ARTIGO: O FUTURO DO PODER E DA TECNOLOGIA: UM AVISO PARA AS NAÇÕES DO SUL GLOBAL

O nazismo tem como preceito um governo forte e a ideia de que exista alguém que seja o pai da nação e um chefe único

Na posse do 47º presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o megaempresário Elon Musk agradeceu ao público por “fazer isso acontecer”, colocou a mão direita sobre o coração e, em seguida, estendeu o braço direito pra frente, em linha reta. Ele repetiu o gesto para as pessoas posicionadas atrás dele. Muitos usuários da rede social X, que pertence a Musk, compararam o movimento a uma saudação nazista. Claire Aubin, historiadora especializada em nazismo nos Estados Unidos, afirmou que o gesto de Musk foi um sieg heil, ou saudação nazista. “Minha opinião profissional é que vocês estão certos; devem acreditar no que veem”, escreveu ela no X, apoiando aqueles que consideraram o gesto uma referência explícita ao nazismo. Ruth Ben-Ghiat, professora de história na Universidade de Nova York, declarou: “Como historiadora do fascismo, posso dizer que foi uma saudação nazista – e uma bem agressiva, inclusive”.  Disse em matéria publicada na BBC.

Elon Musk pode representar neste cenário bizarro, a figura histórica que exemplificou essa dinâmica, Joachim von Ribbentrop, o ministro das Relações Exteriores do Terceiro Reich. Ele utilizou sua posição de poder para construir uma rede de alianças que solidificou o regime nazista e expandiu sua influência. Antes de se tornar um dos principais arquitetos da diplomacia nazista, Ribbentrop era um empresário bem-sucedido, utilizando suas habilidades comerciais para conectar-se com líderes mundiais. Seu legado nos ensina que o poder, quando mal direcionado, pode resultar em catástrofes de proporções épicas.

O LEGADO DE RIBBENTROP: UM AVISO ATRAENTE E PERTURBADOR

A ascensão de Ribbentrop ilustra como o acesso a recursos e a conexões pode ser utilizado para alcançar objetivos nefastos. Sua habilidade em manipular a diplomacia para favorecer interesses totalitários mostra que a concentração de poder em mãos erradas pode resultar em guerras, opressão e sofrimento humano. As alianças que ele formou não eram apenas acordos políticos, mas pactos que levaram à divisão de nações e ao colapso de valores fundamentais.

À luz disso, devemos observar os paralelos contemporâneos. A influência global de líderes tecnológicos, como Musk, é inegável. Eles não apenas dominam os mercados, mas também moldam narrativas sociais e políticas. Assim como Ribbentrop utilizou sua rede de contatos para alavancar a agenda nazista, hoje, os magnatas da tecnologia têm o potencial de influenciar decisões governamentais e moldar o futuro de sociedades inteiras. Esta era de inovação não é apenas sobre progresso; é também uma questão de ética e responsabilidade.

UM FUTURO EM RISCO: A CONCENTRAÇÃO DE PODER E SUAS IMPLICAÇÕES

A preocupação com a concentração de poder é mais relevante do que nunca. O acesso à informação e ao capital permite que líderes de tecnologia moldem a realidade ao seu redor, potencialmente em detrimento das liberdades democráticas e dos direitos humanos. No entanto, o que diferencia Elon Musk de Ribbentrop é o contexto em que atuam. Enquanto Ribbentrop operava sob um regime totalitário, Musk opera em um mundo democrático, onde suas ações são examinadas sob o olhar crítico da sociedade.

Entretanto, isso não isenta Musk ou qualquer outro líder de suas responsabilidades. A vigilância crítica e a regulamentação do poder são essenciais para evitar que o futuro seja dominado por interesses corporativos em detrimento do bem público. Se não estivermos atentos, o mesmo caminho de abuso de poder que levou a tragédias históricas pode se repetir em novas formas, impulsionado por tecnologias emergentes e uma elite empresarial sem responsabilidade. Como disse Albert Einstein: “O mundo não está ameaçado pelas pessoas más, mas por aquelas que observam e deixam acontecer”.

Além disso, em um contexto mais amplo, procuradores de 20 estados americanos entraram com ações na Suprema Corte contra um decreto que visa expulsar crianças nascidas em solo estadunidense, alegando inconstitucionalidade da Décima Quarta Emenda. Essa ação destaca as tensões em torno das políticas de imigração e cidadania, levantando questões sobre os direitos das crianças e a interpretação da Constituição. A decisão da Suprema Corte poderá ter implicações significativas para o futuro das políticas de imigração e a proteção dos direitos civis nos Estados Unidos.

CONCLUSÃO: UM CHAMADO À AÇÃO PARA O SUL GLOBAL

À medida que nos movemos para frente em direção a um futuro incerto, é crucial que as nações do Sul Global permaneçam vigilantes. Como disse George Orwell: “Quem controla o passado controla o futuro.” O poder, seja político ou tecnológico, deve ser regulamentado e monitorado. Devemos aprender com os erros do passado, onde o poder concentrado levou a um desastroso e trágico legado. A história nos ensina que a verdadeira inovação deve ser acompanhada por um compromisso com a ética e a justiça.

Estamos em um ponto de inflexão. O futuro não está apenas nas mãos de líderes individuais, mas também nas de cidadãos que exigem responsabilidade, transparência e compromisso com o bem comum. A batalha por um futuro onde a tecnologia sirva à humanidade, e não o contrário, começa agora. É um chamado à ação, não apenas para as nações do Sul Global, mas para todo o mundo, para garantir que o progresso não seja uma repetição dos erros do passado, mas sim uma oportunidade para construir um futuro mais justo e inclusivo.

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José Santana: jornalista graduado em Gestão Pública e pós-graduando em Direito Administrativo e Direito Constitucional, MTB: 3982/SC.

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