OS CENÁRIOS QUE EXPLICAM A CRISE DO VAREJO E FECHAMENTO DE LOJAS BRASIL AFORA
O empresário Guilherme Mercês, que é diretor de economia e inovação da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo, fala durante entrevista ao g1, sobre as causas e consequências desta crise.
A vivência de uma pandemia, seguida por uma tensão geopolítica advinda de uma guerra – e com reflexos no mundo todo – jogaram na conta do imprevisível a crise no varejo que vem fechando lojas pelo país — mas que não é uma exclusividade do Brasil.
“Na saída da pandemia, quando todo mundo achou que a gente ia viver um novo momento econômico, veio logo uma guerra e, também com ela, um forte aumento dos insumos, da inflação e da taxa de juros”, analisa Guilherme Mercês.
“Foi todo mundo muito surpreendido, foi um evento, de fato, bastante imprevisível”, disse Mercês, que é diretor de economia e inovação da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo, em entrevista ao podcast O Assunto desta sexta-feira (19).
Mas soma-se a isso, também, a crise das big techs, com demissões em massa, e uma transformação tecnológica que mudou a forma como as pessoas consomem — o consumidor hoje experimenta na loja, mas termina sua compra no site, ou começa no site, passa na loja, e termina no site de novo.
“A gente saiu da pandemia, eu diria com a convicção de que o digital vinha para ficar, que a transformação digital tinha ocorrido. E o que a gente viu foi um boom das empresas de alta tecnologia durante e logo após a pandemia. Quando veio a guerra, isso frustrou todos os planos e hoje a gente vê as big techs no mundo todo demitindo em grande volume”.
A transformação digital também refletiu no cenário que vemos hoje — uma lista que não para de crescer de grandes redes varejistas anunciando o fechamento de lojas e escancarando, assim, uma crise no setor que emprega mais de oito milhões de pessoas.
“O cenário das big techs ilustra muito esse cenário de imprevisibilidade que ocorreu e que impactou todo mundo. Ou seja, o que a gente achava que o mundo estava caminhando para esse lugar, e esse lugar mudou bastante. Hoje, a gente está discutindo o mundo que é um mix entre o digital e o físico que é o que a gente tá chamando de phygital”.