negros, mulheres, LGBTS, estrangeiros, migrantes e tudo o mais que represente para eles, o compartilhamento de poder das castas mais dominantes.
A chaga nefasta do período da escravatura, fazia de seres humanos negros, meros objetos passiveis de apropriação; ou seja, eram tratados como objetos e não sujeitos de direitos em igualdade a qualquer outro ser humano.
Assim da mesma forma, hoje se vê o mesmo fenômeno, na questão do feminicídio. Os homens se entendem “donos, proprietários” das mulheres, negando-lhes a qualidade de seres humanos e sujeitos de direitos. Veem as mulheres como meros objetos para seu uso e quando percebem que a mesma se liberta ou tenta se libertar dessa nefasta dominação e “objetificação”, eles as agridem achando que tem o direito de fazer isso.
Além das politicas públicas tendentes a prevenir, garantir a segurança das mulheres e punir os perpetradores dos crimes, é urgente e necessário um grande programa de conscientização da sociedade. As Guardas Municipais podem e devem ser instrumentos dessa prevenção, atuando de forma presente para prevenir e garantir a segurança das mulheres, com programas diretamente ligados à elas, como em São Paulo temos o Programa Guardiã Maria da Penha, da Inspetoria de Defesa da Mulher e Ações Sociais, que realiza visitas nas casas, promove o acolhimento em abrigos sigilosos por exemplo.
Mas somente estaremos realmente atacando esse problema criminal, com um grande projeto de conscientização, educação e vigilância, a fim de promover a mudança cultural de opressão, dominação e violência contra as comunidades mais vulneráveis e desprotegidas, trazendo para o cotidiano da sociedade, conceitos de igualdade, cidadania e humanidade, que mostre a inexistência de sentimento de propriedade nas relações interpessoais e que ninguém é objeto de apropriação por nenhuma outra pessoa.
Franklin Karbstein é advogado, Presidente do Conselho de Segurança de Guaianases e radialista. Autor do Livro “Conselhos Comunitários de Segurança” Editora Autografia.