Eleitora teria sido enganada por candidato
Por: Elias Costa Tenório
A Folha do Estado, buscando informações sobre o caso envolvendo o vereador eleito, Marcio Silva (DC), recebeu a informação de que, a pedido do Ministério Público Eleitoral de Itapema, a Polícia Civil abriu Inquérito Policial para apurar a suposta compra de votos por parte do vereador eleito.
Com a oitiva de todos os envolvidos, certamente vai ser muito esclarecido, pois a eleitora acusa que o então candidato Márcio Silva teria repassado a ela cerca de R$ 1.500,00 através de seu primo, o Sr. Thiago, via Pix.
No decorrer do inquérito poderemos ter novas informações. De qualquer forma, fica claro que, ao contrário do que muitos comentam nos bastidores políticos: “Não dá nada”, além de ser uma afronta ao Poder Judiciário, notadamente à Justiça Eleitora, lembramos que, recentemente a Justiça Eleitoral de Santa Catarina cassou uma chapa de prefeito e vice eleitos, justamente por crime eleitoral.
A lição que fica é: Concorrer de forma limpa e honesta no pleito e somente cativar os eleitores por propostas claras e exeqüíveis, e não por ofertar, prometer ou entregar algum benefício aos eleitores.
Neste sentido, não só a Justiça Eleitoral de Santa Catarina, mas também o Ministério Público tem atuado de forma firme no sentido de combater as práticas ilícitas e muito comuns nas eleições e que frequentemente desequilibram o pleito em favor de uns poucos “espertinhos”.
RELEMBRE O CASO:
A Folha do Estado recebeu informações de que uma eleitora estaria descontente com o não-cumprimento por parte de um candidato a vereador que havia sido eleito no último pleito, de acordos feitos verbalmente através de ligações telefônicas e de Whatsapp.
Segundo a eleitora, ela reside no Rio Grande do Sul, mas vota em Itapema. E, durante as eleições havia entrado em contato com o então candidato a vereador, Marcio Silva (que concorreu sob o número 27999, partido DC), para solicitar uma ajuda para que pudesse vir a Itapema votar.
Na expectativa dela, isso poderia ser feito normalmente, pois existem vários dispositivos legais para, por exemplo, contratação de cabos eleitorais. No entanto, após algumas conversas, o candidato teria dito que lhe passaria agora (durante as eleições), R$ 1.500,00 e caso se elegesse, lhe passaria “um valor a mais”.
Só que ele condicionou a “ajuda” em troca dos votos dela e também de que ela atuasse junto à sua família para conseguir mais votos, posto que, sua família seria relativamente grande e com muitos votos.
Então, o candidato Marcio Silva, teria avisado a eleitora através de ligação telefônica que mandaria o dinheiro em troca do voto dela e da família, mas lhe avisou que não podia enviar pelo Pix ou qualquer outro tipo de conta. Ao que avisou a eleitora que ia fazer o saque no valor de R$ 1.500,00, e deixar com o primo dela para que ele lhe repassasse o valor.
Então, Marcio Silva teria levado o dinheiro em espécie para o primo da eleitora, Thiago, que lhe repassou através de Pix o valor de R$ 1.500,00
A eleitora veio a Itapema com antecedência não só para votar, mas também para pedir mais votos em sua família.
No dia da eleição, a eleitora foi votar e, após realizado o voto, enviou mensagem via WhatsApp para o então candidato Márcio Silva, para informar-lhe que havia feito o voto nele, conforme combinado.
Após a contagem dos votos, ela soube que Márcio havia alcançado o objetivo, ou seja, havia sido eleito. Então, passados alguns dias ela entrou em contato com o vereador eleito, Márcio Silva, para solicitar o cumprimento do acordo, ou seja se ele se elegesse, lhe daria mais um valor.
Na data do 13/10 ela teria chamado o candidato eleito, Márcio Silva, pra conversar e pegar o dinheiro que ele havia dito que daria “a mais” caso se elegesse, e ele foi eleito. Neste dia, o vereador eleito Márcio, não só não teria atendido a ligação da eleitora, não respondeu suas mensagens via WhatsApp e a teria bloqueado.
Preocupada com o fato, pois contava com o cumprimento do acordo feito, a eleitora então procurou falar com seu primo Thiago, que, segundo ela, foi quem lhe repassou o dinheiro do vereador eleito Márcio, e ela se surpreendeu, pois o mesmo também já lhe havia bloqueado.
Então, a eleitora passou a se indignar com a situação, pois teria acreditado na promessa do candidato, e agora se via em maus lençóis tendo contado com um valor a mais do que lhe enviara para vir votar nele e tentar cooptar mais votos na sua família.
Com isso, sentiu-se usada e enganada somente para obter votos para um candidato que se elegeu prometendo a ela que daria mais dinheiro caso se elegesse, e não estaria disposto a cumprir com o acordado, uma vez que ela cumpriu com a sua parte.
Ao que ela teria chegado à conclusão de que o candidato a teria usado para se eleger, e possivelmente poderia ter feito o mesmo com mais pessoas, o que a motivou a realizar a denúncia ao Ministério Público Eleitoral, para que futuros candidatos não utilizem ou tentem se utilizar de promessas para supostamente enganar os eleitores.
A Folha do Estado entrou em contato com o Ministério Público Eleitoral na data de 17/10, e recebeu a confirmação de que a denúncia havia chegado àquele Órgão Ministerial e estava em análise.
O QUE DIZ O VEREADOR ELEITO
Entramos em contato com o candidato eleito, Márcio Silva, que nos encaminhou para seu advogado.
Em contato com o advogado de Márcio Silva, ele nos informou o seguinte: “A defesa de Márcio Silva desconhece qualquer denúncia e principalmente porque o candidato fez sua campanha integralmente na legalidade”.
O QUE DIZ THIAGO, PRIMO DA ELEITORA
Entramos em contato com o Sr. Thiago, primo da eleitora, via WhatsApp e não obtivemos resposta. Ao tentar novamente contato por este aplicativo, notamos que a imagem de perfil havia “sumido”. Enviamos mensagem e não chegou, ao que chegamos à conclusão de que o mesmo nos havia bloqueado. Então foi realizada uma ligação telefônica normal através do mesmo número do WhatsApp, ao que ouvimos uma mensagem de caixa postal. Deduzimos que o mesmo poderia ter nos bloqueado até mesmo para ligações normais. Então, utilizamos um outro número de celular para entrar em contato com Thiago, ao que fomos atendidos, questionando o interlocutor com quem estávamos falando, o interlocutor se identificou como sendo Thiago.
Ao lhe questionar sobre a denúncia envolvendo Márcio Silva e o repasse do valor de R$ 1.500,00 Thiago nos disse que “não me envolvo com política”.
Matéria publicada pela Folha do Estado em 22 de Outubro de 2024.
https://folhaestado.com/itapema-eleitora-denuncia-vereador-eleito-por-compra-de-votos/