Quem não se lembra do incêndio que matou centenas de pessoas dentro da Boate Kiss, no Rio Grande do Sul? Na época, as investigações revelaram que o poliuretano, usado no isolamento acústico, fez com que as chamas se alastrassem rapidamente.
De acordo com a perícia, esse material é altamente inflamável e também teria sido uma das causas do recente incêndio no CT de treinamento do clube de regatas do Flamengo, onde dez pessoas morreram e outras quatro ficaram feridas.
Em Penha, o poliuretano foi usado na construção de seis salas de aula na escola municipal João Batista da Cruz, localizada no Bairro Mariscal. A obra representa um investimento de R$ 500 mil e atende cerca de 163 crianças em período integral.
De acordo com o projeto, o poliuretano aparece presente nas paredes e painéis de cobertura do prédio. O item também é um dos mais caros do conjunto de engenharia da obra, com custo superior a R$ 100 mil.
Escolas na mira do MP
Em Boa Vista (RR), o Ministério Público (MP) está acompanhando de perto a ampliação de salas de aula da rede municipal de ensino. A preocupação é com os módulos habitacionais em contêineres que reúnem materiais de risco na sua composição, o principal deles o poliuretano. A investigação comprovou que o componente acelerou o fogo que tirou a vida de jovens atletas e funcionários do clube.
Fischer descarta riscos de incêndio
Em conversa com a reportagem do Portal Folha SC, o Gestor de Processos e Qualidade da empresa Fischer, Fausto Zanatta, garantiu que o material utilizado na obra obedece as normas técnicas contra incêndio. “O PIR (polisocianurato) possui na sua composição retardantes a chama. O produto é mais caro do que o PUR (poliuretano), justamente por causa das questões de reação ao fogo”, esclarece.
Critério de escolha do material
A engenheira Civil da Secretaria de Educação, Edimara da Silva, explica que a rapidez de execução do sistema foi o critério para escolha do material no item 5 do orçamento. “Em 30 dias, as seis salas de aula estavam prontas. Analisamos outros sistemas modulares que vem sendo utilizado em nossa região e concluímos que não atenderia a nossa necessidade em relação a dimensão das salas”, justifica a engenheira.
Questionada sobre o item 5 do orçamento da obra que faz referência ao poliuretano, Edimara se limitou a dizer que “não sabia que o PIR (polisocianurato) era derivado do (PUR) poliuretano”. Sobre o valor, a engenheira afirma que, comparado ao sistema tradicional (alvenaria), o custo da obra é “equilibrado”.
“O (PUR) Poliuretano é perigoso e inflamável. Já o PIR (Poliisocianurato) é um Poliuretano modificado representando menor risco de incêndio , no entanto, a fumaça apresenta alto potencial de toxidade”, comparou o engenheiro Carlos Alberto de Moraes.