FIM DO PIB COMO MEDIDA DE PROGRESSO: O VERDADEIRO DESENVOLVIMENTO DE UMA NAÇÃO

Por José Santana
Por décadas, o crescimento econômico das nações foi medido essencialmente pelo Produto Interno Bruto (PIB), um indicador que calcula o volume de bens e serviços produzidos. No entanto, essa métrica se mostra insuficiente para refletir o verdadeiro desenvolvimento de uma sociedade, pois ignora fatores essenciais como qualidade de vida, distribuição de riqueza e bem-estar social. O caso dos Estados Unidos e da China evidencia essa contradição: enquanto a economia americana é sustentada por um modelo de exploração e concentração de renda, a China utilizou políticas públicas estratégicas para tirar milhões de pessoas da pobreza e promover inclusão social.

O modelo americano: desigualdade e militarização da economia

Os Estados Unidos possuem uma das maiores economias do mundo e riqueza suficiente para garantir moradia, saúde e educação para toda a sua população. No entanto, a máquina estatal impede que essa riqueza chegue aos mais vulneráveis, resultando em um sistema onde trabalhadores são tratados como peças descartáveis de um modelo de competitividade predatória. Essa lógica contribuiu para a ascensão política de Donald Trump, que representa um modelo econômico baseado na exploração e maximização de lucros a qualquer custo.
Além disso, a economia americana é sustentada por um dos setores mais lucrativos do mundo: a indústria bélica. Grandes conglomerados de armamentos mantêm polos industriais voltados exclusivamente para a produção de armas, com dois objetivos claros: a geração e o acúmulo de riqueza para uma elite estratégica e a manutenção da influência geopolítica americana pela força militar.
Essa política se reflete em conflitos armados que marcaram a história recente, como as guerras do Vietnã, das Coreias, do Iraque, do Afeganistão e, mais recentemente, na Ucrânia e em Gaza. Esses conflitos não apenas desumanizam populações inteiras, mas garantem lucros bilionários para um pequeno grupo de empresários e políticos que prosperam às custas da destruição e da miséria.
Internamente, essa estratégia também tem um papel claro: ao manter a economia arrochada e a população sob um constante estado de alerta, o governo americano justifica cortes em programas sociais e a concentração de investimentos em defesa. A narrativa de que “um inimigo externo” ameaça constantemente a soberania dos EUA serve como uma ferramenta de controle social, desviando o foco das desigualdades internas e consolidando um sistema que lucra com o medo e a guerra.

O modelo chinês: inclusão e crescimento social

Em contrapartida, a China adotou um modelo de desenvolvimento voltado para a redução da desigualdade e a inclusão social. Com uma população de 1,5 bilhão de habitantes — cinco vezes maior que a dos EUA —, o país conseguiu tirar 800 milhões de pessoas da extrema pobreza. Esse avanço permitiu garantir moradia, saúde, educação e inclusão digital para uma população duas vezes e meia maior que a dos Estados Unidos.
Enquanto o modelo americano prioriza a concentração de riqueza e o domínio militar, a China investe em infraestrutura, tecnologia e desenvolvimento humano. Ainda que tenha desafios internos e questões a serem debatidas, sua estratégia demonstra que o crescimento econômico pode ser aliado à melhoria das condições de vida da população.

O Brasil e a luta contra a pobreza

No Brasil, a situação dos mais pobres é complexa, mas, em muitos aspectos, ainda apresenta melhores condições do que nos Estados Unidos. Uma pessoa em extrema pobreza no Brasil tem acesso a uma rede de proteção social que inclui acolhimento, alimentação, saúde e inclusão. Além disso, há mecanismos de fiscalização, como o Ministério Público, e uma sociedade civil que pressiona o Estado a garantir políticas sociais. Nos EUA, em contrapartida, os cidadãos mais vulneráveis frequentemente caem em um vácuo institucional, sem acesso a programas sociais e expostos a um sistema que criminaliza a pobreza.
A decadência de uma nação pode ser identificada por um conjunto de fatores interligados: o aumento do número de pessoas em situação de rua, a falta de saneamento básico, o crescimento da violência doméstica e policial e o avanço do desemprego. Esses elementos refletem o enfraquecimento do tecido social e a incapacidade do Estado de garantir condições dignas para seus cidadãos.

O PIB não é suficiente: precisamos de um novo indicador de progresso

Diante desse cenário, o PIB de uma nação não pode ser a única medida de progresso. O verdadeiro desenvolvimento deve considerar fatores como:
•A estabilidade e estruturação das famílias;
•O nível de esclarecimento e bem-estar psicológico dos cidadãos;
•A redução da violência e da insegurança social;
•A erradicação da população em situação de rua;
•A ocupação produtiva de áreas estratégicas, como agricultura, indústria e tecnologia;
•O acesso universal a moradia, saúde, educação e segurança econômica.
Diferentes países já exploram alternativas ao PIB tradicional. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), criado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), avalia a qualidade de vida a partir da renda, expectativa de vida e nível educacional. Outra abordagem inovadora é o Índice de Felicidade Interna Bruta (FIB), adotado pelo Butão, que considera o bem-estar psicológico, a governança, a diversidade cultural e a preservação ambiental como fatores essenciais de progresso.
Se uma economia não é capaz de garantir o mínimo para a dignidade de seus cidadãos, sua riqueza torna-se um número abstrato, sem impacto real sobre a sociedade. Um novo modelo de crescimento, que combine prosperidade econômica com desenvolvimento social, pode ser a chave para um futuro mais justo e sustentável.

Considerações

A obsessão pelo PIB como única métrica de desenvolvimento precisa ser superada. O futuro das nações depende de um novo modelo que valorize não apenas a produção de riquezas, mas a sua distribuição e o impacto real na vida dos cidadãos. A China demonstrou que políticas de inclusão podem transformar a realidade de milhões. Os EUA, por outro lado, mantêm um modelo que perpetua desigualdades e sustenta sua economia sobre um complexo militar industrial predatório.
O Brasil tem o desafio de encontrar um caminho próprio, equilibrando crescimento econômico com justiça social. Se quisermos um futuro sustentável, precisamos redefinir o conceito de progresso e abandonar a lógica que enriquece poucos às custas da miséria de muitos.

Sobre o autor

José Santana é jornalista, graduado em Gestão Pública e pós-graduando em Direito Constitucional e Direito Administrativo pela Universidade Uninter. Responsável pelo portal Folha do Estado SC, especializado em jornalismo investigativo e análises técnicas, tem experiência na cobertura de temas políticos, econômicos e sociais. Atualmente, desenvolve pesquisas sobre reformas legislativas, combate à corrupção e o impacto das políticas públicas no desenvolvimento nacional.

José Santana
José Santana
José Santana é jornalista MTB 3982/SC, graduado em Gestão Pública e pós-graduando em Direito Constitucional e Direito Administrativo pela Universidade Uninter.
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