BRASÍLIA: AUTOR DE EXPLOSÕES FOI CANDIDATO A VEREADOR E JÁ HAVIA PUBLICADO AMEAÇAS

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Carla Araújo, Eduardo Militão, Mateus Coutinho e Saulo Pereira GuimarãesDo UOL, em Brasília e São Paulo

O homem que morreu após explosões na Praça dos Três Poderes em Brasília nesta quarta (13) era de Santa Catarina, tinha 59 anos e estava no Distrito Federal há cerca de quatro meses, de acordo com informações obtidas pelo UOL.

O QUE ACONTECEU

Francisco Wanderley Luiz era dono de carro encontrado na Câmara após explosões. A vice-governadora do DF, Celina Leão, não citou o nome de Luiz, mas confirmou em coletiva à noite passada que o homem morto era o dono do carro. “É o nome que está circulando na imprensa”, disse.

Boletim de ocorrência diz que Luiz jogou artefatos que causaram explosão, mas a distância impediu que atingisse o prédio do STF. Um segurança do Supremo relatou aos policiais que o homem mostrou os explosivos que carregava dentro da jaqueta. O catarinense de Rio do Sul foi candidato a vereador em 2020 pelo PL. À época, ele se candidatou com o nome Tiü França e recebeu 98 votos e não foi eleito para o cargo.

Filho afirma que Luiz saiu de Santa Catarina há cerca de quatro meses para trabalhar em Brasília. A família não sabia sobre seu paradeiro.

Ele trabalhou como chaveiro e camelô. À Justiça Eleitoral em 2020, o suspeito informou também ser casado e ter ensino médio incompleto. Não há registro de outras candidaturas dele á algum cargo público desde então. Nas redes sociais, ele se apresentava como sendo empreendedor, investidor e desenvolvedor.

“Deixaram a raposa entrar no galinheiro”, disse o chaveiro ao postar uma suposta foto no plenário do STF. A Corte informou a repórteres do UOL que apura a data exata do registro e a veracidade da imagem. Em publicações no Facebook, horas antes das explosões, Luiz falou em bombas na casa de lideranças políticas. “Cuidado ao abrir gavetas, armário, estantes, depósito de matérias etc.”, escreveu.

Homem foi alvo de processo por “infração de medida sanitária preventiva”. De acordo o MP-SC – Ministério Público de Santa Catarina – em 20 de junho de 2021, ele “promoveu entretenimento” em um estabelecimento comercial e ignorou as medidas de enfrentamento da pandemia então em vigor, promovendo aglomeração de cerca de 80 pessoas. A Justiça entendeu que o homem não poderia ser responsabilizado pela conduta de um grupo de pessoas e ele foi absolvido no caso.

Outro processo pelo mesmo motivo (“infração de medida sanitária preventiva”) foi iniciado contra o homem em 2023. Além desse caso, o MP-SC move desde 2020 um processo por crime ambiental contra o homem. Não há registro de decisões judiciais relacionadas aos dois casos.

Francisco Wanderley Luiz era o dono do carro encontrado no Planalto após as explosões. A governadora em exercício do DF, Celina Leão, não citou o nome dele, mas confirmou à imprensa que o homem morto era mesmo o dono do carro. “É o nome que está circulando na imprensa”, disse. Em Roma, na Itália, o governador Ibaneis Rocha (MDB) negou problemas na segurança e afirmou à colunista do UOL Raquel Landim que “maluco tem em todo lugar”.

Luiz teria circulado pelo anexo 4 da Câmara durante o dia, segundo informação dada aos deputados pelo chefe de segurança da Casa. O local abriga a maioria dos gabinetes dos parlamentares. A entrada no prédio é liberada para qualquer pessoa. Os visitantes precisam passar por um detector de metal, mas não há revistas.

A Câmara estava em votação no momento da explosão no estacionamento. Os deputados discutiam a PEC que amplia a imunidade tributária das igrejas. Com a notícia das explosões, parlamentares reclamaram da continuidade da sessão apesar da “banalização da violência e dos ataques de 8 de Janeiro”, em referência aos atos ocorridos também na Praça dos Três Poderes.

Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) suspendeu a sessão às 21h14 após a confirmação da morte. O deputado manteve os trabalhos até o horário com o argumento de que estava “aguardando o chefe da Segurança da Câmara dos Deputados”.

O STF divulgou uma nota dizendo que “ministros foram retirados do prédio em segurança”. A Corte afirmou que “dois fortes estrondos foram ouvidos”. A sessão do Supremo era sobre operações policiais nas favelas do Rio. A sessão contou com autoridades e representantes da sociedade civil. Por isso, o plenário estava mais cheio do que o normal — na hora das explosões, muitos ainda estavam no prédio.

LULA EM REUNIÃO COM MINISTROS

O GSI (Gabinete de Segurança Institucional) reforçou a segurança dos palácios do Planalto, do Alvorada e do Jaburu, residência do vice-presidente Geraldo Alckmin. O órgão informou que Lula estava bem distante dos locais onde aconteceram as duas explosões.

O presidente recebia os ministros Cristiano Zanin, Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes quando as explosões ocorreram. Eles estavam no Palácio da Alvorada e ficaram em segurança durante todo o período.

A situação se manteve tranquila, segundo a Secom (Secretaria de Comunicação Social). O diretor da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, também estava no local.

Lula viaja para o Rio de Janeiro nesta quinta-feira (14), onde participa do G20. Encontro entre chefes de Estado acontece no centro da capital fluminense e vai tratar das periferias do Brasil e do Mundo. “Deixaram a raposa entrar no galinheiro”, disse o chaveiro ao postar uma suposta foto no plenário do STF.

EPISÓDIO ACONTECE QUASE 2 ANOS APÓS 8 DE JANEIRO

Atos antidemocráticos terminaram em confronto e depredações. Em 8 de janeiro de 2023, apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) marcharam pelo Eixo Monumental e invadiram prédios públicos em Brasília. À época, Congresso, Planalto e STF foram invadidos. As sedes dos poderes Legislativo, Executivo e Judiciário foram alvo dos manifestantes, inconformados com a derrota de Bolsonaro nas eleições de 2022.

Só na Câmara, danos chegaram a R$ 2,7 milhões. No Senado, o prejuízo foi maior: R$ 3,5 milhões. Já o STF teve R$ 12 milhões em danos e mais de 950 itens furtados.

Diante da situação, o presidente Lula (PT) decretou intervenção federal na Secretaria de Segurança do Distrito Federal. Até hoje, invasores de prédios públicos respondem a processos na Justiça por causa dos episódios.

Por Uol – Brasília

 

 

 

 

 

 

Redação
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Portal do notícias Folha do Estado especializado em jornalismo investigativo e de denúncias, há 20 anos, ajudando a escrever a história dos catarinenses.
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