LULA GARANTE RECURSOS PARA O RIO GRANDE DO SUL ATINGIDO POR TEMPORAIS

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, nesta quinta-feira (2), que não faltarão recursos do governo federal no socorro à população do Rio Grande do Sul e na reconstrução de municípios gaúchos atingidos por tempestades e enchentes desde o início da semana.

VÍDEO MOSTRA QUE BOLSONARO E ALIADOS TEMIAM CONSEQUÊNCIAS DE INVESTIDA GOLPISTA: ‘VOU DESCER DA RAMPA PRESO’

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Em julho de 2022 o então presidente alertou sobre a possibilidade de ir parar na cadeia

Reunião ministerial na qual Jair Bolsonaro convoca ministros a agir antes da eleição — Foto: Reproduçãoo O GLOBO.

O vídeo da reunião realizada no Palácio do Planalto, em 5 de julho de 2022, revela o temor do ex-presidente Jair Bolsonaro e de ministros de serem presos em caso de derrota nas eleições. O então chefe do Executivo alertou sobre a possibilidade de ser detido por “ato antidemocrático”, enquanto Anderson Torres, então titular da Justiça, disse que eles iriam “se foder” caso Luiz Inácio Lula da Silva vencesse o pleito. Houve ainda temor entre presentes no encontro, de a reunião estar sendo gravada e as imagens virem a público, como acabou ocorrendo nesta sexta-feira, por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

— Eu não tenho dúvida do que está acontecendo. Não tenho prova de muita coisa, mas não tenho dúvida. (…) Eu tenho que me virar acreditando que vai dar tudo certo ano que vem? Eu vou descer daqui da rampa preso por atos antidemocráticos — disse Bolsonaro.

Esse não é o único momento em que Bolsonaro manifesta preocupação. Quando o general Augusto Heleno, então chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), afirma ter conversado com um diretor da Agência Brasileira de Investigação (Abin) sobre infiltrar espiões em campanhas, Bolsonaro pede para que eles “conversem em particular” sobre o tema.

Na reunião, Anderson Torres diz que todos iriam “se foder” em caso de derrota e que os presentes tinham “medo” porque o cenário era “ameaçador”. O ministro fez referência ainda à ex-presidente interina da Bolívia Jeanine Áñez, presa sob a acusação de participar de um golpe.

— Tem muitos aqui que eu não sei nem se têm estrutura pra ouvir o que a gente está falando aqui. Com todo o respeito a todos. Mas eu queria começar por uma frase que o presidente colocou aqui, que eu acho muito verdadeira(..). Senhores, todos vamos se foder! (sic). Eu quero deixar bem claro isso. Eu quero que cada um pense no que pode fazer previamente porque todos vamos se foder (sic). Não tenho dúvida disso — declarou Torres.

TEMOR POR GRAVAÇÃO

O então ministro da Justiça disse que todos tinham um medo “velado” diante do que considerou uma “ameaça”:

— Existe o medo, presidente, velado, hoje, e todos aqui têm esse medo. Realmente é ameaçador o que está acontecendo. Do lado de lá, é ameaça direta, de lá para cá.

Secretário de Segurança do Distrito Federal durante os atos do 8 de janeiro, Torres estava nos EUA no dia dos ataques. Ele voltou ao Brasil no dia 14, foi preso e solto 117 dias depois, em maio.

Em um outro trecho, Bolsonaro sinalizou aos presentes que o encontro não estaria sendo gravado por completo e que teria mandado gravar apenas a fala dele. No momento, o ex-ministro-chefe da Controladoria-Geral da União, Wagner Rosário, interrompe a própria fala para questionar:

— A reunião está sendo gravada? — pergunta Rosário, que recebe um “não” do ex-ministro da Casa Civil Walter Braga Netto e a sinalização de negativo com os dedos do presidente.

TOM DE DESABAFO: O QUE ALEGAM OS PRESENTES NA REUNIÃO GOLPISTA COM BOLSONARO

Em 5 de julho de 2022, o então presidente Jair Bolsonaro (PL) convocou uma reunião com integrantes do primeiro escalão do governo federal à época, além de assessores e outras figuras próximas. O encontro, cuja gravação foi encontrada por agentes da Polícia Federal em um computador do tenente-coronel Mauro Cid — que na ocasião exercia a função de ajudante de ordens da Presidência —, “revela o arranjo de dinâmica golpista, no âmbito da alta cúpula do governo”, de acordo com a PF. Entre as justificativas fornecidas por quem presenciou as tratativas antidemocráticas, há quem fale em “tom de desabafo” por parte do ex-presidente ou alegue não ter lembranças sobre o teor das conversas.

VEJA O QUE DIZEM AS DEFESAS DE PERSONAGENS ENVOLVIDOS NO CASO

Jair Bolsonaro

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi apontado pela PF como um dos organizadores da reunião de cunho golpista realizada em julho de 2022. Os investigadores ainda teriam encontrado na sala que ele utiliza na sede do PL um documento de teor golpista em que determinava um estado de sítio no Brasil e a implementação de um decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO).

A defesa do presidente não se pronunciou sobre a gravação da reunião de 5 de julho de 2022, encontrada em computador do tenente-coronel Mauro Cid. Sobre o documento, a defesa do ex-presidente afirmou ao blog da jornalista Julia Duailibi, do g1, que o ex-presidente “não tem o costume de fazer a leitura de textos no próprio telefone celular, certamente em razão das dimensões limitadas da tela e a necessidade hodierna de uso de lentes corretivas, razão porque pediu à sua assessoria a impressão do documento em papel”. Segundo os advogados, o conteúdo é o mesmo já apreendido anteriormente pela PF no celular de Cid.

VEJA OS ALVOS DA OPERAÇÃO QUE MIRA BOLSONARO E ALIADOS

Filipe Barros

No encontro, o deputado federal Filipe Barros (PL-PR) foi o primeiro a falar após Bolsonaro. Ele acusou um servidor do TSE de demorar a entregar dados do sistema de votação depois de um suposto ataque hacker. Ao GLOBO, ele afirmou que o presidente à época pediu que todos os ministros “reforçassem o apoio público a pautas defendidas pelo governo”, entre elas, a PEC do voto impresso.

-Em tom de desabafo, mas fiel ao ordenamento constitucional, o presidente Jair Bolsonaro pediu a todos seus ministros que reforçassem o apoio público a pautas defendidas pelo governo. Entre elas, a PEC do voto do impresso, da qual fui relator e, por estar nessa condição, passei brevemente pelo encontro – que, aliás, não aconteceu na surdina, como é praxe dos que hoje sentam no Planalto. Por poucos minutos, atualizei todos os ministros sobre o tema. A minha participação se resumiu a isso”, disse.

Marcelo Câmara

Presente na reunião, o tenente-coronel Marcelo Câmara foi preso preventivamente nesta quinta-feira pela Polícia Federal, que o apontou como integrante do núcleo de inteligência paralela que teria monitorado o itinerário, deslocamento e localização do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), com o objetivo de captura e detenção após a assinatura de um decreto de golpe de Estado. À época, ele era assessor especial de Jair Bolsonaro. Por meio de seu advogado Luiz Eduardo Kunts, o tenente-coronel Marcelo Câmara disse não se recordar dos fatos ocorridos durante a reunião de teor golpista.

– Não temos lembranças deste fato. Com o acesso aos elementos de prova que estão nos autos, faremos um exercício de memória e poderemos responder a este e outros temas que sejam relevantes – afirmou o advogado ao GLOBO.

Paulo Sérgio Nogueira

Ministro da Defesa de Jair Bolsonaro à época da reunião, o general Paulo Sérgio Nogueira afirmou na reunião de cunho golpista que a pasta estava na “linha de contato com o inimigo” ao participar da comissão eleitoral do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Na ocasião, ele disse:

— O que eu sigo nesse momento é apenas na linha de contato com o inimigo. Ou seja, na guerra, tem a linha de contato, linha de partida, vou romper aqui e iniciar a minha operação. Eu vejo as Forças Armadas e o Ministério da Defesa nessa linha de contato. Nós temos que intensificar e ajudar nesse sentido para que a gente não fique sozinho no processo. Ao GLOBO, o Exército afirmou que o general Paulo Sérgio Nogueira se encontra na reserva, e o Centro de Comunicação Social “não possui seu contato”.

Mauro Cid

O tenente-coronel Mauro Cid, que à época atuava como ajudante de ordens de Bolsonaro, firmou delação premiada com a Polícia Federal no ano passado. O vídeo da reunião de teor golpista foi encontrado em um computador do militar apreendido pela PF.

À Globonews, a defesa do tenente-coronel Mauro Cid, então ajudante de ordens da Presidência da República, afirmou que Cid era “apenas um secretário”. Cezar Bitencourt, advogado de Cid, afirmou que “ficou claro quem manda” nos militares e ex-ministros investigados pela Polícia Federal por planejarem um golpe de Estado. “O Cid não tem essa capilaridade toda. Todo mundo viu a sessão do Bolsonaro determinando ordens, investigação, faz isso, faz aquilo. O Cid era apenas um secretário. Cumpria ordens e fez o seu papel como secretário […]. Essa reunião do Bolsonaro é extraordinária. Quer prova melhor que isso?”, disse.

Outros integrantes da reunião

José Victor Santini, então assessor especial da Casa Civil, não quis se manifestar sobre a reunião. O ex-ministro Paulo Alvim (Ciência, Tecnologia e Inovações) e o ex-secretário-executivo Bruno Eustáquio (Infraestrutura) também disseram que não desejam se manifestar a respeito do teor da reunião. O advogado que representa o general Augusto Heleno, Matheus Mayer Milanez, disse que a defesa não irá se manifestar, pois não teve acesso aos autos até o momento.

O GLOBO entrou em contato com Antônio Queiroga, filho do ministro Marcelo Queiroga (este presente na reunião ministerial), abrindo espaço para réplica. Ele comunicou ao pai o pedido de pronunciamento feito pelo jornal, mas não voltou a entrar em contato até a conclusão desta reportagem.

O ex-ministro Paulo Guedes, da Fazenda, foi procurado e não respondeu. O ex-ministro Célio Faria Júnior trabalha hoje como assessor do senador Flávio Bolsonaro: o gabinete do senador foi contatado, mas não respondeu à reportagem. A reportagem procurou José Carlos Oliveira, ex-ministro do Trabalho e integrante da reunião, por meio do INSS, onde é servidor de carreira, mas a assessoria de imprensa não o localizou.

Também foi feito contato com Tatiana Alvarenga (então ministra substituta da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, substituta) pelo gabinete da senadora Damares Alves, onde ela trabalha hoje, mas não houve resposta. O mesmo ocorreu com Daniel de Oliveira Duarte Ferreira (Desenvolvimento Regional), atualmente lotado no gabinete do senador Rogério Marinho.

MORAES CONVERTE PRISÃO DE VALDEMAR COSTA NETO EM PREVENTIVA

O presidente do PL, Valdemar Costa Neto — Foto: Beto Barata/PL. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes converteu a prisão em flagrante de Valdemar Costa Neto em preventiva na tarde desta sexta-feira. A defesa apresentou em seguida um pedido de liberdade do presidente do PL, e o magistrado abriu prazo de 24 horas para a Procuradoria-Geral da República (PGR) se manifestar sobre o assunto.

Valdemar foi alvo de um mandado de busca e apreensão em operação da Polícia Federal realizada nesta quinta-feira. Os policiais encontraram na residência dele um revólver com o registro vencido e uma pepita de ouro de 39 gramas, que não tinha origem declarada. Com isso, ele acabou sendo preso em flagrante por posse ilegal de arma e usurpação de bens da União.

Advogado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Fabio Wajngarten classificou como “vergonhosa” a manutenção da prisão do dirigente. “A não soltura do Presidente Valdemar nesse momento só escancara ainda mais o momento que o Brasil vive. Minha solidariedade a ele, bem como à sua esposa e familiares”, escreveu Wajngarten nas redes sociais. Procurado, o advogado de Valdemar, Marcelo Bessa, não quis se pronunciar.

Segundo a PF, Valdemar é investigado por participar de uma investida golpista para manter o ex-presidente Jair Bolsonaro no poder. Ele também é apontado como um dos principais entusiastas de questionamentos feitos ao sistema eleitoral após as eleições de 2022.

Ao analisar as suspeitas levantadas pela PF, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, informou haver indícios da participação de Valdemar no “sistema delituoso que se apura”. O inquérito em tramitação no Supremo Tribunal Federal (STF) apura os possíveis crimes de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito.

Na decisão que autorizou quatro prisões preventivas contra outros alvos, o ministro do STF Alexandre de Moraes afirmou que Valdemar é tido pela PF como o “principal fiador” dos questionamentos sobre as urnas eletrônicas. O ministro determina ainda que o cacique partidário fique proibido de manter contato com Bolsonaro e com o ex-candidato a vice-presidente pelo PL general Walter Braga Netto, como revelou a colunista do GLOBO Bela Megale.

Depois que Bolsonaro perdeu a disputa em 2022, o partido dele pediu ao Tribunal Superior Eleitoral a verificação do resultado do segundo turno, solicitando a invalidação dos votos de mais de 250 mil urnas.

Além disso, segundo a apuração, o antigo comitê da campanha de Bolsonaro, alugado pelo PL, ficou conhecido como “QG do golpe”. Ao fim do segundo turno, o local era frequentado “por diversos apoiadores do então presidente Jair Bolsonaro entusiastas de uma intervenção militar das Forças Armadas que resultaria na continuidade do então presidente no poder”.

No momento da operação da PF, não havia mandado de prisão contra o dirigente partidário, mas ele foi flagrado em posse de arma com registro irregular. A peça tinha a documentação vencida e estava em nome do filho do político.

Já a pepita de ouro passou por uma perícia preliminar da Polícia Federal, que identificou que o objeto pesa 39 gramas, tem 92% de pureza, foi extraída de um garimpo e é avaliada em R$ 11,7 mil.

CONDENADO NO MENSALÃO

Esta é a segunda vez que Valdemar foi preso. No escândalo do mensalão, após renunciar ao mandato na Câmara dos Deputados em 2005, o político foi condenado pelo STF a sete anos e 10 meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, em dezembro de 2013. No entanto, ele ganhou o direito à prisão domiciliar 11 meses depois.

Por O Globo

Por Sarah TeófiloDaniel Gullino  — g1 Brasília

Por Eduardo Gonçalves e Paolla Serra — Brasilia

 

 

 

Redação
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Portal do notícias Folha do Estado especializado em jornalismo investigativo e de denúncias, há 20 anos, ajudando a escrever a história dos catarinenses.
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