ARTIGO: COM LÍDERES DO GOLPE AINDA IMPUNES, BRASIL VIRA FÁBRICA DE TERRORISTAS

Só a punição vai livrar o país dessa fábrica de terroristas

Mais um aloprado tentou invadir o prédio do Supremo Tribunal Federal na semana que passou, para proferir ameaças contra ministros da corte. Investigação da Polícia Civil indica que ele “planejava ações extremistas” e, em sua casa foi encontrado farto material para construção de uma bomba. Enquanto os líderes da tentativa de golpe de 2022/2023 não forem punidos, a mensagem é de incentivo a esse tipo de coisa. Imagine, então, se uma anistia passa na Câmara dos Deputados?

O exemplo que vem de cima pode ativar gatilhos de pessoas comuns, como o homem citado acima, eletricista e mecânico em Samambaia (DF), dando um sentido para a sua loucura. Ou sua existência. E uma sensação de que não está cometendo um crime, mas sendo um herói e um mártir.

Ao detonar bombas na Praça dos Três Poderes, em Brasília, e depois se explodir na frente do Supremo Tribunal Federal, em 13 de novembro do ano passado, Francisco Wanderley Luiz, vulgo “Tiu França”, um chaveiro catarinense, candidato derrotado à Câmara dos Vereadores de Rio do Sul (SC) pelo PL, mostrou o que acontece quando punições rigorosas não são dadas a quem tenta derrubar a democracia.

Já, em 29 de dezembro, o corretor de imóveis, Lucas Ribeiro Leitão, de Fortaleza, foi preso após ser detido a caminho de Brasília por equipes da Divisão de Proteção e Combate ao Extremismo Violento da Polícia Civil do DF. Ele confessou que planejava um ataque à capital federal.

E, um dia antes, o advogado Fabrízio Domingues Ferreira ameaçou explodir as sedes da Polícia Militar e da Polícia Federal no Distrito Federal, e disse que já estaria com as bombas. A PM não encontrou explosivos com ele e apontou que estava apenas em surto psicótico.

Como já disse aqui, do ponto de vista prático, pouco importa se os envolvidos tinham problemas mentais ou se estavam profundamente perturbados. Esse tipo de atentado contra as sedes de instituições públicas não eram uma preocupação do país. Eles foram inspirados por aqueles que arquitetaram o golpe em 2022 e permanecem sem punição.

A esses planos, outros podem ser incluídos, como a bomba colocada em um caminhão de combustível para explodir o aeroporto de Brasília na véspera de Natal de 2022. Os envolvidos queriam que as centenas de mortes decorrentes do ato terrorista abrissem caminho para a intervenção das Forças Armadas.

Atentados não foram planejados apenas por civis. O “Punhal Verde e Amarelo” previa o assassinato de Lula, Alckmin e Alexandre de Moraes por integrantes das forças especiais do Exército e quase teve sucesso.

Desde fevereiro do ano passado, Jair Bolsonaro tem pautado o tema da anistia aos “pobres coitados do 8 de janeiro”. Usando a solidariedade aos seus seguidores como justificativa, ele defende, na prática, um projeto de lei que pode vir a beneficiá-lo mais adiante. Tenta convencer que o melhor é um arranjo para não punir ninguém pelos crimes cometidos a fim de “pacificar” o país.

SÓ A PUNIÇÃO DOS CULPADOS É QUE VAI PACIFICAR O PAÍS

Tal como a impunidade do golpe de 1964, um naco de homens fardados que levou muita gente a se aliar ao bolsonarismo em nome de um golpe que, felizmente, acabou não dando certo, mas mesmo assim eles continuam, agora querendo a anistia daqueles que atentaram contra o Estado democrático de direito há dois anos. Esses fatos, se não forem contidos, vão continuar gerando uma fábrica de terroristas nas próximas décadas. Cabe às instituições e à sociedade dar um fim nesse explosivo círculo vicioso.

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Por Leonardo Sakamoto – UOL

 

 

 

Redação
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